Paulo Pimenta

Antes do adeus do Armazém dos Linhos

O último dia de Janeiro marca a saída do negócio histórico da Baixa do Porto. Abriu em 1905, muda de casa em 2025. Há outras lojas da cidade que se despedem do centro por estes dias.

 

 

 

Era uma loja luminosa, com cor e luz, cheia de vida. Nas últimas semanas, o Armazém dos Linhos, negócio centenário da Baixa do Porto, foi-se vestindo de tons mais negros e despindo as paredes de tudo. Os rolos de tecido foram desaparecendo, assim como as camisas, os aventais, os panos da louça, as toalhas de mesa, os sacos de pão. Emparedadas ficam as memórias de anos a fio de compras e vendas naquela que alguns clientes apaixonados já classificaram como "uma das lojas mais bonitas da cidade". 

Esta sexta-feira, dia 31 de Janeiro, as duas irmãs proprietárias do Armazém dos Linhos desde 2011 entregam a chave ao senhorio. Filipa e Leonor Pinto Basto até já encontraram um lugar provisório para instalarem o negócio, e continuam à procura de uma morada definitiva para a nova vida do Armazém dos Linhos, mas quando fecharem a porta do número 15 da Rua de Passos Manuel será um capítulo importante da cidade que se fechará. O prédio onde estava instalado o Armazém dos Linhos vai dar lugar a (mais) um hotel.

O fotojornalista Paulo Pimenta acompanhou as irmãs Filipa e Leonor, e alguns dos funcionários do Armazém dos Linhos, nos últimos dias na Rua de Passos Manuel. Embalaram, ensacaram, acondicionaram, arrumaram, varreram, limparam, choraram. Mas voltaram a arregaçar as mangas, que o espectáculo tem de continuar.

Também para esta sexta-feira está marcado o adeus da Ourivesaria Âncora à Rua 31 de Janeiro. E, nos próximos dias, será a vez de a Casa dos Linhos deixar a Rua de Fernandes Tomás. "São pedaços de memória da cidade que se apagam e que não podem ser substituídos", comentou, na semana passada, Felisberto Carvalho, um dos sócios da loja que abriu em 1865. Sandra Silva Costa