Moda, luxo e gastronomia é no JNcQUOI
No novo espaço da Avenida da Liberdade, em Lisboa, mistura-se moda e gastronomia. Em breve chega ao Porto e ao Algarve.
O momento foi único. Poucos dias depois de inaugurar o seu projecto deparou-se com um cliente a comer um simples hambúrguer de 20 euros e a beber um luxuoso vinho Barca Velha, de 176 euros. “Fiquei maravilhado”, diz Miguel Guedes de Sousa, de 52 anos, que em conjunto com a mulher, Paula Amorim, de 46, idealizaram e montaram na Avenida da Liberdade, em Lisboa, um espaço pioneiro no país.
Aqui, ao longo de três andares, juntam-se uma loja de luxo (Fashion Clinic de homem), uma perfumaria, uma sapataria, uma livraria, um bar, uma mercearia, uma garrafeira, uma pastelaria e um restaurante. É o espírito de descontracção e requinte que os dois querem sentir no JNcQUOI (que se lê je ne sais quoi) – onde se mistura moda e gastronomia e muito mais. “É um sitio onde toda a gente se sente bem”, define o proprietário.
Restaurante JNcQUOI já abriu em Lisboa. E traz macarons da Ladurée
A ideia, explica, é proporcionar “elitismo para todos”. Apesar do ambiente de luxo, é possível fazer coisas simples como passear, tomar um café ou beber um bom vinho de 18 euros. Há também quem, entre as 500 variedades de vinhos, peça uma das garrafas de três mil euros. Desde que abriu, Miguel Guedes de Sousa já foi surpreendido por um cliente que, depois de almoçar com os amigos, desceu à Fashion Clinic – que é no piso inferior – e gastou naquele instante mais de 50 mil euros em compras para toda a família (uma conta inédita até então).
Têm surgido muitos clientes estrangeiros, como um russo que pediu quatro ostras que acompanhou de uma garrafa de Cristal, um champanhe de 400 euros. Mas também há portugueses, especialmente do sexo feminino. “Isto tinha tudo para parecer um clube de homens, mas na verdade parece mais um clube de mulheres”, conta o dono do JNcQUOI, onde a Amorim Luxury, da qual Miguel Guedes de Sousa é o CEO e Paula Amorim a chairman, fez um investimento de quatro milhões de euros.
Um dos primeiros a conhecer o novo spot lisboeta foi Valentino. Como sabiam que o estilista estava na altura em Portugal, Guedes de Sousa, ainda antes de o JNcQUOI abrir, decidiu convidá-lo e a um grupo de amigos para um jantar privado. Conhecem-se por se movimentarem no mesmo meio, uma vez que o grupo Amorim tem participação na Tom Ford, a marca de moda de luxo. “Ele adorou o restaurante, e achou excepcional a junção dos três espaços”, conta Miguel Guedes e Sousa, que para decorar o espaço contratou o catalão Lázaro Rosa-Violán. “Gostamos do trabalho dele, já decorou restaurantes de referência como o Boca Grande, em Barcelona, e o Amazonico, em Madrid.”
Depois de o designer ter visitado o espaço, foi a vez de Philip Starck passar por lá. O restaurante tem 90 lugares, um esqueleto de velociraptor mesmo no meio e uma cozinha aberta que foi a zona mais complexa de erguer. “Demorou oito meses a criar, pois foi feita ao detalhe. Fomos com o decorador a Itália à fábrica de material.” O cozinheiro é António Boia, que já passou pelo Ritz e pelo Âlcantara Café: “Acredito muito em cozinheiros e pouco em chefs”, garante Miguel, que diz ter passado por “várias fases gastronómicas”, tendo percorrido a Europa com um amigo para experimentar os restaurantes com três estrelas Michelin. “Fomos a 22.”
Valentino comeu um mil-folhas
Por gostar tanto de gastronomia, é ele quem decide com António Boia o menu. Foi assim no dia em que lá foi Valentino, que comeu primeiro uma tortilla al tartufo, depois um camarão morno sobre azeite virgem e temperado com pimenta e lascas de alho, a seguir um arroz de garoupa e lavagante e de sobremesa um mil-folhas da Ladurée.
É que ali, à entrada do JNcQUOI, existe o primeiro balcão da Ladurée em Portugal, com macarons coloridos e mil folhas. São fabricados em Portugal, por pasteleiros que tiveram de ir a França aprender a fazer os bolos de uma das mais famosas pastelarias de Paris. Para isso assinaram todos um documento em que se comprometiam a manter segredo sobre a receita. Estão a ser um sucesso e todos os dias se vendem dois mil euros entre macarons e mil folhas. Daqui a dois meses, o casal vai abrir o salão de chá da Ladurée na Fashion Clinic de mulheres, que está em obras, perto do novo espaço.
Em todos os recantos surgem surpresas. Quando se chega aos números 182 e 184 da Av. da Liberdade, entra-se num mundo de mármore e de vidros espelhados. Um som suave de música enche os 950 metros quadrados.
No piso intermédio está o Delibar, onde se comem refeições ligeiras, ou se pode comprar produtos na mercearia gourmet. Há uma enorme garrafeira e uma sala climatizada para provas de vinho. Nesse piso está ainda um expositor da editora Assouline. A caminho das casas-de-banho descobre-se uma mesa de som, onde às sextas e sábados é ocupada por um DJ. No primeiro piso é o restaurante e no piso inferior a Fashion Clinic, a sapataria, um cantinho com perfumes e uma montra de charutos.
Em breve, o JNcQUOI estará nas páginas das revistas Condé Nast e Monocle, que já pediram entrevistas. E há outros projectos à vista: um JNcQUOI no Porto e outro no Algarve, por exemplo. Mas não só: o casal está à procura de outro edifício em Lisboa para criar mais um espaço com uma oferta adicional: um hotel.