• O director da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, Fausto Pinto; o professor Diogo Telles Correia e os jornalistas Judite Sousa e José Alberto Carvalho durante o lançamento
    O director da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, Fausto Pinto; o professor Diogo Telles Correia e os jornalistas Judite Sousa e José Alberto Carvalho durante o lançamento DR
  • Os dois autores no lançamento do livro em Lisboa
    Os dois autores no lançamento do livro em Lisboa DR
  • Os autores com o jornalista José Alberto Carvalho que apresentou o título
    Os autores com o jornalista José Alberto Carvalho que apresentou o título DR
  • Judite de Sousa não escreve sobre a sua dor, mas esta está
    Judite de Sousa não escreve sobre a sua dor, mas esta está "implícita", confessa DR

Doença

Conhecer as doenças mentais com Judite Sousa e Diogo Telles Correia

"Pensar, Sentir, Viver" não é um livro de auto-ajuda, mas procura ajudar o leitor a estar informado sobre a saúde mental.

Judite Sousa e Diogo Telles Correia conheceram-se por intermédio de uma amiga comum, a médica Maria do Céu Santo, há cerca de meio ano. O médico psiquiatra, que é também professor, já tinha feito vários livros técnicos e, face à curiosidade e perguntas da jornalista, decidiu juntar-se a ela para escreverem um livro. Pensar, Sentir, Viver: Os misteriosos caminhos da mente humana foi editado pela Bertrand e é um livro sobre saúde mental.

“Foi um desafio interessante para a Judite, poder ter resposta para as múltiplas questões que lhe foram surgindo sobre a saúde mental, motivadas quer pela sua curiosidade jornalística quer pela sua história pessoal, e para mim, um académico com vontade de esclarecer de forma acessível mas sem fugir ao rigor o tema da saúde e doença mental”, revela Diogo Telles Correia, ao Life&Style, numa entrevista por e-mail.

É preciso “pensar sobre as questões da saúde mental… Sentir para reflectir e viver para levar a vida para a frente, sabendo lidar com as adversidades”, resume Judite Sousa, justificando assim o nome do livro, acrescentando que embora não seja sobre a sua dor, a de uma mãe que perdeu um filho, aquela “está implícita, mas não explicita no livro”.

“Como é que através do pensar, do sentir, o ser humano consegue ir vivendo saudável ou como acaba por cair na doença mental. Quais os misteriosos caminhos que o ser humano percorre entre a saúde e a doença mental”, acrescenta por seu lado o médico, sobre a escolha do título.

O livro pretende responder a uma série de dúvidas sobre o que é a doença e a saúde mental, quais as fronteiras que separam os dois estados, como se distinguem as várias doenças… Qual é o peso das principais doenças mentais como a depressão e a ansiedade, que características tem a sociedade de hoje que alimentam níveis crescentes de ansiedade e depressão, enumera o especialista.

“Por fim a grande mensagem é explicitar que há caminhos eficazes para o alivio do sofrimento mental. É fundamental que se transmita de forma acessível e rigorosa quais as formas comprovadamente eficazes para acalmar e superar a dor psíquica”, defende Diogo Telles Correia.

A doença mental não é fruto da imaginação

O médico faz uma crítica a quem tenta abordar estes “temas complexos caindo na superficialidade e na falta de rigor científico”. “Acho que não é fugindo do público em geral que combatemos estas contra-informações, mas enfrentando-o e estando disponíveis para debater a saúde e a doença mental publicamente”, defende o especialista.

O livro tem ainda a função de ajudar as pessoas a “identificarem os riscos que existem na sociedade de hoje e que podem precipitar estados de depressão, ansiedade ou perturbações mais graves”.

Pensar, Sentir, Viver é uma enorme entrevista, uma vez que Judite Sousa faz perguntas concretas a que Diogo Telles Correia responde de forma muito completa. “Não sou psiquiatra, sou jornalista, faço perguntas. As respostas são dadas por quem domina as matérias”, justifica Judite Sousa que pretende, com este livro, “informar e levar as pessoas a pensar, dar-lhes linhas de orientação”.  

Por seu lado, o especialista refere que o livro é uma entrevista feita por uma “jornalista, experiente, incisiva e dotada de uma sensibilidade especial e um psiquiatra, psicoterapeuta e professor universitário disposto a responder”.

E as respostas destinam-se ao público em geral. “Não foi escrito como um livro de auto-ajuda para pacientes, mas pode beneficiar pela rica informação que contém (nomeadamente em relação ao tratamento) pessoas que estejam a passar ou tenham passado por períodos difíceis do ponto de vista psíquico”, explica o médico.

Há uma expectativa do psiquiatra que quem termine de ler peça ajuda? Diogo Telles Correia responde que a expectativa é a de informar. “Claro que uma população mais esclarecida terá mais facilidade em identificar em si própria ou nos outros (nomeadamente familiares, amigos) uma doença mental, compreender que ela existe e não é fruto da imaginação, capricho ou má vontade de quem sofre (evitando por isso o estigma), e que existem métodos comprovadamente eficazes e seguros para aliviar as dolências psíquicas”, reconhece.

E uma pessoa dita saudável, precisa de acompanhamento na área da saúde mental? “Mesmo ‘saudáveis’ mentalmente temos, a meu ver, o direito e o dever de saber como funciona a nossa mente, como se mantém sã e como adoece. Relativamente ao apoio psiquiátrico ou psicológico, defendo que qualquer pessoa que sofra psiquicamente tem direito a ser acompanhada. Mesmo se não lhe diagnosticarem nenhuma doença mental”, responde Diogo Telles Correia.