Moda
Burberry terá colecções à venda logo após desfile
Apresentações das colecções femininas e masculinas da marca de moda britânica serão em conjunto e estarão à venda nas lojas e na Internet.
A partir de Setembro, as colecções de pronto-a-vestir da Burberry deixam de ser sazonais, num mundo globalizado, e ficam, logo após os desfiles, disponíveis para compra nas lojas físicas e online, anunciou a marca esta sexta-feira. “Uma reformulação radical do calendário de moda” actual, considera o site especializado Business of Fashion.
As novas apresentações da marca britânica vão acabar com a divisão entre colecção feminina (apresentada, até agora, na London Fashion Week em Setembro e Fevereiro) e masculina (na London Collections: Men em Junho e Janeiro). Nas últimas estações, onde as duas colecções têm seguido já o mesmo tema criativo, modelos femininas desfilaram na apresentação masculina e vice-versa – a partir de Setembro propostas para homem e para mulher desfilam em conjunto e chamar-se-ão “Setembro” e “Fevereiro” (o mês em que desfilam), em vez de Primavera/Verão e Outono/Inverno.
“Muitas vezes sentia que era algo superficial falar de uma colecção Outono/Inverno quando estão 32 graus num terço das lojas em que estamos a vender. Somos uma empresa global e o mundo não tem um padrão de tempo”, explicou o director criativo da Burberry, Christopher Bailey, ao Business of Fashion, lembrando que na apresentação para esta Primavera tinha tanto vestidos de seda leves como grandes casacos e sobretudos.
Christopher Bailey argumenta, no jornal especializado Women’s Wear Daily, que estas mudanças permitirão a construção de uma “ligação mais próxima” entre a experiência que cria na passerelle e o momento em que os clientes tocam e exploram nas peças, nas lojas, seis meses depois das apresentações nas semanas de moda. “Os nossos desfiles têm evoluído para colmatar esta lacuna”, acredita Bailey – a Burberry transmite, desde 2008, os desfiles na Internet (live streams), permite a compra de certas peças directamente da passerelle, faz campanhas nas redes sociais. “Este é o mais recente passo num processo criativo que vai continuar a evoluir”, justifica o criador.
A nova estratégia da Burberry surge como resposta à crescente “Instagramização” dos desfiles – antes, cada apresentação de autor chegava às revistas seis meses depois do desfile, ao mesmo tempo que se penduravam nos cabides das lojas, ou surgia nos jornais nos dias seguintes mas sem a acessibilidade global actual. Agora, durante o desfile são feitos curtos vídeos para as redes sociais, são fotografados pormenores – as peças são desejadas mas só chegam às lojas meses depois, quando já se prepara na marca um novo desfile, para novas fotos e vídeos. “Quanto mais mediatizados são, mais energia é criada em torno de algo, e depois fechamos as portas”, critica o designer. “Não podemos falar com um cliente e dizer: ‘Estamos realmente entusiasmados, vamos estimulá-lo e inspirá-lo, mas não pode tocar ou sentir [as peças] durante mais seis meses”.
Imediatamente a seguir aos desfiles, as montras da loja serão um reflexo da passerelle, garante Bailey, reconhecendo que será uma “maneira completamente nova de trabalhar”. “Estamos, basicamente, a tentar assegurar que temos um ponto-de-vista que reflecte a maneira como as pessoas vivem hoje e os diferentes públicos que se envolvem com a marca”, atesta.