• As termas de Chaves ficam à beira-Tâmega
    As termas de Chaves ficam à beira-Tâmega DR
  • Há seis piscinas à disposição no Aquae Terma&Spa
    Há seis piscinas à disposição no Aquae Terma&Spa DR
  • Pode beber-se gratuitamente água quente terapêutica, que jorra a 76ºC
    Pode beber-se gratuitamente água quente terapêutica, que jorra a 76ºC DR
  • É neste espaço, chamado “buvete”, que se oferece a água aos visitantes
    É neste espaço, chamado “buvete”, que se oferece a água aos visitantes DR
  • O calor da água é aproveitado para que a temperatura do ar seja sempre confortável
    O calor da água é aproveitado para que a temperatura do ar seja sempre confortável DR
  • O espaço dispõe de 22 banheiras com hidromassagem
    O espaço dispõe de 22 banheiras com hidromassagem DR
  • Onze duches Vichy são acompanhados de massagens de relaxamento ou de tratamentos vários
    Onze duches Vichy são acompanhados de massagens de relaxamento ou de tratamentos vários DR
  • As piscinas lúdicas podem ser frequentadas por crianças (com a companhia de adultos)
    As piscinas lúdicas podem ser frequentadas por crianças (com a companhia de adultos) DR
  • Vista nocturna do edifício (com cinco pavilhões) do arquitecto Januário Godinho
    Vista nocturna do edifício (com cinco pavilhões) do arquitecto Januário Godinho DR

Aquae, Termas&Spa

Ir a Chaves é (também) ir às termas

Chamam-se Aquae e ficam à beira-Tâmega. Ali, as águas brotam quase a ferver (76ºC) e fazem “milagres”. Ir a Chaves e não ir às termas é como ir ao Vaticano e não ver Francisco.

O pretexto que nos conduziu a Trás-os-Montes foi o de acompanhar o Ponte Escrita, Encontro Luso-Galaico de Escritores, que realizava a 2.ª edição.

Mas não era possível estar na cidade da água sem mergulharmos nas águas termais de que a região beneficia há mais de dois mil anos. Começámos por bebê-la quente, oferecida no jardim que circunda os cinco pavilhões interligados que formam o edifício das termas (do arquitecto portuense Januário Godinho).

Sob uma estrutura circular ampla e ajardinada (chamada “buvete”), vamos ao encontro de Verónica, a tímida guardiã da bica que jorra incessantemente água a 76ºC. Explica-nos que a água é “bicarbonatada, rica em minerais, sobretudo sódio, sílica, fluoreto e hidrogenocarbonato”. Traduzindo para o que nos interessa: “Estimula as funções metabólicas e orgânicas, tem um elevado efeito anti-inflamatório e antiálgico [combate a dor], é descontracturante e facilita a função articular.”

Não temos motivos para duvidar do que nos dizem ou escrevem nos folhetos, mas, mesmo que o discurso fosse outro, não resistiríamos ao convite de imergir na banheira de hidromassagem e de desfrutar de um banho Vichy acompanhado dos “maus tratos” das mãos de uma eficiente terapeuta que ali trabalha há 13 anos.

Perguntámos-lhe o nome, é certo, mas no meio do relax não o conseguimos fixar, menos ainda anotar. Mas lembramo-nos de que lhe dissemos que era bonita e lhe perguntámos: “É feliz aqui?” Resposta: “Sou. Gosto mesmo do que faço.” Parecia falar verdade.

Termas reabriram há dois anos

O espaço reabriu em Março de 2015, depois de um período de encerramento para obras de renovação e melhor aproveitamento energético, “utilizando agora o calor natural da água para manter uma temperatura do ar confortável entre os diferentes recintos do spa e das várias alas do balneário”, onde se procede aos tratamentos medicinais e às curas terapêuticas.

Tudo isto nos foi explicado pela amável Elisa Duarte, a trabalhar há pouco tempo nas termas de Chaves. Ninguém diria, já que as informações discorrem fluentemente e não há pergunta que fique sem resposta. Como a que fazemos sobre o hotel-fantasma Aqua Flaviae fronteiro às termas.

