A intralipoterapia, técnica que implica a injecção de uma solução aquosa nas zonas a tratar e que promove a destruição da gordura localizada permitindo a modelação do corpo do paciente, está a crescer em popularidade na Europa e chegou agora a Portugal.

Alexandra Osório, especialista em Dermatovenereologia e em Dermatologia Estética, é a única médica certificada em Portugal para aplicar o protocolo que associa a intralipoterapia a uma dieta antienvelhecimento. E sublinha que o emagrecimento e o tratamento dos problemas estéticos que podem vir associados à perda de peso devem ser abordados em conjunto. Para responder a essa eterna necessidade de atrasar o relógio e prolongar uma aparência jovem.

Em que consiste a sua dieta antienvelhecimento?

É uma dieta proteinada que tem estudos clínicos e avaliação médica de rigor científico. Começo por avaliar o historial clínico recorrendo a exames, medicação e estilo de vida, para ver o que posso melhorar naquele corpo. O mais engraçado é que ainda há mulheres que têm medo de mudar a imagem, de voltar a ser bonitas ou de ser bonitas. Por vezes, atrevo-me a perguntar porquê e dizem-me muitas vezes que já estão habituadas à sua imagem e que não querem parecer muito mais novas do que os maridos. Desafio-as a trazerem os maridos para os tratar em conjunto. Comecei a desenvolver este método com os meus conhecimentos clínicos e também com a ajuda de personal trainers para perceber o mecanismo dos ginásios e até onde podia ir o culto pelo corpo - e neste caso são principalmente os homens que recorrem à ingestão de esteróides para secar o corpo. E percebi que podia ter bons resultados através de uma dieta mais saudável e com um efeito anti-aging, que evita a flacidez. O anti-aging é basicamente uma renovação da derme através de processos que melhoram os níveis de colagénio e elastina que são a base de sustentação da pele.

E como se processa?

Esta dieta tem várias fases. Há que começar por uma educação alimentar que consiste em fazer com que cada pessoa perceba o que a faz engordar e o que tem de fazer para alcançar bons resultados. A preocupação é evitar a oxidação dos tecidos, portanto a dieta contém muitos antioxidantes para bloquearem as reacções químicas que existem no processo de envelhecimento. Se fizermos exercício físico, damos um grande aporte proteinado às fibras musculares e temos resultados muito melhores se fizermos, por exemplo, uma dieta hipocalórica.

Quer dizer que não há "milagre"?

Claro que não. É tudo uma questão de informação, acompanhamento médico, educação e perseverança. E começa-se por secar o corpo.

O que é "secar o corpo"?

É retirar a vontade de a pessoa mastigar. Ensinar as pessoas a lidar com as suas frustrações, como o facto de não terem o doce ou o salgadinho, e ao mesmo tempo a pessoa está a secar, a perder peso e entusiasma-se.

Quando diz que tira a vontade de mastigar quer dizer que só se ingerem líquidos?

Sim, é mais à base de líquidos. Um pouco à semelhança da dieta líquida que se dá aos doentes em pós-operatório. Aprende-se a beber água, a fazer exercício e pequenos truques para fugir às tentações.

Mas onde entra a intralipoterapia?

É a fase de dieta em que é preciso eliminar as gorduras em excesso. É um procedimento que implica a injecção de uma solução aquosa - denominada Aqualyx - nos tecidos adiposos, cuja composição química contém nanoesponjas, embebidas em soluto biológico. Este soluto, quando introduzido no tecido adiposo, faz libertar, através das nanoesponjas, um "detergente biológico" que irá emulsionar os triglicéridos e o glicerol resultantes da destruição dos fosfolípidos das membranas celulares do adipócito. O resultado é a destruição da massa gorda e a eliminação das "gordurinhas" localizadas. Em média, são necessárias quatro a seis sessões de intralipoterapia para tratar uma zona com excesso de gordura, tendo resultados visíveis cerca de quatro dias após a primeira sessão, e que se traduzem, por exemplo, numa redução de quatro centímetros em cada anca. Cada sessão dura em média 30 minutos.

Por isso, é acompanhada de uma dieta alimentar...

... em que avaliamos a pessoa, vemos o peso e o índice de massa corporal, a taxa gorda que tem e qual o peso ideal para si. Também temos de adaptar a dieta ao estilo de vida e temos de ter em conta as inseguranças das pessoas: umas podem ir mais depressa, outras mais devagar.

E no que diz respeito a contra-indicações?

São as habituais em cirurgias cutâneas: gravidez, infecções crónicas como o HIV, doenças auto-imunes como o lúpus ou a artrite reumatóide, diabetes e todas as afecções agudas da pele.

Quanto tempo demora?

O tempo vai depender dos quilos que uma pessoa precisar de perder. Por exemplo, para perder dez quilos, mínimo de dois meses. Pode ser feita toda de seguida, faseada ou mesmo de forma mais relaxada.

É muito rápida. É mesmo segura?

Completamente. O que faço é acelerar o metabolismo, sem que a pessoa tenha de passar fome, dormir mal ou ficar nervosa. Tudo equilibrado e com as restrições alimentares necessárias a cada caso, que vão sendo aplicadas nas diferentes fases de cada dieta.

Texto publicado na revista Pública de 27 de Novembro