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Sustentabilidade

As casas ecológicas ganham terreno

Das naturais às de taipa, há cada vez mais variedade de casas ecológicas e uma procura crescente de diferentes tipos de compradores.

Casas saudáveis, casas naturais, casas earthship (ecológicas e à prova de catástrofes), casas off-grid (independentes da rede eléctrica pública), casas construídas em taipa ou casas construídas com fardos de palha – uma grande variedade de casas ecológicas está disponível para um número crescente de pessoas em busca de estilos de vida mais sustentáveis, de acordo com agentes imobiliários.

Estas casas ecológicas não são apenas para quem deseja um estilo de vida mais ecológico ou auto-suficiente – os compradores de casas de luxo também as procuram, dizem os agentes. De acordo com um estudo publicado no início deste ano, pela Sotheby's International Realty, mais de 20% dos novos consumidores de luxo – aqueles que têm entre 220 mil euros a 870 mil euros em bens de investimento – nos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Emiratos Árabes Unidos, Índia e China têm em vista casas ecológicas ou sustentáveis.

As casas de luxo incluem uma propriedade de cerca de 130 milhões de euros com 14 quartos, instalações para os funcionários, spa, pastagens para gado, pista de aterragem, heliporto e sistema de refrigeração e de aquecimento geotermal. 

Hugo Thistlethwayte, que gere o negócio residencial internacional na Savills – uma imobiliária do Reino Unido –, diz que os compradores estão cada vez mais à procura de formas de reduzir os custos de manutenção, especialmente em casas de campo que, por vezes, podem ser um “poço de despesas”. “Se o podem fazer de uma forma ecológica, então querem fazer isso”, diz.

A vontade de cortar despesas e de ser mais ecológico tem sido impulsionada pelo desenvolvimento rápido de tecnologias que permitem diminuir as despesas energéticas – como, por exemplo, painéis solares e o reforço de janelas. 

“Uma casa ecológica realmente boa implica não apenas (nova) tecnologia, mas também as formas de tecnologia mais antigas”, incluindo posicionar as casas, as janelas e a porta de forma a que entre brisa de ar fresco, em climas mais quentes, nota Thistlethwayte. É mais provável que isso aconteça quando as pessoas constroem as suas próprias casas, em vez de as comprarem a construtores. “Os empreiteiros estão preocupados com o visual e em impressionar. É por isso que vemos casas predominantemente com vidros, mas temos de ter cuidado para não se transformarem numa estufa”, diz Thistlethwayte.

Vida ecológica 

No outro lado do espectro, em Portugal, consegue-se uma pequena casa de campo de paredes feitas de lama com lareira, instalações sanitárias de compostagem e água do rio por 50 mil euros. 

Outras opções incluem casas earthship – estruturas fora do sistema eléctrico, desenhadas para usar a luz solar para aquecimento e construídas de materiais naturais ou reciclados, com características como a captação de água. 

“A maioria das pessoas procura uma vida com mais sentido e um estilo de vida mais simples que permita mais tempo para se ligarem ao mundo natural”, diz David Edge, que tem um site de publicidade de propriedade sustentáveis. Inicialmente desenvolveu-o para vender a sua própria quinta independente da rede eléctrica, no sul de Espanha, em 2011. “O sonho de ter o nosso próprio terreno e conseguir sobreviver a partir do mesmo é ainda uma força motriz”, diz.

“Se os compradores querem um estilo de vida urbano, então algumas propriedades modernas e bem concebidas são verdadeiramente excepcionais com a sua utilização de recursos ecológicos para aquecimento e electricidade”, afirma. “Contudo, se procuram o pacote completo, então uma propriedade rural pode ser mais apropriada".

Um estilo de vida sustentável não deve ser encarado de ânimo leve, acrescenta. “Pode requerer muito esforço físico e mudanças de hábitos alimentares, higiene, sono e uso de computadores”. E a poupança de custos nem sempre é directa. “Se esperam que a vida permaneça igual – com energia e água ilimitada –, os sistemas não dependentes da rede eléctrica são bastante dispendiosos”, continua. 

David Edge acrescenta ainda que em países que produzem grandes quantidades de energia de renováveis pode ser menos ecológico as casas terem o seu próprio sistema de energia solar do que estarem ligadas à rede pública. “No entanto, por vezes, as propriedades rurais não têm outra opção”, conclui.