Os produtos para perda de peso são eficazes?
As férias são para muitas pessoas uma altura de tomada de decisões no que diz respeito ao seu peso corporal. É frequente assistirmos a súbitos desejos de emagrecer para exibir uma linha o mais elegante possível durante esta época.
A procura de um efeito rápido leva muitos consumidores a adquirir produtos que alegadamente ajudam a perder peso. Encontramo-los disponíveis em farmácias e outros estabelecimentos ligados à área da saúde, como ervanárias. São na maioria dos casos substâncias derivadas de plantas, normalmente sob a forma de extractos concentrados.
Fazem parte deste grupo de produtos substâncias muito diversas, que alegadamente ajudam a reduzir o peso por mecanismos também diversos. Muitas vezes, os produtos vendidos ao consumidor são constituídos por misturas de várias destas substâncias, pretendendo-se desta forma que os efeitos de cada uma delas se adicionem, tornando a sua utilização ainda mais eficaz.
Mas o que interessará verdadeiramente saber é se existe alguma eficácia em cada um destes produtos, seja quando tomados isoladamente ou, como já referido, em associação. Na realidade, todos os estudos científicos mostram que não existe qualquer vantagem em usar estes produtos, ou seja, nenhum deles é capaz de reduzir o peso de forma significativa e sustentada ao longo do tempo. Esta afirmação contrasta claramente com as alegações presentes, implícita ou explicitamente, nos rótulos e publicidade associada a alguns destes produtos. Reforçamos assim a ideia de que não existe qualquer prova científica válida acerca da eficácia deste tipo de produtos.
Quando pensamos na utilização destes suplementos também devemos considerar as suas desvantagens. Para além do custo de aquisição- que não é de desprezar-, devemos ter em linha de conta dois outros factores: se os produtos têm algum efeito lateral nocivo e se as expectativas não cumpridas que resultam do seu uso podem trazer algum prejuízo.
Quanto aos efeitos nocivos das substâncias, podemos dizer que são raros os casos reportados de problemas quando os produtos são usados de acordo com as recomendações do fabricante. No entanto, não devemos esquecer que se pode criar a ilusão em alguns utilizadores de que tomando maior quantidade de produto que o efeito será maior. Aumenta assim muito o risco de aparecimento de problemas, pelo que se deve sempre evitar esta prática. O problema da “desilusão” com a ausência de efeitos sustentados pode também ocorrer e levar o utilizador a desistir de procurar ajuda no sentido de fazer as alterações ao seu estilo de vida que sabemos serem eficazes (se cumpridas!) que são uma alimentação adequada e a prática regular de actividade física.
Existem também no mercado um outro tipo de produtos, designados por substitutos de refeição, que, pelo contrário, podem ser um bom auxílio na perda de peso, mas a sua utilização deve ser estritamente controlada por um profissional de saúde competente para o efeito, como um nutricionista ou um médico.
Concluímos assim que a perda rápida de peso à custa de um determinado produto não passa de uma miragem. A questão do excesso de peso e da obesidade é muito séria: quem está afectado pelo problema deve procurar ajuda especializada e estar disposto a alterar alguns hábitos da sua vida.
*Nutricionista e professor
Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação Universidade do Porto
nunoborges@fcna.up.pt