Steve Marcus / Reuters

Estudo

O custo do casamento em Portugal aumentou 74% em 20 anos

Um casamento para 100 convidados é mais caro hoje que há 20 anos.

Contudo, o volume de negócio gerado por esta indústria tem vindo a diminuir cerca de 38% em cada década. Num país onde os casamentos são cada vez menos e mais tardios, arranca hoje a 20ª edição da Exponoivos, principal feira do sector nupcial, no Centro de Congressos de Lisboa.

No mês em que celebra o 20.º aniversário, a Exponoivos lança um estudo comparativo sobre o casamento em Portugal nas últimas duas décadas. A partir de dados do INE, Pordata e de uma pesquisa da NewEvents Global junto de operadores do mercado e noivos, nos anos 1994, 2004 e 2014, conclui-se que os portugueses casam menos, mais tarde, preferem a cerimónia civil e que pagam mais pelo casamento. 

Um casamento médio em Portugal custa actualmente 26,151 euros , de acordo com um estudo comparativo da Exponoivos. Há dez anos, o mesmo casamento far-se-ia por 20,000 euros e, em 1994, a festa não custaria mais que 15.000 euros. Para chegar a estes valores médios, a Exponoivos contabilizou as despesas de fotografia e vídeo, lua-de-mel, vestido e fato de noivo, flores, aluguer de carro, convites, brindes, animação, alianças, bolo de noiva, e boda para 100 convidados.

Esta evolução de custos ao longo de duas décadas reflecte-se num aumento de 74% e 31% relativamente a 1994 e 2004, respectivamente. Para a Exponoivos, o aumento deve-se à evolução natural do mercado, responsável por maior consumo e poder de compra por parte dos noivos, “que lhes permite serem mais exigentes e pretender que o dia do seu casamento seja único”, lê-se no estudo.

Em contraciclo com o aumento do custo dos casamentos, verifica-se um decréscimo do volume de negócio gerado por esta indústria de cerca de 38% em cada década desde 1994. Mesmo com os casamentos mais caros, o contraciclo não tem sido compensado “devido à redução sistemática do número de casamentos celebrados na última década em mais de 40%”, de acordo com o estudo. De 2004 para 2012, o volume de negócios anual gerado pela indústria do casamento terá caído dos 983, 560 euros para os 605,740 euros. 

Ainda assim, a Exponoivos destaca a importância macroeconómica da indústria, cujo “volume de negócio contribui quase com 0.5% do PIB, assim como é gerador de milhares de empresas directas e indirectas nos mais de 40 subsectores de actividade envolvidos”.

Casar menos, mais tarde e no civil

Nos últimos 20 anos, o número de casamentos em Portugal tem vindo a diminuir constantemente. De acordo com o estudo da Exponoivos, em 2012 (ano relativo aos dados estatísticos mais recentes do INE e da Pordata), realizaram-me menos 47.8% casamentos em relação a 1994 e menos 30% que em 2004. A taxa de nupcialidade, que relaciona o número de casamentos por cada mil habitantes, tem vindo a comprovar essa tendência: actualmente fazem-se 3.3 casamentos por mil habitantes, metade do que acontecia em 1994.

A excepção vai para o casamento homossexual. Desde a entrada em vigor da lei que permite casamentos entre pessoas do mesmo sexo, em 2010, tem-se vindo a assistir a um aumento deste tipo de casamentos equivalente a 22%. 

Os portugueses casam cada vez mais tarde. Os noivos de há 20 anos, casavam cinco anos mais cedo que os noivos de hoje, que dão o nó em média aos 30 anos. Facto que, para a Exponoivos, se deve a “uma preferência pela estabilidade profissional e de vida antes de darem o passo para o casamento”. Contudo, a organização da maior exposição de casamentos do país acredita que dar o nó mais tarde “permite também um maior poder aquisitivo e de maturidade face à relação com o casamento e à organização deste, o que é comprovado pela maior capacidade económica despendida pelos noivos nestes últimos 20 anos.”

Duas décadas foram ainda suficientes para uma inversão total na forma de celebrar o matrimónio: o casamento religioso é substituído pelo civil “traduzindo mudanças culturais profundas na sociedade”, de acordo com o estudo da Exponoivos. Os casamentos religiosos representavam, em 1994, 69,9% das escolhas, valor que em dez anos diminuiu para 57,%, mantendo-se ainda como a forma mais comum de celebração. Contudo, em 2012, deram o primeiro lugar aos casamentos civis com 62%, contra 37,6% de casamentos religiosos. 

A 20ª edição da Exponoivos realiza-se de 10 a 12 de Janeiro no Centro de Congressos de Lisboa e de 17 a 19 de Janeiro na Exponor, no Porto, sob o lema: “um clássico do amor em Portugal”.