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Estudo

Investigação avança que a luz dos ecrãs interfere com o sono

Um novo estudo comprovou que a luz dos ecrãs dos tablets e smartphones interfere com o sono. Por isso, aconselha a não usar estes dispositivos antes de deitar.

“Nos últimos 50 anos houve um declínio no tempo médio de sono e na sua qualidade, o que tem consequências adversas na saúde”, explicam os autores do estudo, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences de Dezembro. O objectivo deste trabalho foi o de preencher a lacuna que existe sobre os efeitos da luz artificial deste tipo de dispositivos no ritmo circadiano natural do corpo.

Para isso, convidaram um grupo de pessoas para dormir, durante duas semanas, num hospital privado e para ler durante quatro horas antes de irem para a cama. Enquanto uns leram jornais e revistas em papel, outros leram em tablets ou telemóveis.

Os que optaram pelos dispositivos electrónicos sentiram-se menos sonolentos à noite e demoraram, em média, mais dez minutos a adormecer do que os que não mexeram em smartphones. Também de manhã, ao acordar, sofreram outras consequências: sentiam-se menos alerta e menos despertos.

Durante a noite, os utilizadores de tablets experienciaram uma queda de 50% da melatonina, isto é, a hormona que faz as pessoas sentirem-se sonolentas, e o próprio ciclo da melatonina foi alterado, com um atraso de uma hora e meia, criando um género de jet lag.

“Já tínhamos uma ideia dos efeitos da luz à noite. Ficámos surpreendidos com os resultados sobre a sonolência e o estado de alerta na manhã seguinte”, disse ao Vox Anne-Marie Chang, neurocientista e autora responsável pelo estudo.

Em Setembro, Richard Hansler, um físico norte-americano especialista nas questões do sono, explicou ao site Gigaom que “a culpa de tudo isto” é da luz azul presente nos ecrãs de smartphones e tablets. Quando a melatonina é exposta à luz azul, esclareceu, a sua produção é reduzida, o que pode ajudar no desenvolvimento de doenças cardíacas, diabetes, obesidade e até alguns tipos de cancro.

Outros investigadores norte-americanos, num estudo anterior, de Junho de 2013, defenderam que não há motivo para preocupação: se os dispositivos forem utilizados a uma “distância segura do rosto”, cerca de 30 centímetros, a luz não interfere com a produção da hormona nem com a qualidade do sono. Anne-Marie Chang também aconselha: “se tiverem mesmo de usar este tipo de dispositivos, o melhor é diminuir o brilho”.