Estudo
O meu filho não é gordo!
A má alimentação e a obesidade andam a passar despercebidas. Pelo menos para os pais, concluiu um estudo que revela que os pais consideram os filhos saudáveis, mesmo quando estes têm excesso de peso.
O aumento da obesidade infantil está a dificultar a visão objectiva dos pais, diz o estudo publicado segunda-feira na revista científica Pediatrics.
Pegando em dois intervalos de tempo diferentes (1988-1994 e 2005-2008), os investigadores concluíram que a percepção dos pais sobre o estado de saúde dos filhos mudou. Enquanto no primeiro intervalo, os progenitores tinham consciência que os filhos estavam "gordos"; no mais recente, os pais – na sua maioria, as mães – consideram os seus rebentos saudáveis, apesar do peso a mais que têm.
Para chegar a estes resultados, os investigadores perguntaram aos pais se consideravam que os filhos, com idades compreendidas entre os 6 e os 11 anos, tinham excesso de peso, peso a menos ou se estavam no peso ideal. De seguida, o peso da criança e a altura foram calculados de modo a chegar ao índice de massa corporal.
A maioria dos pais entrevistados entre 1988 e 1994 (51%) teve uma percepção correcta acerca do peso da criança. Já entre 2005 e 2010, esse número baixou para 44%.
Jian Zhang, um dos investigadores, reconhece, no entanto, que as definições médicas sobre a obesidade e o excesso de peso se tornaram complicadas, o que dificulta a compreensão dos pais, acrescentando que tudo isto é um ciclo vicioso: “Os pais acreditam, incorrectamente, que as suas crianças são saudáveis; não agem. Isso aumenta a probabilidade das crianças se tornarem ainda menos saudáveis”.
Adelle Cadieux, psicóloga pediátrica do Healthy Weight Center, em West Michigan, EUA, disse à imprensa local do estado de Michigan, que esta mudança se prende com as crescentes comparações sociais. “Olhamos à nossa volta, para as pessoas no nosso bairro ou nas escolas e comparamos. Se muitas crianças são do mesmo tamanho e têm o mesmo peso que os nossos filhos, os pais pensam que a sua criança está, provavelmente, bem”, explicou.
Zhang acrescentou ainda que outra das razões para a “falta de noção” dos pais acerca dos filhos, pode ser a relutância em rotular a criança como “obesa” por causa dos preconceitos à volta do termo.