• Daniel Rocha
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Primeiro dia de vendas na loja H&M

Partida, largada, Versace!

A fila à porta da loja H&M, no Chiado, voltou a repetir-se hoje, o primeiro dia em que a colecção Versace para a marca sueca estava disponível para venda, embora sem as centenas das estreias anteriores. A reacção do público ao lançamento de mais uma colecção assinada começa a ganhar contornos de tradição. Entre estampados, tachas e o tinir da campainha, a ocasião reuniu, esta quinta-feira, “predadores” da moda que, aparentemente, conseguem contornar a crise.

As portas só abriram às 10h, mas meia hora antes, já cerca de 80 pessoas se aglomeravam ordeiramente numa fila que descia a Rua do Carmo, em Lisboa, onde se situa a única loja H&M em território português entre as 300 a nível mundial que receberam a colecção especial da Versace para a marca sueca. Uma visão que não é comparável às centenas que acorreram aos saltos da Jimmy Choo ou aos vestidos da Lanvin, é certo. Mas ainda assim, os coordenados assinados por Donatella Versace, a directora criativa da marca italiana, revelaram-se motivo suficiente para despertar o consumismo predatório de alguns. Na vitrina, a amostra de uma colecção que muitos já conhecem de cor e salteado: padrões frenéticos, estampados selvagens e ainda o fato rosa choque para homem.

A primeira da fila é uma rapariga de 24 anos que se identifica como “Donatella” – que assim seja, façamos-lhe a vontade. “Donatella” chegou às quatro horas da manhã para garantir o primeiro lugar na linha de partida. A simpatia pela marca e o receio de uma enchente como nas edições anteriores encorajaram-na a madrugar. “No resto do ano apenas faço compras nos saldos. Para mim [esta colecção]é uma prioridade. Olho para a conta bancária, ponho a mão na consciência e decido quanto vou gastar”, afirma. Os preços da colecção especial variam entre os €19,95 e os €349 e o seu budget é de 300€, podendo acontecer um ou outro deslize. Finanças à parte, traz as suas peças preferidas impressas e alguns alvos bem definidos, nomeadamente o vestido com tachas que a própria Donatella (a Versace) usou no desfile de apresentação, em Nova Iorque.

Às dez horas, uma contagem decrescente antecedeu o arranque, com direito aos já habituais sprints e exclamações exultantes. Os funcionários exibiram as variações cromáticas do padrão leopardo que a signora Versace adoptou como mote no seu rasgo criativo. Ao fundo da loja, na zona reservada à colecção, só podem entrar cerca de vinte pessoas de cada vez e durante apenas dez minutos controlados por uma sineta. “Então traz-me o lenço!” – é alguém ao telefone, do lado de fora da divisória.

Em tempo de crise e num dia de semana, a afluência foi menor em relação a edições anteriores. Mas quem compareceu, nem por isso esteve menos aguerrido. A mesma rapidez a escolher os tamanhos e a pôr os artigos dentro do saco, só que agora com prioridades bem definidas e com orçamentos mais calculados - na loja dizem-nos que a maioria dos pagamentos foi feito com cartões de crédito. Decididamente, a corrida deu-se com o habitual entusiasmo de quem leva para o roupeiro peças que, no final do dia, podem já não estar à venda.

Os homens em destaque

À espera de vez estão Ana e António, uma dupla composta por tia e respectivo sobrinho que são já habitués dos lançamentos de colecções de autor na H&M. Ana prepara-se para deitar mão aos estampados, peles e tachas, o que lhe chega para bater no tecto de €500 que definiu. António já traz um saco de compras bem recheado, mas "metade disto não vai", para garantir que o sagrado orçamento é cumprido à risca.

Dois andares abaixo, a colecção de homem esteve mais tranquila, embora lá fora fosse claro que o género masculino se deslocou em massa à loja da multinacional sueca. Feitas as compras, as prateleiras e charriots desfalcados deixam lugar para a pergunta: qual será o próximo nome a causar fila à porta da H&M, no Chiado?