- O casal presidencial durante o comício deste fim-de-semana Reuters/KEVIN LAMARQUE
- À saída do comício, o casal despede-se Reuters/KEVIN LAMARQUE
- Durante o comício na Florida, onde Melania rezou o "Pai-Nosso" Reuters/KEVIN LAMARQUE
- Trump e Melania à saída do avião oficial no aeroporto de Melbourne, Florida Reuters/KEVIN LAMARQUE
- Na visita de Justin Trudeau aos EUA, Melania não marcou presença, e foi Ivanka que fez as honras da casa Reuters/KEVIN LAMARQUE
- Director do Museu de Histórica Afro-Americana recebe Melania Trump e Sara Netanyahu Reuters/JOSHUA ROBERTS
- A ex-modelo eslovena nos jardins da Casa Branca Reuters/KEVIN LAMARQUE
- O casal norte-americano recebe o israelita na Sala Oval Reuters/KEVIN LAMARQUE
- Melania Trump na Sala Oval LUSA/Andrew Harrer / POOL
- A filha do Presidente, Ivanka Trump, cumprimenta a mulher do primeiro-ministro israelita LUSA/SHAWN THEW
- Melania entre Ivanka e Sara Netanyahu Reuters/CARLOS BARRIA
- Melania Trump e Sara Netanyahu à entrada na conferência que os maridos dariam na Casa Branca Reuters/CARLOS BARRIA
- Reuters/CARLOS BARRIA
- Na recepção ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e da mulher na Casa Branca Reuters/KEVIN LAMARQUE
- Na residência de Verão de Trump para o jantar com o primeiro-ministro japonês Reuters/CARLOS BARRIA
- A família desloca-se para a Florida onde dará um jantar em honra do primeiro-ministro japonês Shinzo Abe Reuters/CARLOS BARRIA
- No dia da tomada de posse, 20 de Janeiro, os Obama recebem os Trump na Casa Branca Reuters/JONATHAN ERNST
- Donald Trump faz o juramento solene em cima de duas bíblias, a oficial e uma de família, nas mãos de Melania LUSA/JUSTIN LANE
- Durante o juramento Reuters/CARLOS BARRIA
EUA
Um mês de Melania fechada na sua torre
A primeira-dama dos EUA raramente aparece e quando o faz é criticada.
Quando aparece, Melania é um desastre. Foi assim em Julho, no primeiro dia da convenção republicana em que plagiou Michelle Obama. Foi assim este sábado, em que decidiu rezar (ou ler numa folha de papel) o Pai Nosso, para apresentar o seu marido durante um comício na Florida. Melania não é uma primeira-dama convencional e, aparentemente, fá-lo por não ser.
A ex-modelo de 46 anos sempre foi muito clara quanto às suas intenções caso o marido ganhasse as eleições presidenciais norte-americanas. Desde sempre se mostrou avessa à política, sempre disse que a política era uma coisa do marido, com quem casou em 2005, e não dela e que, se Trump chegasse à Casa Branca, ela permaneceria na residência de família, nas Trump Tower, em Nova Iorque, até que o filho Bannon, de dez anos, terminasse a escola. E está a cumprir.
Ao contrário de todas as outras primeiras-damas, Melania decidiu não acompanhar o marido. A historiadora da Universidade de Delaware, Erica Armstrong Dunbar, escreve no Times que também Martha Washington, no século XVIII, teve relutância em sair de Mount Vernon, na Virginia rural, e acompanhar o marido até Nova Iorque, mas que passado um mês lá estava, assumindo as funções que, a seguir a ela, todas as primeiras-damas assumiram.
Era ela que organizava os eventos onde recebia os políticos e altos dignitários que chegavam para reunir com George Washington. E até abandonou os vestidos feitos pela sua costureira para se vestir nas lojas de Nova Iorque e de Filadélfia, pois compreendeu que deveria ter uma aparência acima de qualquer crítica.
