• Vicente Alves do Ó, realizador de cinema
    Vicente Alves do Ó, realizador de cinema Branislav Šimoncík
  • Diogo Infante, actor
    Diogo Infante, actor Branislav Šimoncík
  • André Costa, modelo
    André Costa, modelo Branislav Šimoncík
  • João Miguel Tavares, jornalista
    João Miguel Tavares, jornalista Branislav Šimoncík
  • João Reis, actor
    João Reis, actor Branislav Šimoncík
  • José Avillez, chef de cozinha
    José Avillez, chef de cozinha Branislav Šimoncík
  • José Fidalgo, actor
    José Fidalgo, actor Branislav Šimoncík
  • Equipa de Basquetebol do Benfica
    Equipa de Basquetebol do Benfica Branislav Šimoncík
  • Julião Sarmento, artista plástico
    Julião Sarmento, artista plástico Branislav Šimoncík
  • Kalaf, músico
    Kalaf, músico Branislav Šimoncík
  • Manuel Alves, designer de moda
    Manuel Alves, designer de moda Branislav Šimoncík
  • Oriol Elcacho, modelo
    Oriol Elcacho, modelo Branislav Šimoncík
  • Ricardo Carriço, actor
    Ricardo Carriço, actor Branislav Šimoncík
  • Rui Pragal da Cunha, músico
    Rui Pragal da Cunha, músico Branislav Šimoncík
  • Luís Onofre, designer de calçado
    Luís Onofre, designer de calçado Branislav Šimoncík
  • João Manzarra, apresentador de televisão
    João Manzarra, apresentador de televisão Branislav Šimoncík
  • Tiago Monteiro, piloto
    Tiago Monteiro, piloto Branislav Šimoncík
  • Sérgio Dias, médico
    Sérgio Dias, médico Branislav Šimoncík
  • Pedro Gonçalves e Tó Trips, músicos
    Pedro Gonçalves e Tó Trips, músicos Branislav Šimoncík
  • Pedro Lima, actor
    Pedro Lima, actor Branislav Šimoncík
  • Ricardo Pereira, actor
    Ricardo Pereira, actor Branislav Šimoncík

Exposição

Cem portugueses calçaram saltos altos pelos direitos das mulheres

Campanha “100 Homens, Sem Preconceitos” quer chamar a atenção para a desigualdade de género.

Escritores, músicos, cientistas, actores, atletas, médicos, modelos, entertainers ou políticos. Todos responderam à chamada para um projecto que acende, mais uma vez, o debate sobre a igualdade de género. Calçaram sapatos de salto alto e foram fotografados. Este domingo, 8 de Março – Dia Internacional da Mulher – os 100 retratos são expostos e publicados em livro.

“Há um ano estávamos a trabalhar na edição de Março da revista e a ideia surgiu como um artigo, delimitado àquela edição, em que convidávamos dez homens a dar vida à expressão ‘calçar os sapatos dos outros’, colocando-se no lugar da mulher”, conta Sofia Lucas, directora da revista portuguesa Máxima, organizadora da campanha, ao Life&Style. 

Mas, por ser “demasiado importante” para ficar circunscrito a apenas um número de uma edição, a revista transformou a ideia numa campanha abrangente e iniciou um processo de recrutamento de homens portugueses, das mais variadas áreas. Contactou-os um a um, pediu-lhes que confiassem na qualidade e participassem na divulgação da mensagem.

As sessões fotográficas
Um ano depois – com alguns “nãos” pelo meio, devido a preconceitos e a receios de conotações sexuais erradas mas com muitos “sins” e voluntários – o portefólio está completo. “A partir do momento em que tivemos os primeiros retratos foi mais fácil mobilizar, não só pela causa em si mas também com menos medo”, revela Sofia Lucas, que esteve presente em quase todas as sessões fotográficas.

Do alto dos stilettos criados por Luís Onofre, ouviram-se exclamações como “isto é muito difícil!” ou “agora damos ainda mais valor às mulheres!”. Alguns dos convidados nunca tinham experimentado sapatos de salto e houve mesmo uns com “problemas de equilíbrio”, relata a directora da Máxima. Mas a boa-disposição imperou – os jogadores da equipa de basquetebol do Benfica, “todos com pés enormes”, conta, saltaram e jogaram de sapatos calçados.

A partir do próximo domingo e até dia 2 de Abril, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, vai ser possível ver o resultado desta experiência. Mais: estarão disponíveis vários pares de sapatos de salto alto para os visitantes masculinos calçarem e “terem outra perspectiva acerca destes retratos”.

Na ordem do dia
“É preciso mexer e acordar consciências. Estamos a viver uma falsa ilusão de progresso com as novas gerações”, defende Sofia Lucas. “É de louvar todo o apoio e em especial nesta data, 8 de Março, mas temos de ter apoio sempre. É como o Natal, não se pode acordar para este tema só em determinada altura do ano. O que nós queremos é que se fale sempre, que se aponte sempre o dedo. Durante o ano inteiro”, continua.

E chamar todos ao debate, tal como a actriz e embaixadora da Boa Vontade das Nações Unidas, Emma Watson, fez em Setembro, quando lançou a campanha mundial He for She (“Ele por Ela”, em português) e apelou directamente aos homens: “Gostava de aproveitar esta oportunidade para vos convidar formalmente para a discussão. A igualdade de género é um problema vosso também”. O discurso tornou-se viral e gerou milhões de conversas sobre a igualdade de género nas redes sociais. 

Para a directora da Máxima, a actriz britânica pegou num “discurso antigo” e tornou-o “trendy”. “Ela repetiu um discurso que é antigo mas fez com que chegasse de uma maneira fresca e nova às gerações que já não ouvem nem sequer valorizam este tipo de preocupações”.

Com 100 Homens, Sem Preconceitos – Um Passo pela Igualdade, o objectivo é o mesmo. “Pedimos aos nossos homens para se colocarem nos sapatos delas. Temos de estar todos juntos nisto. A ideia é começar a falar de direitos humanos e não de direitos de igualdade”, frisa.

A urgência é necessária, alerta Sofia Lucas, “principalmente depois dos resultados assustadores do estudo do Fórum Económico Mundial” – que revelam que só daqui a 80 anos é que as mulheres terão as mesmas oportunidades de trabalho, os mesmos salários e a mesma possibilidade de chegar à liderança das empresas.

Portugal ocupa o 39.º lugar. No topo da igualdade estão os países nórdicos. “Achamos que por estarmos em plena Europa somos um país muito evoluído mas à nossa frente temos Moçambique ou o Quénia”.

Ao longo do ano, a Máxima vai continuar com a iniciativa e apela não aos órgãos de comunicação social, mas a todas as pessoas para lutarem contra as desigualdades. “Ainda há um grande trabalho a fazer, o primeiro passo é não ficar calado”, remata.

A exposição tem entrada livre, todos os dias, entre as 10h e as 18h. As imagens vão também figurar num livro. Todas as receitas angariadas com a venda desta edição revertem a favor da Laço, uma associação sem fins lucrativos que trabalha na prevenção e apoio às mulheres com cancro da mama.