• Suite Consulaire
    Suite Consulaire DR
  • Suite Consulaire
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  • Suite Protocole
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  • Suite Ambassadeur
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  • Bar do Le Consulat
    Bar do Le Consulat DR
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    Bar do Le Consulat DR
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  • Terraço com vista para a Praça Luís de Camões
    Terraço com vista para a Praça Luís de Camões DR
  • A o espaço de galeria abre com a exposição Panorama
    A o espaço de galeria abre com a exposição Panorama DR
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  • A o espaço de galeria abre com a exposição Panorama
    A o espaço de galeria abre com a exposição Panorama DR
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  • A o espaço de galeria abre com a exposição Panorama
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  • Fachada do edifício, na Praça Luís de Camões
    Fachada do edifício, na Praça Luís de Camões

Cultura

Le Consulat: não lhe chamem hotel

Na morada ocupada durante mais de um século pelo consulado do Brasil em Lisboa, inaugura a 1 de Junho um espaço onde se pode passar a noite e apreciar arte.

O último inquilino foi o Consulado-Geral do Brasil em Lisboa e teve uma estadia de 104 anos – permaneceu na zona do Chiado, mas mudou-se para umas ruas ao lado, em busca de algo mais moderno. Visse o cônsul como está agora o número 22 do Camões, provavelmente teria alguma vontade de regressar à morada antiga. O espaço de 2000 metros quadrados foi recuperado por um casal francês e agora chama-se Le Consulat.

As 16 suites espaçosas – grande parte com vista para a praça lisboeta – indicam que se trata de um hotel, mas o primeiro piso – que é, na maioria, ocupado por várias salas de galeria de arte, pela zona de bar e restaurante e que está aberto ao público –, dá a entender que é, mais do que isso, um projecto cultural. Até porque cada quarto tem a curadoria de uma galeria lisboeta diferente, inclusive de Cristina Guerra, Filomena Soares, Pedro Cera e 3+1.Os hóspedes podem conviver com as obras de arte e levá-las para casa, se assim entenderem – todas estão à venda.

Do primeiro ao terceiro piso do edifício há vinho, comida, música, artes plásticas e decoração. A ideia, explicam os mentores do projecto, François Blot e Valerie Guérend, foi recuperar o espírito do Chiado na época de Fernando Pessoa, juntando pessoas, artistas e ideias de diferentes países – neste caso, de Portugal, Espanha, França e Itália.

Vão poder fazê-lo ao sabor das criações de André Magalhães, chef da Taberna das Flores, que passa agora a saltar entre as duas moradas do Chiado. A Taberna Fina – que abre brevemente – será uma espécie de continuação do restaurante de petiscos portugueses que nem a 100 metros de distância está – na rua que lhe deu nome –, com um conceito semelhante, mais refinado. Nas salas adjacentes, está o bar e um pequeno espaço para tomar um copo de vinho e petiscar, o Aperitivo Bars à Vins – que tem como consultor André Ribeirinho, do projecto Adegga.com

"Quando falamos de cultura, falamos de uma forma abrangente", conta Valerie. "Vamos convidar, por exemplo, produtores de vinho de França ou de Itália e os melhores cozinheiros para virem cá e trabalhar com o André."

A zona de galeria de arte do 1.º piso, composta por cerca de meia dúzia de salas, abre com a exposição Panorama, que junta 14 artistas emergentes – até 25 de Agosto. Entre eles está, por exemplo, Ana Caetano, uma ex-bailarina que fez parte do Ballet Gulbenkian e trocou os tutus por tubos de tinta. A curadoria do espaço artístico ficou a cargo de Adelaide Ginga.

O Le Consulat abre oficialmente as portas no dia 1 de Junho. O alojamento varia, em área, entre os 36 metros quadrados da Suite Premium e os 145 da Suite Ambassadeur. Quando ao preço médio, vai dos 180 aos 480 euros por noite, pelas respectivas suites.

As paredes dos quartos estão forradas com obras de alguns dos artistas portuguesas mais conceituados e, de resto, a decoração foi realizada com a ajuda de Luís Mangas, proprietário da loja Muito Muito, no LX Factory.

"Os meus avós, quando viram fotografias disseram 'é como o teu quarto', dá para ver o toque dos teus pais na decoração", brinca Marie, a filha mais velha do casal, que trabalha agora com os pais.

Foi Lisboa que escolheu

François e Valerie, dividem hoje o tempo entre Lisboa e Barcelona. Trabalham juntos há 25 anos: fundaram uma das primeiras revista parisienses sobre galerias de arte, a Rive Droit - Rive Gauche, organizaram eventos e fundaram ainda o guia Arts Program sobre museus, "na altura em que os museus começaram a ter boutiques, restaurantes e coisas desse género". Tentaram "abrir as portas dos museus às pessoas", recorda Valerie – uma ideia que está presente também no Le Consulat.

Paralelamente, fundaram há alguns anos um negócio de venda de seguros online, que opera em Espanha e França. Chegaram a abrir escritórios em Lisboa, no quarto piso do mesmo edifício – que agora é uma livraria. Foi assim que descobriram que o consulado estava de malas feitas: viram aí uma oportunidade e decidiram arriscar. "Não escolhemos [o sítio], [este] veio ao nosso encontro. Tenho reparado que na vida, assim como nos negócios, é muitas vezes assim: conhecemos alguém, num sítio e acontece". Além disso, continua Valerie, "gostamos da cultura e sentimo-nos bem aqui".

As obras de renovação mantiveram toda a configuração original por edifício. Pelo caminho, descobriram-se algumas pérolas que estavam forradas a madeira na época em que os escritórios do consulado recebiam os cidadãos brasileiros, como o tabique da estrutura de gaiola pombalina e os azulejos da zona das antigas chaminés.