Reuters/ARND WIEGMANN

Aquecimento global

Da Tiffany & Co. para a Casa Branca

A marca de joalharia enviou um comunicado ao Presidente dos Estados Unidos através do Instagram.

A Tiffany & Co. publicou no Instagram uma breve nota de apelo a Donald Trump, que na terça-feira adiou a decisão de abandonar ou não o Acordo de Paris – um pacto assinado por 197 países, que se comprometem a reduzir as emissões de dióxido de carbono.

"Querido Presidente Trump, ainda estamos empenhados em ambiciosas acções climáticas. Por favor mantenha os EUA no Acordo de Paris. O desastre das alterações climáticas é demasiado real, e a ameaça para o nosso planeta e para os nossos filhos é demasiado grande", escreve a empresa.

Os leitores do New York Times puderam também ver um anúncio com uma mensagem idêntica. Em Nova Iorque, note-se, a sede da empresa americana e a Trump Tower estão lado a lado.

 

Tiffany strongly supports keeping the U.S. in the #ParisAgreement. #ClimateChange #ActOnClimate #TiffanyCSR

Uma publicação partilhada por Tiffany & Co. (@tiffanyandco) a

 

Não é todos os dias que a Tiffany & Co. se envolve em assuntos políticos, denota a CNN. Já no que toca ao tema da sustentabilidade a empresa tem-se feito ouvir relativamente aos seus objectivos e prioridades. Em Novembro de 2015 anunciou o objectivo de atingir a meta de zero emissões de gás até 2050 e emprega actualmente uma chief sustainability officer (chefe executiva de sustentabilidade), Anisa Kamadoli Costa.

Tiffany não está sozinha

Portanto, não são só os grupos ambientais que promovem políticas a pensar no ambiente, também empresas que fazem milhares de milhões de euros têm mostrado interesse na luta contra o aquecimento global – algo que, afirmam ter consequências a longo prazo nos seus negócios. Em Novembro de 2016, centenas de empresas de diversas indústrias – entre elas nomes de peso como eBay, Ben & Jerry’s, Nike e General Mills, Inc.– assinaram uma declaração dirigida ao então presidente eleito Trump a apelar a que este mantivesse os Estado Unidos no Acordo de Paris e promovesse políticas que combatessem o aquecimento global.

Foi nesse mesmo mês que Donald Trump publicou um dos seus tweets mais memoráveis, sugerindo que "o conceito de aquecimento global foi criado por e para os chineses, de forma a tornar a manufactura dos Estados Unidos não competitiva".

Num artigo publicado na altura pelo The Guardian, algumas dessas empresas explicaram a razão pela qual apoiaram a declaração – que começa também por "Querido Presidente Trump". É que, à parte das consequências para o planeta e para os seres vivos, também as empresas poderão vir a sofrer com as alterações climáticas – várias referiram questões como, por exemplo, a capacidade de produzir matérias-primas.

Jerry Lynch, chief sustainability officer da gigante General Mills, apontou facto de as emissões de gás – que se compromentem a reduzir por 28% até 2025 – contribuem para alterações climáticas e, consequentemente para factores como a quantidade de chuva que cai sobre os campos dos seus agricultores. Em suma, os seus lucros também estão em questão.

Mais recentemente, em Março, quando Trump assinou um decreto presidencial com o intuito de rescindir uma série de medidas tomadas por Obama na luta contra o aquecimento global, várias empresas reafirmaram então o seu empenho nesta questão. "Acreditamos que investir numa economia de baixas emissões de dióxido de carbono vai, não só ajudar a promover um ambiente mais saudável, mas é fundamental para desbloquear o potencial de crescimento de novos negócios para os EUA e em todo o mundo", disse a Gap Inc., em comunicado. Também a PepsiCo, Google, Microsoft e General Electric, entre outras, juntaram-se à conversa.

É importante ter em conta, alerta a Slate, que algumas empresas podem estar mais interessadas em apelar às preocupações dos seus consumidores do que em resolver problemas ambientais. "Estes passos não tornam essas empresas heróis morais. Elas estão a agir em resposta à pressão do consumidor. Há uma década que, inquérito após inquérito, é revelado que os americanos querem comprar de forma sustentável e que estão dispostos a pagar mais pelos produtos que são comunicados dessa forma", escreve a publicação.