Mulheres
Depois dos ginásios e dos seguros, chegou a Paris uma oficina para mulheres
Na oficina parisiense Only Girls, inaugurada em Abril,em Saint-Ouen-l'Aumône, os calendários com mulheres em poses ousadas foram substituídos por papel de parede em tons de malva; e as habituais cadeiras plastificadas deram lugar a sofás de veludo. Aos serviços tradicionais juntaram-se mais dois: manicura e massagens.
Muitas mulheres sentiam-se discriminadas na forma como eram atendidas, era o caso de Sandrine Heutenne, mãe solteira, de 42 anos: “Uma vez, fui a três oficinais pedir orçamentos e deram-me três valores diferentes. Desde que passei a pedir ao meu tio para fazer isso por mim, estranhamente o preço desceu”, conta à agência AFP.
A cliente foi, desta forma, seduzida pela ideia de encontrar uma equipa sobretudo feminina e, consequentemente, um “verdadeiro vínculo de confiança”. Sandrine Heutenne não tem dúvidas de que há “mais transparência” nas reparações efectuadas, quando “o número de funcionários masculinos desce”.
Desde que abriu as portas, a oficina já recebeu 40 clientes, dois terços dos quais é mulher. Para Jennifer Collon, de 25 anos, o facto de a garagem oferecer também serviços de manicura, fez com que se sentisse “bem-vinda”.
Para além dos serviços prestados, a oficina procura ser diferente na forma como atende os clientes, nomeadamente esclarecendo as dúvidas, por vezes embaraçosas. Sandrine Hautenne refere que uma jovem mecânica acompanhou-a mais de 15 minutos e respondeu a diversas questões, “tudo o que um homem não teria feito”.
A oficina, segundo o especialista em consumo, Rodolphe Bonasse, insere-se no denominado Marketing de Género”, que apesar do “ligeiro atraso em relação a países como o Japão ou a Inglaterra”, tem-se vindo a desenvolver, nos últimos dez anos em França. Nos últimos tempos foram lançados ginásios, seguros e até cartões de crédito destinados unicamente a mulheres. Por cá, estes serviços também já existem: ginásios onde os homens não entram, bem como seguros automóvel e cartões bancários.
Segundo o especialista em consumo, a criação de serviços destinados a mulheres procura acompanhar “as mudanças sociais”, nomeadamente a emancipação feminina e o aumento do número de mães solteiras, através de “uma comunicação de género”.
Apesar de o conceito de marketing de género parecer favorecer as mulheres, algumas feministas defendem o contrário. De acordo com Sophie Gurion, blogger, o discurso empregue pelas marcas ainda é “retrógrado e muito estereotipado”.