Miguel Manso

Alimentação

Quanto é que engordamos em dias de festa?

Num jantar de Natal podemos ingerir a mesma quantidade de calorias que devíamos ingerir durante um dia inteiro.

Sim, sim, estes são dias de excessos, já sabemos. Mas o que é que isso significa na verdade? O Washington Post fez o exercício de analisar as diferenças entre uma refeição num dia normal e um jantar (ou almoço) durante uma festa como o Natal.

A comida está em cima da mesa, em grandes quantidades, não queremos ofender ninguém, a tia fez as filhoses, a prima trouxe as fatias douradas, há peru porque é tradição e bacalhau porque é tradição, come-se um e, já agora, o outro e por aí fora – até porque os doces ficam muitas vezes em cima da mesa até ao dia seguinte e é irresistível ir petiscando sempre que por ali se passa.

O exemplo do Washington Post é um pouco diferente porque trata-se de uma refeição de festa americana com puré de batata e molho, bifes de fiambre, mini-croissant, tarte de nozes pecan, egg nog. Mas, diferenças culinárias à parte, o efeito de comer demais é muito parecido. Porque, seja em que país for, um prato de dia de festa acaba sempre muito mais cheio do que um prato num dia normal.

Os valores de referência ideais apontam para uma ingestão média de 2000 calorias por dia, o que significa algo como entre 600 e 800 em cada uma das refeições principais. No entanto, num dia de festa uma refeição pode perfeitamente ultrapassar as 2000 calorias, com tudo o que se petisca antes e depois do jantar, somado ainda ao álcool, que se bebe também em maior quantidade do que habitualmente.

O impacto destes excessos no corpo depende muito dos genes de cada um, da forma como as hormonas respondem e também dos hábitos regulares no que diz respeito à alimentação e ao exercício, explica a nutricionista Jennifer McDaniel, citada pelo Washington Post. O que acontece geralmente é que, mesmo quem mantém hábitos saudáveis ou quem está a seguir uma dieta, tende a ser mais indulgente consigo próprio nas épocas festivas – o que significa não só comer mais mas também suspender o exercício durante alguns dias.

No entanto, fazer exercício antes de começar as festas pode ser vantajoso porque o organismo tem uma melhor resposta ao nível da produção de insulina, o que permite processar melhor os hidratos de carbono, e o sistema circulatório é também mais eficaz a gerir a quantidade de gordura que circula na corrente sanguínea.

O artigo do Washington Post faz uma lista de alguns dos sintomas possíveis sentidos por quem comeu demais e que podem tornar-se desconfortáveis: um estômago muito cheio empurra o diafragma, que pressiona os pulmões podendo provocar falta de ar; comida com muita gordura e ingerida demasiado rapidamente pode perturbar o estômago, causando náuseas ou diarreia; a libertação excessiva de insulina e outras hormonas para “atacar” os hidratos de carbono pode causar picos de açúcar e as consequentes quedas; o aparelho digestivo exige demasiado sangue, sobrecarregando o coração; o ar engolido em excesso e o trabalho das bactérias intestinais produzem ar nos intestinos; e o sangue que vai para o sistema digestivo desvia-se de outras áreas, como os músculos e a pele, o que pode provocar, por exemplo, sensações de frio.

Para quem está preocupado em saber se engordou ou não com as festas, o artigo também dá uma resposta: “depois das primeiras 750 calorias, o seu corpo começa a armazenar uma quantidade maior de comida como gordura”. Um estudo de 2000 conclui que a maioria dos adultos ganha à volta de meio quilo durante as festas – e dificilmente o volta a perder.