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Roupa

Nesta biblioteca requisitam-se roupas em vez de livros

Em Amesterdão há uma biblioteca com peças de roupa vintage, ecológicas ou de criadores emergentes. Podem ser requisitadas durante cinco dias.

A maioria das mulheres usa apenas 20% daquilo que tem no armário, estimam as responsáveis pelo projecto LENA The Fashion Library, sediado em Amesterdão, Holanda, mas com o objectivo de criar espaços físicos em todas as “grandes cidades”, entre elas Nova Iorque, Barcelona, Londres, Los Angeles ou Paris.

“O consumo excessivo é um dos maiores problemas da indústria da moda, que deveria focar-se mais no lado artesanal e na qualidade, de forma a produzir produtos mais duradouros que todas possamos partilhar”, diz Suzanne Smulders, co-fundadora da LENA. Com o objectivo de “poupar o ambiente e a carteira”, a biblioteca de moda LENA foi criada exclusivamente para transacções de roupa de mulher, desde tops a saias, vestidos, calções ou malas.

“Ainda que as marcas comecem a usar materiais amigos do ambiente, o objectivo ainda é fazerem o máximo lucro possível”, acusa. Por isso oferecem um “closet infinito”, querem mudar a forma como se consome moda e querem também consciencializar as pessoas para a forma como tratam e lavam as suas roupas para que durem mais tempo.

Segundo a agência Reuters, os millennials (os jovens nascidos entre 1980 e 2000) dão menos importância à posse e mais à partilha, troca ou negociação de acesso a bens, privilegiando a compra em lojas de roupa em segunda mão, vendendo o que já não usam e alugando roupas para ocasiões formais. “Na era do Facebook, as pessoas não querem ser fotografadas mais do que uma ou duas vezes com o mesmo vestido”, explicou Dan Nova, investidor da empresa Highland Capital Partners, à Reuters.

Nesta biblioteca, a lógica “reutilizar, qualidade e partilha”. Existem três planos de subscrição, disponíveis mediante registo prévio no site e consoante um número de pontos atribuídos conforme a exclusividade, estilo ou qualidade das peças. A subscrição mais baixa, de 100 pontos, permite fazer qualquer combinação de peças de roupa desde que não ultrapasse esse valor, por exemplo: 50+50 equivale a duas peças, enquanto 25+25+50 equivale a três peças e custa 19,95 euros por mês – essas três ou duas peças podem estar sempre na posse de quem as requisita e podem ser trocadas todos os dias ou todas as semanas por outras. O segundo plano é de 200 pontos e custa 34,95 euros, enquanto o terceiro é de 300 pontos e tem o valor de 49,95 euros. Mas se gostar mesmo de uma peça que requisitou, também a pode comprar, a um preço “acessível”.

Actualmente, a biblioteca de moda tem 1200 itens em stock e 500 requisitados – todos lavados com detergentes naturais para aumentar “a esperança média de vida” das peças. Tal como nas bibliotecas convencionais, esta também aceita doações, desde que as peças de roupa não tenham nódoas ou outros danos e não sejam de marcas de moda rápida como a Primark, H&M, Zara, Mango, Bershka ou Pull&Bear.

“O nosso sonho é ir de férias com uma mala de mão e um cartão de biblioteca e ter acesso a um guarda-roupa LENA gigante, onde quer que estejamos”, diz Smulders.