• Ana Romero
    Ana Romero
  • Ana Rita Malveiro
    Ana Rita Malveiro
  • Isabel Alegria
    Isabel Alegria
  • Teresa Ruivo
    Teresa Ruivo
  • Fernanda Lamelas
    Fernanda Lamelas
  • Rui Daniel Barros
    Rui Daniel Barros
  • Isa Silva
    Isa Silva
  • João Vaz de Carvalho
    João Vaz de Carvalho
  • Patrícia Oliveira
    Patrícia Oliveira
  • Jorge Moreira
    Jorge Moreira

Ilustração

Dez visões a partir das visões dos pastorinhos

Com base nas palavras da irmã Lúcia, o PÚBLICO lançou a ilustradores e designers o desafio de recriar a imagem de Nossa Senhora de Fátima.

“Seriam crianças, imagino, mais sensíveis. Com toda uma humanidade um pouco acima das crianças normais”, supõe Isabel Alegria. Pintora de profissão e membro dos Urban Sketchers Portugal, foi uma das artistas a quem o PÚBLICO lançou o desafio – alargado também aos leitores do site – de desenhar a imagem de Nossa Senhora de Fátima, interpretando as memórias deixadas por escrito, pela irmã Lúcia.

A rigor teológico, não são aparições, mas visões. Foi esse o termo que Joseph Ratzinger (Bento XVI) utilizou em 2000, quando fez um comentário ao terceiro segredo de Fátima, e é assim que D. Carlos Azevedo, bispo-delegado Pontifício da Cultura no Vaticano, diz, no seu mais recente livro, que nos devemos referir aos acontecimentos de 1917, na Cova da Iria. “Chegou o momento para falarmos com linguagem exacta”, reitera, em entrevista ao PÚBLICO.

O livro lançado em Abril, Fátima, das Visões dos Pastorinhos à Visão Cristã, inclui o testemunho da irmã Lúcia, sobre a aparência física de Maria, no cimo de uma azinheira de um metro: “Vestida de branco, nos pés meias brancas, saia branca dourada, casaco branco, manto branco que trazia pela cabeça; o manto não era dourado e a saia era toda dourada a atravessar; trazia um cordão de ouro e umas arrecadas muito pequenas: tinha as mãos erguidas e, quando falava, alargava os braços e mãos abertas”.

A pintora Isabel Alegria imaginou uma Nossa Senhora de Fátima com um símbolo do infinito entre as mãos, que passa pela cabeça, coração e ventre. “Há pessoas que trabalham pelo lado físico das coisas, pelas descrições, mas eu tenho sempre de pesquisar mais fundo”, conta. Assim o fez: começou por ler mais textos das memórias da irmã Lúcia e sobre a infância dos pastorinhos e realizou uma série de ensaios fotográficos para encontrar “a posição anatómica que queria”.

As histórias dos pastorinhos conseguiram prender a sua atenção. Momentos antes da primeira visão, estavam na propriedade do pai de Lúcia a construir um muro de pedras soltas para proteger um arbusto – que era utilizado para construir vassouras – do alcance dos animais. “Eram crianças muito afectuosas”, deduz a artista. 

“Gosto de sentir a dimensão real das coisas quando as desenho. Não gosto muito de trabalhar só no mundo dos conceitos”, continua. “No caso da Nossa Senhora, nós funcionamos por imagens que nos são dadas, mas também por uma sensibilidade. A Nossa Senhora também está ligada à nossa história. Aliás, a coroa de Portugal está na [sua] cabeça, não é por acaso. São coisas que têm uma forte ligação ao nosso espírito como povo.”

Por contraste, Ana Romero – leitora do PÚBLICO e professora de Educação Visual, em Esposende – começou pela execução e daí partiu para a interpretação. “Quando vi [a descrição de Nossa Senhora] associei imediatamente a este trabalho”, revela. A imagem de linhas femininas é uma mistura de colagem e aguarelas.

As mãos abertas correspondem à descrição da irmã Lúcia, mas, na altura em que o trabalho foi realizado (em 2016), o significado era outro: “tinha-me chateado com o meu namorado”, recorda. As mãos nesta posição, brinca, eram quase um gesto que significava “vai-te embora!”.

Já Ana Rita Malveiro, designer gráfica e ilustradora, foi buscar inspiração às recordações de infância. Sobre o desenho a computador no qual abunda a cor verde diz: “É assim que eu imagino que terá sido, com muita natureza, muito humano”.