Embora ainda não tenha assumido as suas funções — num mês, só escolheu três membros para a sua equipa, enquanto Michelle tinha 24, algumas destas pessoas herdadas da administração anterior —, Melania preocupa-se com a sua imagem, não fosse ela uma mulher ligada à moda, que estudou Arquitectura (embora não tenha terminado a licenciatura) e tenha negócios nesta área, por isso, veste-se à altura de uma primeira-dama, embora muitos designers tenham feito questão de dizer que não a vestiriam, outros foram criticados por decidirem fazê-lo.
No dia da tomada de posse de Donald Trump, a ex-modelo de origem eslovena vestiu Ralph Lauren, numa clara homenagem ao estilo de Jacqueline Kennedy. Cumpriu o seu papel a preceito, cumprimentou os Obama na Casa Branca — apesar de o marido a ter deixado para trás, mal saiu do carro, o que levantou imensas críticas —, segurou nas duas Bíblias sobre as quais o marido fez o juramento — uma é a oficial, outra a da família Trump. Participou ainda em todas as cerimónias associadas, as celebrações religiosas e os bailes. E desapareceu.
Os comentários sobre a falta de cumplicidade do casal foram muitos. Os órgãos de comunicação social ouviram especialistas em comportamento que analisaram as imagens dos Trump — ele a caminhar à frente dela, ele a evitar dar-lhe a mão, ela numa atitude muito rígida, eles sentados sem dialogar um com o outro… — para concluírem que Trump tem um comportamento de “macho alfa” que quer mostrar que ele é que tem o domínio, ele é que ganhou as eleições.
As críticas ao regresso da primeira-dama a Nova Iorque, depois de cumprido todo o protocolo da tomada de posse, também foram muitas, com os norte-americanos a fazerem contas ao custo de ter o Presidente na Casa Branca, a primeira-dama em Nova Iorque e toda a família Trump a viajar para a sua residência de Verão, em Mar-a-Lago, em Palm Beach, Florida, onde Trump recebeu o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, naquela que foi a primeira visita oficial de um chefe de Estado estrangeiro aos EUA.
Por exemplo, só as três viagens a Mar-a-Lago feitas desde a tomada de posse custaram cerca de dez milhões de dólares (9,4 milhões de euros) ao Tesouro Federal, diz o Washington Post (WP), incluindo toda a despesa logística que passa também pela segurança. Em Nova Iorque, a cidade está a pagar 500 mil dólares (471 mil euros) diários para guardar a Trump Tower, o que atingirá os 183 milhões (172 milhões de euros) anuais. O jornal faz ainda as contas à protecção dos quatro filhos adultos do multimilionário, agora Presidente. Em termos de comparação, o WP lembra ainda que, em oito anos, Obama — que foi criticado por Trump por estar sempre em viagem — fez 97 milhões (91 milhões de euros) de despesas em viagens.
Melania — que é a segunda primeira-dama estrangeira dos EUA e tem a popularidade mais baixa de sempre, segundo as sondagens — foi de novo notícia quando decidiu voltar a processar o jornal Daily Mail e um blogger que escreveram que, na juventude, além de modelo foi também acompanhante de luxo e pedir uma indemnização de 150 milhões de dólares. Então o seu advogado disse que Melania poderia ganhar milhões por ser “uma das mulheres mais fotografadas no mundo”, para, mais tarde e mediante as críticas, explicar que com aquelas declarações não queria dizer que a primeira-dama devesse tomar partido da sua posição. O The Guardian escreve que Melania é uma mulher de negócios e que pretende continuar a ganhar dinheiro — afinal, as duas ex-mulheres de Trump não ficaram multimilionárias com os seus divórcios. Além disso, ela nunca quis ser primeira-dama.
