Campanha
Há uma modelo transgénero que está a mudar a indústria da beleza
Chama-se Lea T, tem 33 anos e é uma modelo brasileira, musa do designer Riccardo Tisci na maison francesa Givenchy. Já representou grandes nomes da moda mas é a primeira vez que assina um contrato de beleza.
Estreou-se na campanha Outono/Inverno 2010 da Givenchy, tornou-se a musa da marca e em Janeiro de 2011 beijou Kate Moss para fazer uma das capas mais memoráveis da revista Love. Nesse mesmo ano, revelou no programa de Oprah Winfrey que passou a maior parte da vida atormentada por um “segredo doloroso”: nasceu homem e escolheu, em 2008, começar a substituição de hormonas e ser alvo de cirurgia.
Esta quarta-feira, a top model que já apareceu em centenas de campanhas e editoriais e chegou mesmo a posar nua para a revista Vogue francesa quando Carine Roitfeld era editora, fez história na indústria da beleza: a modelo alta, de cabelos compridos é a nova musa da linha de coloração de cabelo Chromatics da marca de cosméticos Redken.
Lea T escolheu as redes sociais para dar a notícia. “Estou muito entusiasmada por ser o novo rosto da Redken”, escreveu no Instagram, partilhando uma fotografia tirada por Matt Irwin para a campanha fotográfica. “A minha mãe tem um cabelo lindo e quando eu era pequena tinha muita inveja. O cabelo é muito importante para uma mulher e eu sou uma sortuda por o meu ser natural, forte e brilhante”, acrescentou.
Shane Wolf, director geral da Redken, elogiou a modelo. “Lea T é uma verdadeira pioneira da beleza. Ela reflecte a visão de beleza global e tem um sentido único de individualidade e beleza que é, incontestavelmente, só dela” ao que Lea respondeu “Gosto de trabalhar com a Redken porque eles apreciam todos os tipos de beleza”.
O jornal britânico Independent realça que o mundo da moda tem sido muito receptivo à comunidade transgénero. Laverne Cox, estrela da série de televisão Orange is the new black posou para a InStyle; Conchita Wurst desfilou a alta-costura de Gaultier em Paris. Mas, diz a publicação, a indústria da beleza é “uma história diferente”.
Apesar da recente receptividade a uma maior diversidade – caso de Lupita Nyong’o como embaixadora da Lancôme, da drag queen RuPaul nas campanhas da MAC Cosmetics e da escolha de mulheres mais velhas para campanhas publicitárias, como Helen Mirren para a L'Oréal – a abertura ainda é menor quando comparada com a do mundo da moda. Mas ter a cara daquela que é considerada a primeira modelo transgénero do mundo high fashion espalhada em outdoors e salões de cabeleireiro (a partir de Janeiro 2015) pode ser mais um ponto de viragem.