AFP PHOTO / GABRIEL BOUYS

Modelos

Modelos, a geração Instagram

As agências estão a contratar a partir das redes sociais.

As agências de modelos estão a voltar-se cada vez mais para as redes sociais, com o Instagram à cabeça, para recrutar as futuras modelos. Se até há pouco tempo era nas ruas, nos cafés, nas discotecas e noutros espaços que os "olheiros" circulavam, agora não é preciso sair de frente do ecrã do computador.

Recorde-se que grandes profissionais eram jovens anónimas até serem abordadas, como, por exemplo, Kate Moss que foi vista num aeroporto de Nova Iorque ou Naomi Campbell que estava a fazer compras em Londres.

Mas "com o Instagram, não há necessidade de esperar para ser descoberto", revela a agência IMG, líder nesta indústria, no seu site. A agência lançou uma campanha no Instagram "We Love Your Genes" ( "Nós amamos os seus genes"), convidando jovens aspirantes a modelos a colocarem as suas fotos, permitindo que a empresa tenha acesso a portefólios de todo o mundo.

Para David Cunningham, vice-presidente da empresa, as redes sociais têm "completamente alterado" o modelo de negócios da indústria simplificando o processo de recrutamento. "O Instagram dá-nos a oportunidade de ver a beleza natural de potenciais modelos potenciais no seu dia-a-dia. Assim, não precisam de gastar dinheiro para sessões de fotos ou books", explica Jeni Rose, responsável da IMG.

Mas as agências não têm o monopólio deste processo, veja-se o exemplo do norte-americano Marc Jacobs  que organizou uma campanha de recrutamento para a sua colecção Primavera-Verão 2015 a partir do Instagram.

Foi Nadia Rahmat, natural de Singapura, que ganhou. "Não acredito que teria beneficiado de uma oportunidade destas sem as redes sociais", admite a jovem, acrescentando que as agências também incentiva as suas modelos a usar as redes sociais como uma ferramenta de trabalho.

No entanto, estas mudanças podem ter uma má influência sobre os adolescentes. "Agências conhecidas vão frequentemente buscar jovens às redes sociais sem terem em atenção a sua idade", diz Caroline Nokes, deputada britânica que está numa comissão que debate a imagem corporal. "Infelizmente, a idade mínima para abrir uma conta no Facebook é os 13 anos e isso torna disponível ao público as suas imagens", acrescenta.

Quando questionadas sobre as suas políticas de recrutamente nas redes sociais, a IMG, a Elite, a Select, a Models 1 e a Nevs recusaram-se a responder. No entanto, a primeira divulgou recentemente a contratação de uma supermodelo holandesa de 14 anos e outra britânica de 15. Recorde-se ainda a jovem russa Kristina Pimenova, de 10 anos, que no início do mês já tinha dois contratos, além de 1,3 milhões de seguidores no Instagram e quatro milhões no Facebook.

Outro perigo que as jovens podem enfrentar é serem contactadas por falsas agências ou empresas menos honestas. "Precisamos usar o nosso bom senso", aconselha Nadia Rahmat, convidando as aspirantes a modelos a verificar por quem são abordadas, a forma como essa comunicação é feita e prestar atenção à reputação online da empresa. "Estamos na era do narcisismo digital, onde as pessoas vivem através de 'gostos' e de comentários", observa. "Os jovens são facilmente influenciados por essa cultura."

Os progressos nas novas tecnologias também facilitam o trabalho às agências. Por exemplo, se alguma estiver à procura de uma jovem parecida com a top model Kate Moss, basta-lhe ter um programa de reconhecimento facial.