O grupo de investigadores norte-americanos pretendeu com este estudo perceber de que forma a exposição das mulheres grávidas a estes químicos poderia influenciar o desenvolvimento cognitivo da criança. Para isso, acompanharam um grupo de mulheres grávidas e depois os seus filhos até aos 7 anos em dois locais diferentes, entre eles uma comunidade agrícola, na Califórnia, nos Estados Unidos. Na comunidade agrícola, a maior parte das mulheres trabalhavam na agricultura e tinham familiares a trabalhar nos campos e por isso estavam mais expostas aos pesticidas usados na área para combater as pragas nas culturas.

Uma vez grávidas, avaliou-se a exposição de organofosfatos através da constante medição de metabolitos na urina das grávidas e também nos seus bebés até completarem cinco anos de idade. Mais tarde, quando as crianças completaram sete anos foram aplicados testes de inteligência, concluindo-se que as crianças com piores resultados nos testes de inteligência (pior memória, velocidade de processamento, compreensão verbal e menor quociente de inteligência) eram as que tinham mães cuja exposição aos pesticidas tinha sido maior durante a gestação. No entanto, os investigadores ressaltam que não foi encontrada nenhuma relação entre a exposição das próprias crianças depois de nascer. De acordo com o estudo, os organofosfatos passam da mãe para o feto através da placenta e o cordão umbilical.

Nos resultados agora publicados na revista especializada, os investigadores da Universidade da Califórnia, explicam ainda que esta tendência também foi encontrada fora da comunidade agrícola, lembrando que os alimentos comprados no supermercado também requerem cuidados. Não quer isto dizer que as mulheres não devem comer frutas, legumes e vegetais mas sim terem cuidado, não se esquecendo de lavar os alimentos.

"É muito importante que as mulheres grávidas tenham uma dieta adequada. Têm é que ter em atenção que frutas e legumes devem ser muito bem lavados antes de serem comidos ou até mesmo destacados", Brenda Eskenazi, investigadora e professora de saúde materno-infantil na Universidade da Califórnia.

A utilização doméstica de organofosfatos há muito tempo que é proibida devido à neurotoxicidade destes compostos que representam um risco para a saúde. No entanto, há ainda muitas pessoas que recorrem ao uso destes pesticidas na agricultura.