Talvez por isso, neste primeiro mês, não recebeu os japoneses Abe na Casa Branca, mas acompanhou a mulher do primeiro-ministro na sua estadia na Florida e assinalou-o no Twitter. As duas visitaram o Museu Morikami e os jardins japoneses. As revistas notaram que o cabelo até então castanho da primeira-dama estava mais claro.
We are responsible for empowering our next generation with values #powerofeverychild #Powerofthefirstlady pic.twitter.com/L1FcuTNKwg
— Melania Trump (@FLOTUS) February 11, 2017
Quatro dias depois, para a visita do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, já esteve na Casa Branca, posou ao lado do marido e do casal Netanyahu e acompanhou Sara Netanyahu na sua estadia em Washington, onde visitaram juntas o Museu de História Afro-Americana.
It was an honor to visit the Smithsonian National Museum of African American History @NMAAHC pic.twitter.com/rai8keSoEN
— Melania Trump (@FLOTUS) February 16, 2017
A primeira-dama voltou a estar ausente na visita do primeiro-ministro canadiano Justin Trudeau, e quem fez as honras da Casa Branca foi a filha mais velha de Trump, Ivanka, cujos olhares que lançou ao político do Canadá e a fotografia que publicou no Twitter, sentada na secretária do Presidente na Sala Oval fizeram correr tinta.
Entretanto, na conferência de imprensa que Donald Trump deu na passada quinta-feira, o Presidente falou da mulher para dizer que achava injustas as críticas que lhe eram feitas e que Melania era sensível aos “assuntos” e “dificuldades” das mulheres.
O que é pedido à primeira-dama norte-americana é que se dedique a um tema que, normalmente, está relacionado com as mulheres e as crianças. Por exemplo, Michelle Obama assumiu a questão da obesidade e da alimentação saudável. E, até agora, o único tema sobre o qual Melania tinha falado foi sobre o cyberbullying. Aparentemente, houve uma mudança de agenda que se reflectiu também na hashtag que Melania criou na sua conta oficial como primeira-dama #Powerofthefirstlady.
Ao contrário do marido, a primeira-dama é comedida nas suas publicações no Twitter, tendo feito apenas sete no prazo de um mês. O uso da nova hashtag não impediu que fosse usado pelos internautas para a criticar, lembrar que o seu lugar é na Casa Branca, dizer que mulheres com poder foram a princesa Diana e Michelle Obama.
Na conferência, Trump disse ainda que Ivanka, sempre Ivanka, também ajudaria a mulher neste seu novo papel — aliás, Ivanka tem sido acusada de assumir algumas das funções que pertencem à primeira-dama.
Entretanto, Melania Trump já anunciou que a Casa Branca voltará a abrir ao público a partir do próximo dia 7 de Março, acrescentando que a residência oficial é um espaço “histórico e marcante” cuja história e beleza quer partilhar com o público.
E, neste fim-de-semana, Melania fez a sua primeira aparição pública depois da tomada de posse. Regressou à Florida com o marido, onde o apresentou no comício preparado no aeroporto de Orlando-Melbourne. Coube à primeira-dama, num vestido Alexander McQueen (2200 dólares, 2072 euros) e sandálias Louboutin (600 dólares, 565 euros) vermelhas, dar a palavra ao marido. Mas antes disso decidiu rezar o Pai Nosso, uma oração universal para os cristãos, que leu numa folha de papel, a mesma onde tinha o seu discurso preparado.
Depois de o fazer, defendeu-se dos críticos, anunciou que se dedicaria às mulheres e às crianças e lembrou que Trump quer o melhor para o país. “O meu marido está a criar um país de grande segurança e prosperidade”, disse com o seu sotaque forte. Mais uma vez as críticas não se fizeram esperar: Melania rezou, mas nem todos os norte-americanos são cristãos, Melania não consegue deixar de plagiar, primeiro foi Michelle Obama, agora foi a Bíblia, etc., etc., etc. Com estas reacções, o mais provável é Melania voltar à sua torre.