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Iris Apfel, a nonagenária da moda que conquistou Paris
Estrela de uma exposição, de campanhas publicitárias, na vanguarda dos desfiles de moda: aos 94 anos, com os seus óculos redondos XXL e a sua bijuteria multicolorida, a nova-iorquina causou sensação.
“Um dia disseram-me: ‘Tu não és bonita e nunca vais ser. Mas isso não é um problema. Tu tens algo muito mais importante: estilo’”, costuma contar esta mulher de olhos brilhantes.
O ícone excêntrico protagoniza, até 16 de Abril, uma exposição na elegante loja de moda parisiense Le Bon Marché, em Paris. É também o novo rosto da campanha publicitária da marca automóvel Citroën e da marca australiana de pronto-a-vestir Blue Illusion.
Nascida em 1921 numa família judaica no bairro de Queens, em Nova Iorque, Iris Apfel estudou História de Arte. Decoradora de interiores, participou na renovação da Casa Branca para nove presidentes, de Truman a Clinton.
Habituada às primeiras filas dos desfiles de moda, a “estrela geriátrica”, como é apelidada, marcou presença nas apresentações de Dries Van Noten, Rick Owens e Dior na Semana de Moda de Paris, que termina esta quarta-feira, e visitou a exposição de vestidos da condessa Greffulhe, no museu de moda Galliera.
“Ouse ser diferente”
“É um ídolo e uma fonte inesgotável de inspiração para mim”, comentou Dries Van Noten no Canal +, sobre Apfel. “Gostava que todos pudessem viver com tanta graça e estilo. Ela usa roupas incríveis e nunca repete”.
A fashionista foi tema de um documentário realizado por Albert Maysles em 2014, Iris. Em 2015, Apfel perdeu o marido, Carl, um industrial têxtil, que morreu aos 100 anos – 67 dos quais casado com a decoradora e ícone de estilo.
Fã de silhuetas coloridas, Iris Apfel encoraja todas as mulheres a deixarem de lado “o uniforme de collants e jeans pretos com camisola, botas e blusão de couro”. “Ousem ser diferentes”, aconselhou em Paris.
“Sejam vocês mesmos, assumam a vossa individualidade.” “Se usarem uma coisa e virem que não vai funcionar, não se inquietem, a polícia da moda não vos vai prender”, brincou.
Durante décadas, Iris Apfel acumulou uma colecção de roupas de grandes designers do século XX que enchem dois andares do seu apartamento em Park Avenue. Em 2005, o Museu Metropolitano de Nova Iorque (Met) dedicou uma retrospectiva ao seu guarda-roupa, no qual estão também guardadas muitas jóias – de lojas tão diversificadas como a Tiffany’s ou bazares em Harlem.
A chave para a felicidade? Nunca parar de trabalhar, segundo Iris Apfel. “Foi isso que eu fiz”, disse numa recepção em sua homenagem organizada na Embaixada dos Estados Unidos.
“Nós precisamos constantemente de tentar coisas novas, não se assustem com a idade nem com os números!”