MIGUEL MANSO

Redes sociais

Markl pede aos YouTubers que não digam palavrões e gritem menos

"Carta de um pai a YouTubers tentando não ser maçador" é o apelo do humorista que está a circular nas redes sociais.

Nuno Markl pede aos YouTubers portugueses que gritem menos, não digam asneiras e que usem bem o poder que têm. Numa carta aberta publicada no Facebook, na quinta-feira, o radialista e humorista, de 46 anos, não nega a liberdade que cada um tem para dizer o que quer – o próprio recorre a palavrões no seu longo texto –, mas lembra a responsabilidade que estas pessoas têm ao chegarem a tantas crianças e jovens.

O humorista tem um filho de 8 anos, Pedro, que tal como tantos rapazes e raparigas da sua idade vê os YouTubers portugueses a debitarem piadas, a dar conselhos ou a fazer partidas. Até aqui está tudo bem, não fosse a falta de qualidade do que os jovens com acesso ao YouTube publicam e, por isso, Markl decidiu escrever-lhes uma “Carta de um pai a YouTubers, tentando não ser maçador”.

Em primeiro lugar, Markl começa por dar-lhes os parabéns pelo sucesso, empenho e dedicação; e lembra-lhe que “têm o poder” – “Grandes empresas contam convosco para publicidade, milhões de pessoas acompanham todos os dias, a toda a hora, aquilo que vocês têm para oferecer e que é muito: essa é a vossa vida e a vossa profissão.” –, e que há crianças que os seguem.

É por essas, nomeadamente pelo seu filho, que o comunicador da Rádio Comercial pede que gritem menos e digam menos asneiras. “O que me preocupa mais é quando esses gritos – como aconteceu ontem – são acompanhados de exclamações tais como "Filho da puta! Caralho!". Longe de mim ser um moralista de merda – afinal de contas sou co-criador de uma coisa que também está no YouTube chamada Uma Nêspera no Cu. Mas a Nêspera é um programa para adultos.”

O humorista – que no início da carta lembra que fez um esforço para mostrar aos seus superiores que seria mais útil a “dizer coisas espirituosas”, do que a ser jornalista e escreveu para Herman José –, lembra aos YouTubers que sabem para quem estão a falar, “quando dizem as alarvidades que dizem: para miúdos de 8 anos (…) ou com menos ainda”. “Sim, hoje em dia eles aprendem tudo na escola, é um facto. Mas, foda-se – perdão: porra – acho que não vem mal nenhum ao mundo se miúdos de 8 anos puderem ser miúdos por mais um bocadinho e tentar atrasar o gandulo que há neles”, continua.

Quase saudosista, o pai de Pedro lembra que com a mesma idade só tinha dois canais de televisão, brinquedos e livros. “Não estou a dizer que fosse melhor – mas hoje em dia a quantidade de ofertas e estímulos para os miúdos é torrencial. E nessa torrente, vocês deveriam estar gratos – e suponho que estejam – pela fidelidade com que pessoas como o meu filho vos seguem e adoram. Vocês são novos heróis. E, nunca é demais frisar, vocês têm poder.”

Um poder que podiam usar melhor. Por exemplo, continua: “Adoraria que, neste Verão, em vez de exibirem só a vossa piscina, vocês tivessem explicado – da maneira divertida como conseguem fazê-lo – a importância de ajudar os bombeiros. É um exemplo. É provável que a vossa alegria pudesse explicar que há associações de ajuda a humanos e animais sem tecto nem comida, que merecem ser descobertas.” No fundo, o que Markl gostava é que os YouTubers usassem o poder que têm para “contribuir para um futuro francamente menos merdoso que o presente que temos no mundo”.