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Edulcorantes: valem ou não a pena?

A crescente epidemia de obesidade e a consequente preocupação das pessoas com o seu peso têm levado à procura de alimentos que sejam cada vez menos calóricos, mas que ao mesmo tempo sejam agradáveis ao paladar. Dentro destes, existe uma quantidade muito apreciável de alimentos contendo substâncias (os edulcorantes) capazes de conferir um sabor doce sem fornecerem energia. Ou seja, capazes de manter o sabor agradável de alguns alimentos, mas sem acarretarem os problemas associados ao consumo excessivo de calorias.

Dado que este efeito parece, como é vulgar dizer-se, “bom demais para ser verdade”, vamos tentar responder à questão do título, ou seja, se estes edulcorantes são ou não úteis na nossa alimentação.

Os alimentos onde mais de usam estes edulcorantes são as bebidas, nomeadamente em refrigerantes e sumos. São usados em alternativa aos que utilizam o açúcar como substância adoçante e têm normalmente a designação de light, diet ou zero. Nestes casos, a substituição do açúcar resulta num produto que não tem qualquer valor energético. Pelo contrário, uma lata de 33cl de um refrigerante com açúcar pode conter entre 90 e 130 quilocalorias. Para além desta diferença, existe também o facto de que o açúcar ter outros efeitos nocivos para o organismo, especialmente se consumido em bebidas. Entre estes efeitos estão as alterações nas gorduras do sangue e aumento do perímetro abdominal. Assim, o uso de refrigerantes contendo edulcorantes parece ser vantajoso em relação aos tradicionais com açúcar.

Uma questão que surge quando se fala destas substâncias é a da sua eventual toxicidade. Se é certo que toda a substância é tóxica, dependendo da dose utilizada, os organismos internacionais têm definido, para cada um dos edulcorantes autorizados, as doses máximas admissíveis. Estas doses máximas são muito superiores às que se consomem normalmente, existindo assim uma margem de segurança muito confortável. De qualquer modo, alguns destes edulcorantes, utilizados sobretudo em pastilhas elásticas, podem causar o aparecimento de diarreia se consumidos em excesso. Este fenómeno aparece maioritariamente em crianças, quando abusam destas guloseimas.

Alguns estudos recentes apontam para a possibilidade de alguns edulcorantes serem prejudiciais a mulheres grávidas, nomeadamente podendo aumentar a probabilidade de darem à luz antes do tempo. Por este facto, e dado que devemos sempre usar da maior prudência quando tratamos de grávidas, recomenda-se que não sejam consumidos regularmente refrigerantes com edulcorantes durante a gravidez. Tal não significa, no entanto, que devam ser consumidos refrigerantes com açúcar, pois estes podem contribuir para um engordar excessivo da grávida durante a gestação, o que é igualmente prejudicial para mãe e filho.

Em conclusão, podemos dizer que o uso frequente de refrigerantes com açúcar pode prejudicar a saúde de adultos e crianças e que o uso moderado das alternativas contendo edulcorantes é preferível. No entanto, o uso de bebidas sem calorias não protege a nossa saúde dos efeitos negativos de uma alimentação desequilibrada e excessiva. Por isso, devemos sempre consumi-las regradamente e no contexto de uma alimentação saudável.

*Nutricionista e professor
Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação Universidade do Porto
nunoborges@fcna.up.pt