Haute couture
Haute couture: dos americanos em Paris à "coroação" de Lagerfeld
Na semana de apresentação das colecções de haute couture de Outono/ Inverno, marcas americanas juntaram-se ao calendário e Karl Lagerfel recebeu a medalha Grand Vermeil.
Na semana de haute couture em Paris – onde desfilam os designs mais extravagantes e detalhados – só entra quem tem convite. Este ano, marcas americanas como Proenza Schouler e Rodarte receberam entrada no clube exclusivo, enquanto Karl Lagerfel foi coroado rei de Paris.
A semana começou, precisamente, com a chegada dos americanos a Paris. Proenza Schouler decidiu trocar o lugar na semana de moda de Nova Iorque – em Setembro – e apresentar mais cedo a sua colecção de Primavera/ Verão 2018, que assim chega às lojas a partir de Novembro deste ano. Já a marca fundada em 2005 por duas irmãs californianas, a Rodarte, apesar de não ter ainda o reconhecimento oficial de couturier, decidiu também migrar a sua colecção para a capital da moda – e encheu as modelos com gipsófilas (pequenas flores brancas), em forma de acessórios.
"Acho que começámos a sentir que éramos parte de um sistema que já não representa a criatividade", revela Laura Mulleavy, uma das fundadoras, ao New York Times. "Começou tudo a parecer um hábito, em que sabemos que fazemos parte de um sistema."
Na segunda-feira, a colecção apresentada pela Dior – que este ano celebra o 70.º aniversário da sua fundação –, no Musée des Arts Décoratifs, foi buscar inspiração às viagens do próprio Christian Dior. Depois da Segunda Guerra, este percorreu a Califórnia, Tóquio e América do Sul, com as suas peças. "Uma colecção completa deve ter em conta todo o tipo de mulheres de todos os países", lê-se na sua autobiografia, citada pela Vogue.
A terça-feira arrancou com o desfile da Chanel – como sempre, no Grand Palais –, onde foi instalada provisoriamente uma réplica da Torre Eiffel. Afinal, foi nesta ocasião que Karl Lagerfeld recebeu das mãos de Anne Hidalgo, a presidente da câmara de Paris, a medalha Grand Vermeil.
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Sara Sampaio desfilou na quarta-feira, para Zuhair Murad e para Elie Saab – um dos designers que vestiu a modelo portuguesa durante o Festival de Cannes deste ano. Maria Clara também pisou a passadeira em Paris, nos desfiles Proenza Schouler, Rodarte e Dior. Já a colecção de Valentino – com Pierpaolo Piccioli à frente da direcção artística – foi buscar referências religiosas aos quadros de Francisco de Zurbarán (artista do século XVII). O objectivo foi definir um traço comum entre os rituais religiosos e os de haute couture. As imagens de cardinais, bispos e mártires resultaram numa colecção cheia de vestidos em linha A, capas e capuzes. Será difícil não fazer uma associação à série de sucesso da Netflix, adaptada da obra de Margaret Atwood, Handmaid's Tale (em português, A História de Uma Serva).
Na fotogaleria mostramo-lhe alguns dos looks que desfilaram na passadeira durante a semana, que terminou na quinta-feira de manhã, com o desfile de haute joaillerie.