A responsável pela comunicação lembra que o hotel encerrou em Outubro de 2016 porque foram detectados casos de legionella. Com este problema ultrapassado, o prédio foi entretanto adquirido pelo grupo Premium Hotéis. “O andar-modelo já está pronto e será replicado nos outros pisos”, conta.

“Há uma passagem subterrânea entre o hotel e as termas que permite poupar os clientes às mudanças de temperatura e facilita a deslocação dos termalistas com menor mobilidade”, explica Elisa Duarte, que acredita que, quando o hotel reabrir, haverá um novo impulso na utilização das termas. Durante o ano passado, três mil pessoas desfrutaram do spa e outras três mil das curas terapêuticas.

O tratamento que nos foi dado experimentar designa-se Purificante e é repartido por dois dias: no primeiro, pode optar-se por câmara de vapor ou hidropressoterapia, mais esfoliação e hidratação corporal; no segundo, há imersão na banheira com hidromassagem, a que se segue um duche massagem tipo Vichy.

Só desfrutámos das propostas do 2.º dia porque o programa do Ponte Escrita era bastante preenchido e interessante e não queríamos ausentar-nos demasiado. Também era preciso guardar tempo para ir dando a conhecer ao leitor o que se estava a passar neste feliz encontro entre escritores portugueses e galegos.

Acabámos por fazer o tratamento “ao contrário”. Ou seja, começámos pelo duche massagem tipo Vichy e só depois “dançámos” na banheira de hidromassagem.  Isto para não perturbar o concorrido agendamento do spa, que Cátia, ex-professora de 1.º ciclo e de Francês que se ocupa agora das marcações e recepção, amavelmente nos descreveu.

De trás para a frente ou de frente para trás, a verdade é que o resultado foi bastante reconfortante e regenerador, como se promete na divulgação. Ainda nos divertimos intimamente com o cuidado das terapeutas, que perguntavam com regularidade: “Está tudo bem, dona Maria?”

Por mais cabelos brancos que tenhamos, nunca nos habituaremos a este tratamento cordial, que sempre nos remeterá para brincadeiras e ironias familiares à volta da monarquia portuguesa (com o devido respeito).

Voltando à terra (água…), estamos convictos de que, se cumpríssemos o tratamento completo e na ordem certa, nos sentiríamos ainda melhor.

Curar excessos e melancolia

Sendo as termas exploradas pela Gestão de Equipamentos do Município de Chaves, que contam com 80 funcionários na época alta, os preços praticados são mais baixos do que nos spas privados. Um atractivo importante para residentes, turistas e também emigrantes naturais da região, que no Verão regressam sempre.

É também nessa altura que água quente, servida gratuitamente e num horário mais alargado, é muito procurada. Sobretudo por jovens e estrangeiros. “É óptima para curar ressacas”, conclui Elisa Duarte, com um sorriso largo e cúmplice.

Não sabe, mas logo nos remete para o conto de Herculano Pombo, As raízes que o tempo tinha, no livro KM0, que resultou da 1.ª edição do Ponte Escrita. Escreve ele, na pág. 67, quando surge na narrativa o médico Adolfo Rocha, “que passava para as termas, onde a cada ano vinha os seus quinze dias, como outros peregrinos de muito longe, dizia ele, gente que arrebentou ou se envenenou a comer um boi ou a beber um tonel, para curar nelas o estômago, o fígado, a gota, os eczemas e a melancolia”.

Como se vê, tratamento completo (e desde há muitos anos).

Purificante — Aquae Purify, 2 dias, 79 euros

1.º dia — Câmara de vapor ou hidropressoterapia + esfoliação e hidratação corporal;.
2.º dia — Imersão em banheira com hidromassagem + duche massagem tipo Vichy.

Equipamentos: 22 hidromassagens; 11 vichy’s; 1 sala de inalações e uma mais pequena adaptada a crianças; 6 vapores à coluna; 3 bertholaix; 2 vapores aos membros; 1 hidropressoterapia; 7 cabines de electroterapia; 3 cabines de massagem; 2 saunas / 2 banhos turcos; 1 flutuário; 6 piscinas.

Preçário de todos os tratamentos.