- Mónica Santana Lopes, a autora da ideia
- A radialista Ana Galvão
- Ana Lemos do blogue CacoMae
- A apresentadora Ana Rita Clara
- A fashion stylist Benedita Paes
- Catarina Beato, do blogue Dias de uma Princesa
- A apresentadora Iva Lamarão
- Joana Tundela Poiares, do site Barrigas de Amor
- Teresa Celestino do blogue Girls & Bangs
Bullying
"Com essas calças pareces uma baleia." O "bullying" no feminino existe e Mónica quer combatê-lo
A "blogger" Mónica Santana Lopes criou uma campanha esta semana com a qual já se solidarizaram muitas mulheres.
A campanha ainda não fez uma semana, começou na quarta-feira, e já "muitas mulheres" aderiram à mesma. Chama-se "Fim ao bullying entre as mulheres" e tem como objectivo sensibilizá-las para a solidariedade de género. A ideia foi de Mónica Santana Lope, autora do blogue "A mulher é que manda".
"Decidi criar esta campanha depois de assistir a algumas situações, umas públicas, outras não, de mulheres que eram completamente 'rebaixadas' pelo seu corpo, pela forma como se vestem, pelas suas opções de vida ou pelas decisões que tomam relativamente aos seus filhos", explica a blogger ao Life&Style, acrescentando que sente a "obrigação de tentar chamar a discussão para este tema e se possível mudar algumas formas de actuar".
Assim, lançou a campanha e incentiva quem quiser participar a partilhar nas redes sociais uma fotografia com um cartaz ou uma folha de papel onde escreva uma frase negativa (que provavelmente já lhe foi dirigida), com um risco por cima, e uma frase positiva, aquela que gostaria de ouvir. Às participantes apela para que não se esqueçam de acrescentar as hashtags #fimaobullyingentremulheres, #umaspelasoutras, #amulherequemanda.
Já várias figuras públicas – como Ana Galvão ou Ana Rita Clara – e bloggers se juntaram à campanha, assim como mulheres anónimas, informa a responsável por esta ideia. "Isto tem de mudar e as mulheres têm de ter noção do mal que estão a fazer umas às outras, passando-se a assumir que são como uma equipa unida e com mútuo respeito", escreve a blogger num comunicado enviado à imprensa.
Apesar de não ter ainda uma semana, a campanha está a ter "bastante sucesso", considera a sua autora, uma vez que já foi partilhada em diversos meios de comunicação social e já a levou a dois programas de televisão. "A melhor forma de perceber esse retorno é pelas reacções que as mulheres têm à campanha, que consideram bastante pertinente e que agradecem esta chamada de atenção por já terem sofrido situações de 'maus tratos' por parte de outras mulheres", acrescenta ao Life&Style.
Actualmente é "muito fácil assistirmos a algumas mulheres serem 'enxovalhadas' publicamente pelo seu corpo, pela forma como se vestem, educam os filhos ou pelas suas opções de vida. É aqui que se reconhece o conceito do bullying, e as consequências são graves! Preocupamo-nos tanto com o bullying nas escolas e muitas vezes não nos apercebemos de que somos nós, adultos, os primeiros a fazê-lo! Não podemos aceitar mais esta situação de braços cruzados, temos de ser umas pelas outras!", defende no comunicado.
As amigas não fazem bullying
O bullying é uma situação de violência verbal, física ou psicológica repetida no tempo. É disso que as mulheres sofrem, ou dizer uma frase como "essas calças ficam-te mal" é só uma chamada de atenção? Para Mónica Santana Lopes, não há confusões: "Uma opinião ou um comentário de uma amiga é bem diferente do que estamos aqui a falar. E, até quando estamos entre amigas, temos de ter a noção se os nossos comentários são oportunos. [Pegando no exemplo do Life&Style], uma opinião de uma amiga em conversa será: 'Acho que aquele modelo de calças que usaste ontem te favorece mais do que este'; uma situação de bullying é 'Com essas calças pareces uma baleia'. Acho que a grande diferença está na intenção e na forma como as opiniões são ditas."
E se dissermos que as calças ficam bem, mesmo que não fiquem, não estaremos a mentir? "Quem se preocupa não faz bullying, as amigas não fazem bullying!", responde a blogger.
Mónica Santana Lopes dá um exemplo concreto: "Uma senhora que participou na campanha partilhou a seguinte frase: 'O teu marido vai trabalhar para o estrangeiro? Cuidado, ainda arranja outra!' Esta é uma frase de alguém que se preocupa ou de alguém que quer mexer com a insegurança dessa mulher? Em alternativa, a senhora sugere: 'Vai passar num instante, vai correr tudo bem.' Esta, sim, seria a frase de uma amiga."
A experiência da blogger é que "quem faz bullying são as conhecidas ou desconhecidas que gostam de opinar sobre a vida dos outros".
Mónica Santana Lopes concorda que a inveja ou a maledicência faz parte das características de ser mulher – "pelo menos de algumas mulheres", ressalva. Por isso, tal precisa de ser combatido para que as mulheres compreendam que "juntas são melhores e mais fortes".
Mas isso não é uma missão impossível? "Já ouvi alguns comentários, tanto de homens como de mulheres, a dizer que estou a meter-me numa missão impossível, porque as mulheres são mesmo assim. Acho que, na vida, nada é impossível, e também sou da opinião que devemos sempre melhorar aquilo em que não somos tão bons", conclui.