Estudos recentes sugerem que melhorar a qualidade da sua deita pode ser a receita para proteger e até melhorar a sua saúde mental – e não a perda de peso.

Uma revisão de estudos que relacionam a comida com o estado de espírito mostrou que a relação clara entre a dieta e a depressão não depende do peso corporal. Isto foi reforçado por uma investigação recente onde os participantes seguiram um programa de 12 semanas de melhoria da dieta para tratamento da depressão. A maioria dos participantes tinha excesso de peso e não o perderam. No entanto, quem melhorou a sua dieta teve melhorias significativas nos sintomas e um terço teve uma remissão da depressão.

A biologia que explica isto ainda não é clara, mas a nossa dieta parece exercer efeitos no nosso humor através de vias que podem não exigir uma mudança de peso. Por exemplo, uma dieta rica em fruta, legumes e muita fibra pode melhorar a saúde da flora intestinal através de fermentação bacteriana e da produção de ácidos gordos de cadeia curta anti-inflamatórios. Provavelmente, isto reduz a inflamação crónica que é um factor de risco para a depressão e para outras doenças crónicas. Isto acontece porque a microbiota e o sistema imunitário comunicam com o sistema de resposta ao stress e com o sistema nervoso entérico, que influencia os biomarcadores circulatórios que regulam os nossos estados de espírito.

De acordo com os resultados, um passo crucial para uma boa saúde mental é reduzir a quantidade de “extras” que consumimos: alimentos que proporcionam energia mas que têm pouco ou nenhum valor nutritivo, como chocolate, bolos, bolachas e outros petiscos. É preferível gastar essas calorias nos chamados “alimentos para o cérebro”, que costumam ter um alto teor de gordura mas são igualmente ricos em nutrientes importantes. Peixes gordos como o salmão e a truta, azeite e frutos secos estão na base da dieta mediterrânica, conhecida pelos seus benefícios para o cérebro e para o corpo. Estes alimentos, tal como as verduras e os cereais integrais, decompõem-se em moléculas que alimentam os micróbios no nosso intestino, que ajudam a construir neurotransmissores, combatem a inflamação e protegem as células do cérebro saudáveis.

Fazer mudanças no nosso estilo de vida de forma a melhorar como nos sentimos e como agimos é difícil, especialmente quando não estamos no nosso melhor a nível mental. Perder peso é um percurso longo, mas a boa notícia é que os benefícios de comer bem se podem fazer sentir relativamente depressa.

Pequenos passos, como trocar bolachas e chocolates por fruta e frutos secos, podem não fazer grande diferença no registo calórico, mas os benefícios para a nossa saúde mental e física aumentam rapidamente. Ao contrário de outros factores que contribuem para a nossa saúde mental, a comida é um domínio sobre o qual temos algum controlo. Por isso lembre-se: pequenas mudanças são importantes para a saúde mental, mesmo que a balança fique na mesma.