Depois dos homens com cuidados estéticos (os metrossexuais, rotulados em 1994 pelo jornalista Mark Simpson), dos homens muito musculados preocupados em despertar o desejo através do corpo (spornossexuais) e dos despreocupados com a aparência e com barbas grades (os lumberssexuais), há uma nova tendência: chama-se dad bod (“corpo do pai”, em tradução livre).

Barriga saliente, braços pouco tonificados. Os dad bod são aqueles homens que “vão ao ginásio de vez em quando, gostam de beber cerveja aos fins-de-semana e não dispensam comer oito fatias de pizza de uma vez”, descreve a responsável por esta nova definição, Mackenzie Pearson, uma estudante universitária de 19 anos, no seu blogue The Odissey. 

Não são homens com excesso de peso, frisa a jovem, “mas também não são modelos com abdominais definidos”. “Apesar de todas [as mulheres] adorarem um homem musculado, há qualquer coisa no dad bod que faz com que os homens pareçam mais humanos, naturais e atraentes”, defende Mackenzie Pearson.

E segundo a estudante, há vantagens para as mulheres: um homem com um corpo de pai de família não “intimida” – “as mulheres gostam de ser a parte mais bonita da fotografia”, explica, algo que com os homens metrossexuais, que têm mais cuidados, nem sempre acontece –, é “bom de abraçar”, e mostra como será o corpo na meia-idade. “Com um dad bod sabemos no que nos estamos a meter: o corpo dos 22 anos será o mesmo aos 45”, garante.

A nova definição – que até já tem como exemplos algumas celebridades masculinas, como o actor Leonardo DiCaprio, John Hamm, Adam Sandler ou Vince Vaughn – está a envolver anónimos, celebridades, redes sociais e imprensa: querem desenvolver o conceito, partilhar opiniões e imagens. Para o escritor Brian Moylan, o dad bod é uma “atroxidade sexista”.  

“O problema com o dad bod é que continua a reforçar a desigualdade sobre o que é aceitável para homens e mulheres. Enquanto as senhoras têm de que ir à aula de pilates e controlar cada caloria, os homens podem ser preguiçosos, comer todas as batatas fritas que quiserem e ainda esperar que as suas companheiras estejam em forma”, critica na revista Time.

Para o site Elite Daily, apesar da ideia do dad bod ser espectacular e celebrar os corpos masculinos que mudam conforme os homens envelhecem e não discriminar a gordura tipicamente acumulada na barriga, este movimento está equivocado. “Está a ajudar aqueles cujos limites de atracção já estão muito mais difundidos e aceites”, realça, frisando que “antes de alguém começar a apoiar publicamente a “mania do dad bod”, devia reconhecer e avaliar como vê os corpos de quem os trouxe ao mundo – as mulheres que vêem os seus corpos alterarem-se depois da gravidez.

Em Novembro, quando a “moda” dos lumberssexuais dominou a Internet, também o jornalista Hugh Morris, do britânico Telegraph, questionou o porquê de “estarmos tão obcecados em rotular todas as subsecções dos homens” e ironizou que no futuro, todas as semanas iria haver alguém a rotular uma nova moda do homem moderno mas que todas seriam passageiras. O tablóide britânico Daily Mail concorda, considerando esta é a “tendência quente do momento”.

No Instagram, além de o estilo dad bod ter já uma conta própria, com fotografias de estudantes universitários com a tal barriga saliente, a hashtag #dadbod foi usada mais de oito mil vezes.