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Recém-nascidos

Casal de médicos ensina filha recém-nascida a usar um bacio

Jeffrey Bender e Rosemary She abdicaram das fraldas e optaram por treinar a filha a usar um bacio, assim que voltaram do hospital. O casal descreve a experiência num artigo publicado pela American Academy of Pediatrics.

Quando Jeffrey Bender e Rosemary She tiveram a terceira filha, optaram por uma via menos convencional e abdicaram por completo das fraldas. Assim que chegaram do hospital com um bebé recém-nascido, o casal de médicos – ela patologista e ele especialista doenças infeciosas pediátricas – começou imediatamente a treinar a filha a usar um bacio.

"Sentimo-nos envergonhados por já termos contribuido com fraldas equivalentes a duas crianças para os aterros do nosso país", escrevem num artigo publicado pela American Academy of Pediatrics. As fraldas reutilizáveis tão pouco apresentavam uma opção viável: além do trabalho acrescido que significaria para os dois pais trabalhadores, iria por sua vez obrigar ao consumo de um grande volume de energia e água.

Foi aí que começaram a questionar se existiria uma alternativa e descobriram o conceito de elimination communication – "a prática de usar os ritmos naturais de um bebé para reconhecer quando precisam de defecar e urinar". A ideia comum de que os bebés o fazem aleatoriamente e constantemente ao longo do dia é falsa, continua o casal. Pelo contrário, os bebés escolhem momentos previsíveis, tais como ao acordar e depois de serem alimentados.

"Identificando estas pistas, quem está a cuidar deles pode coordenar a eliminação na casa de banho, em vez de na fralda", explicam. Essas pistas podem ser, por exemplo, sinais sonoros. Eventualmente, com o tempo e prática, as próprias crianças aprendem a fazer as suas necessidades quando estão na posição correcta.

A prática não é nova – "os seres humanos fazem isto há milénios e ainda fazem em nas áreas com recursos mais limitados", escrevem. "Há tão pouco quanto três ou quatros gerações, a maioria dos americanos faziam-no".

De acordo com as declarações de Bender à Reuters, trocar a fralda pelo bacio pode diminuir o risco de infecções do tracto urinário e de pele. O casal acredita ainda que poderá ser mais fácil para os bebés começar a andar sem o impedimento de uma fralda grossa.

Não é uma prioridade, avisa Dr. Valerie Kimball

Para Dr. Valerie Kimball, professora da Northwestern University, a prática de elimination communication não deve ser anunciada como uma opção melhor, mas sim como uma alternativa para tiver interesse em explorá-la. "Não quereria anunciar isto e ter as pessoas a sentirem-se culpadas. Há tantas outras coisas com as quais preferia que se preocupassem", conta a pediatra à Reuters.

Ao longo dos 14 anos de prática, Kimball consegue contar pelos dedos das mãos o número de pais que a abordaram com questões sobre esta técnica. Não se opõe à mesma, garante, mas só recomendaria para os pais que chegassem ao consultório já com um interesse em experimentar.

Amber Hatch, autora de Nappy Free Baby, faz workshops de elimination communication há vários anos. Ao The Guardian, explica que não tem de ser tudo ou nada. Para os pais que trabalham provavelmente não é uma opção prática durante toda a semana, mas podem, por exemplo, fazer partir do final da tarde ou durante os fins-de-semana.

"Não há regras: façam aquilo que é melhor para os próprios e para o bebé", conclui. A autora, que pratica elimination communication com a filha de sete meses, confessa que utiliza uma fralda de pano como segurança.