Chocolate
O chocolate bom, o mau e o Chocolate em Lisboa
Mais do que dar a provar, o Chocolate em Lisboa quer ensinar. A partir desta quinta-feira e até dia 8, no Campo Pequeno.
Desde os benefícios do chocolate na alimentação, a dicas sobre o que combina com cada chocolate ou receitas gourmet.
“O Chocolate na Alimentação” é um desses workshops que quer dar mais informação às pessoas e, acima de tudo, “desmistificar o papel do chocolate na alimentação”, explica Odete Estevão, nutricionista e fundadora do Cacau Clube de Portugal, ao Life&Style.
Odete Estevão descobriu o cacau por razões de saúde e pela vontade de alterar a alimentação que fazia. Desde então, todos os dias de manhã bebe cacau em pó. “O chocolate é um vegetal, ao contrário dos outros doces que são feitos essencialmente com ovos e leite e estão carregados de proteínas animais, o que é uma sobrecarga para o organismo”, explica. Para a nutricionista, o mais importante é saber escolher o chocolate, daí a distinção entre chocolate bom e chocolate mau, e só depois podemos falar em benefícios.
“É devido à sua composição que um chocolate é bom ou mau. Um chocolate bom é composto por pasta de cacau [a semente do cacau esmagada], por uma mínima percentagem de açúcar e depois tem a manteiga de cacau”, esclarece. Na pasta de cacau, estão os minerais – que têm uma quantidade de potássio e fósforo considerável – e os polifenóis, uma substância antioxidante presente apenas na substância escura do cacau, obtida depois de esmagar a semente. “Tem até mais antioxidantes do que o vinho, por exemplo”, acrescenta.
Para a alimentação, a maior vantagem do chocolate é funcionar simultaneamente como antioxidante. “E a única gordura que está lá dentro, a manteiga de cacau, é uma gordura boa para o sistema cardiovascular”, frisa Odete Estevão, que enumera outros benefícios: “É óptimo para o cérebro e tem teobromina, uma substância que nos dá energia. Num mau chocolate, há gordura má e os cacaus possivelmente não foram tão bem trabalhados e não têm os polifenóis, por isso não nos fazem bem”.
“Há imensos estudos que comprovam que o chocolate diminui a pressão arterial, por exemplo. Mas tem de ser sempre um bom chocolate”, diz, garantindo que o “intervalo óptimo” de uma tablete de chocolate é quando esta tem entre 60 a 70% de substância escura.
“Hoje em dia a ideia de que uma dieta é sinónimo de corte total de doces e chocolates está a mudar ligeiramente. As pessoas que não tiram os chocolates maus da sua alimentação engordam. Quem faz uma alimentação regular com um determinado tipo de chocolate bom, comem e emagrecem”, diz, apesar de frisar que não é só o “chocolate bom” que faz as “maravilhas”. É, sim, o chocolate aliado a um plano alimentar rico também em frutas e legumes.
Fazer dieta com chocolate
Outro dos workshops chama-se “A dieta do Chocolate” e parte de um livro escrito pelo nutricionista Alexandre Fernandes, a ser lançado no dia 25 de Fevereiro. Para o nutricionista, a própria conotação da palavra “dieta” é restritiva e, por isso, é preciso explicar as pessoas como o introduzir na dieta e conduzi-las na descoberta do seu próprio metabolismo. “Uma dieta não tem de ser um regime alimentar monótono ou sem sabor. No meu esquema alimentar, o chocolate é o rei e pode ser consumido para dar prazer”, diz-nos.
“A dieta que eu proponho é de médio valor calórico, normocalórica, tanto para homens como para mulheres, e sugere a introdução de quantidades apropriadas de chocolate para conduzir ao emagrecimento”. E, conta, há várias formas de o introduzir. “A pessoa, além de estar a cumprir o plano alimentar, tem a opção de escolher a variedade que mais gosta e comer a porção adequada ao seu plano. Se escolher chocolate preto, pode comer cerca de 30 gramas por dia. Se for chocolate branco, que não é recomendado, umas 12 gramas. E chocolate de leite pode chegar até às 20 gramas”, diz.
Para o nutricionista – que não gosta de falar em chocolate “bom” ou “mau” – a melhor opção é, indiscutivelmente, o chocolate negro e o tal quadradinho. “O que digo aos meus doentes é para comerem um quadradinho de chocolate preto todos os dias e eles costumam comer depois de jantar que é quando ficam mais saciados”.
O problema, diz Fernandes, são os exageros. “A maioria das pessoas acaba por exagerar no chocolate e por isso não vê estes efeitos materializados”, explica. “Se eu comer montanhas de vegetais, também me faz mal. Tudo o que é exagerado faz mal”, sustenta a fundadora do Cacau Clube, acrescentando que é importante “uma pessoa gulosa controlar a cabeça, educar-se”.
Alexandre Fernandes também faz referência à teobromina do chocolate. “É uma substância muito parecida com a cafeína que faz com que a pessoa fique mais activa e ao ficar mais activa, queima calorias”. Tanto Alexandre Fernandes como Odete Estevão, concordam que o maior mito em torno do chocolate é a ideia de que engorda. “O chocolate não engorda se for consumido com conta, peso e medida e se a pessoa estiver a adoptar um estilo de vida saudável”, defende o nutricionista. Odete Estevão corrobora e quebra outro mito: “Muitos acham que é afrodisíaco. Isso é devido à teobromina. Ficamos muito satisfeitos e é essa satisfação que dá a ilusão de ser afrodísiaco”.
Chocolate em Lisboa no Campo Pequeno
A partir desta quinta-feira e até dia 8, o Campo Pequeno, em Lisboa, é invadido pelo cheiro a chocolate. Entre chococookings, workshops e provas de degustação, há uma montra de projectos nacionais e internacionais com tabletes de chocolate, bombons, brigadeiros, trufas, macarrons, entre outras iguarias. O denominador comum é o chocolate, de todas as formas e feitios.
Este ano, o Chocolate em Lisboa espera receber “mais de 35 mil pessoas”, diz Filipe Frazão, responsável pela iniciativa, em nota à imprensa, anunciando novidades: o novo espaço “O Chocolate é uma Jóia” e a exposição “Da Flor do Cacau ao Chocolate”, que é uma viagem às origens do chocolate. No cocktail de apresentação à imprensa, esta quarta-feira ao final da tarde, quatro bailarinos foram os protagonistas de uma coreografia dramática ao som de It’s Oh So Quiet da cantora Björk. Com pulseiras, brincos ou colares a adornar o corpo, mostraram a versatilidade do cacau e da joalharia – feita por Tânia Gil.
Também foram apresentadas algumas propostas gastronómicas – entre doces e salgados – do hotel Myriad by Sana: foie gras com cacau, pato fumado com cacau, creme brûlée de chocolate ou trufas de chocolate branco com mousse de maracujá. A mistura de sabores, diferente do habitual e que, ao início, pode causar estranheza, estará também à disposição dos visitantes no evento, durante as demonstrações culinárias.
O Chocolate em Lisboa abre portas às 10h30 e fecha as 21h30 e a entrada custa 3,50 euros. A participação nos workshops requere inscrição à parte e os valores variam entre os oito e os dez euros.