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Educação

Estudar moda - os melhores e os problemas no Business of Fashion

Site fez ranking de escolas e lançou plataforma com workshops, cursos e tutoriais gratuitos sobre um sector em crescimento.

A nova secção “Educação”, criada este domingo pelo Business of Fashion, uma publicação digital dedicada às indústrias criativas, quer “ajudar futuros alunos a tomar decisões informadas sobre a educação superior de moda” e servir “como recurso para a indústria participar na discussão sobre a importância crítica da educação de moda”, diz Imran Amed, fundador e director executivo da publicação. Uma secção com um directório especializado de escolas mas também com um espaço web para discussão e aprendizagem.

Fashion Business Basics (Básicos de um Negócio de Moda), patrocionado pela marca de moda rápida britânica River Island; Fashion Marketing & Communications (Marketing e Comunicação de Moda), patrocinada pela The Communications Store; e Fashion History and Fashion Entrepreneurship (História da Moda e Empreendedorismo de Moda) serão os primeiros três cursos online gratuitos promovidos pela publicação, ainda em data a anunciar. Cada um terá a duração de cerca de uma hora e meia, será dividido em vários artigos e vídeos e qualquer pessoa poderá participar, registando-se na newsletter para acesso ilimitado ao site.

Mas a ideia é funcionar também como “uma ferramenta para as universidades e faculdades melhorarem as suas ofertas educativas” - daí a criação de um ranking global de instituições de ensino dedicadas ao universo da moda. O ranking compila os 21 melhores programas de undergraduate studies (licenciatura) e as dez melhores pós-licenciaturas (graduate studies) de várias escolas, avaliadas em três categorias: impacto global, experiência de aprendizagem e valor a longo-prazo.

Este ranking, baseado na análise de 60 indicadores recolhidos directamente de 24 escolas de moda de 11 países, num questionário a mais de quatro mil estudantes de moda e antigos alunos e noutro questionário de reputação a 88 profissionais de recursos humanos, é liderado por escolas britânicas.

A Central Saint Martins, conceituada escola que catapultou nomes como John Galliano, Stella McCartney ou Alexander McQueen, em Londres, Reino Unido, aparece em primeiro lugar no top das licenciaturas, seguida pela Bunka Fashion College (Tóquio, Japão) e pela Kingston University (Londres). O top dez inclui ainda a Parsons The New School of Fashion e o Fashion Institute of Technology (Nova Iorque, EUA), a Polimoda (Florença, Itália), a University of Westminster e London College of Fashion (Londres, Reino Unido), a RMIT University (Melbourne, Austrália) e a Drexel University (Filadélfia, EUA).

No ranking das pós-licenciaturas, a Royal College of Art, com alumni como Christopher Bailey, é a primeira, seguida da Central Saint Martins, Royal Academy of Fine Arts Antwerp (Antuérpia, Bélgica), London College of Fashion (Londres, Reino Unido), Savannah College of Art and Design (Savannah, EUA), RMIT University (Melbourne, Austrália), Institut Français de la Mode (Paris, França), Ryerson University School of Fashion (Toronto, Canadá), Polimoda (Florença, Itália) e Philadelphia University (EUA).

Apesar de a Central Saint Martins se qualificar como a mais influente numa escala global, tem “um longo caminho a percorrer no que diz respeito à experiência de aprendizagem e valor a longo prazo”, refere Amed. “Escola brilhante, exposição brilhante, ajuda zero depois. Baseia-te nas tuas próprias intuições para arranjar um emprego, não dão contactos de agências ou de indústria”, comenta um aluno no questionário do Business of Fashion.

Para complementar o ranking global, o Business of Fashion publicou um relatório sobre o estado da educação de moda – um sector que cresceu consideravelmente nos últimos dez anos, avalia Sara Kozlowski, directora de educação e desenvolvimento profissional no Council of Fashion Designers of America (CFDA).

Apesar da satisfação global dos estudantes inquiridos com os professores (83%), biblioteca e materiais de estudo (83%) e espaços de trabalho e campus (76%), a publicação questiona se a educação de moda estará a “vender um sonho falso”, uma vez que existe uma discrepância significativa entre as expectativas dos alunos e as experiências reais depois do curso.

“À medida que o panorama do mercado continua a mudar, os educadores de moda deveriam ouvir os seus alunos, repensar o equilíbrio das suas ofertas educativas de forma a reflectir a evolução da indústria”, analisam no mesmo relatório que sublinha o desequilíbrio entre oferta e procura de cursos de design de moda e a consequente oferta de emprego.

E embora ainda haja a ideia de que uma pessoa que queira trabalhar na indústria da moda tem apenas duas opções – ser designer ou trabalhar na área do retalho –, “ignorando que as suas capacidades poderiam ser mais adequadas para um papel diferente”, também ligado à moda, “nada está perdido”. “Num mercado que está em constante e rápida mudança, remodelado por novos modelos de negócio, tecnologias emergentes e novos valores dos consumidores, há muitos novos caminhos profissionais a emergir na moda”, acredita o fundador do Business of Fashion.