Bruno lisita/Arquivo

As crises nas famílias ajudam a crescer!

Quando pensamos nos momentos de crise que vivemos a nível pessoal ou familiar recordamos sempre algum sentimento de ameaça pela necessidade de mudança que estes momentos exigem, sobretudo pelo receio do desconhecido. Há uma tendência natural de sentirmo-nos presos ao padrão de contextos e relações que conhecemos.

Como nunca podemos antecipar os resultados negativos ou positivos de uma crise, há sempre um aspecto paradoxal inerente, inclusivamente nas próprias definições de crise. Em grego "crise" significa "momento decisivo", o mandarim utiliza as definições de "perigo" e "sorte" e Minuchin (1979) definiu crise como um "momento de ocasião e risco".

Na família. os momentos de mudança correspondem às chamadas crises e implicam frequentemente grande stress na vida familiar. É exigido aos vários elementos uma mudança nos padrões  relacionais, que mais tarde vão ajudar a enfrentar melhor novas situações de crise.

Mudança de casa, entrada dos filhos na adolescência, uma morte na família, situação de divórcio, são entre outros, exemplos de situações que vão exigir novas aprendizagens por parte de todos. A evolução destes momentos variam de acordo com o tipo de acontecimento desencadeante (intensidade, duração); o significado que o indivíduo/família lhe atribui; os recursos internos do indivíduo/família; e a existência de recursos externos que possam fornecer uma ajuda eficaz e rápida, bem como as vivências de crises anteriores.

Mas há sempre um sentimento de estar perante uma encruzilhada, mais ou menos longa, que assusta e paralisa. Algumas famílias reagem muito negativamente a mudanças, olhando-as como sinónimo de desagregação da ordem pré-existente ou um desvio perigoso da funcionalidade da família. Há uma sombra de mal-estar que invade a família como se de uma doença se tratasse. Outras famílias parecem conseguir viver as crises de uma forma mais positiva e saudável, permitindo a expressão do sofrimento e mal-estar como integrantes e indispensáveis ao crescimento e transformação necessários e inevitáveis.

Os adultos responsáveis, geralmente os pais, são impelidos a uma análise criteriosa do problema, de preferência objectiva, com alguma contenção ao nível da expressão dos afectos, até porque se espera que sejam referência para os mais novos. Ou seja, que favoreçam esta expressão como útil à comunicação entre todos, onde seja possível transformar em palavras claras aquilo que se pensa e se sente, com respeito pelo tempo e individualidade de cada um.

Este é um tempo de união de esforços, embora também seja um tempo de reflexão e descobertas individuais que irão permitir um crescimento conjunto.

Quase sempre as famílias, tendo o tempo como aliado, revelam-se competentes para desenvolverem soluções, criando mudanças e novos padrões de relação. Bem como, têm quase sempre a capacidade de discernir o tipo de ajuda que podem precisar, seja junto da família ou amigos mais próximos, seja junto de técnicos dedicados às áreas da família e da saúde mental.

Fundamental é que, em conjunto, a família estabeleça um funcionamento alternativo que certamente trará sentimentos de segurança generalizados, permitindo alcançar um novo equilíbrio, mas agora com mais aprendizagem sobre todos e crescimento para todos!