Mães há muitas
Queridos pais, atinem ou fujo de casa
Cheguei há meia dúzia de meses e não quero criar mau ambiente. Li sobre essa teoria dos bebés revirarem a vida dos pais, mas lamento informar que vocês o conseguem fazer sozinhos.
Cheguei há meia dúzia de meses e não quero criar mau ambiente. Li sobre essa teoria dos bebés revirarem a vida dos pais, mas lamento informar que vocês o conseguem fazer sozinhos.
Estão sempre impecáveis, não há bolsado que as apanhe em falso. Nem aos filhos. Sacam mais rápido da Dodot do que o Lucky Luke da pistola.
A expressão “a noite é uma criança” passou a ter um sentido literal. Tenho sono desde que a Laura nasceu.
A minha filha roubou-me as certezas. Mas não tenho a certeza.
Está certo que as mulheres têm o relógio biológico a morder-lhes os calcanhares, mas parece que os homens não têm limite de horas ou prazo de validade para ter filhos.
Há uma espécie de comportamento parental paranóico. Nas primeiras noites, os pais verificam a cada três minutos se o bebé respira. E, quando querem falar um com o outro, sussurram.
Talvez daqui a uns anos possamos visitar o museu de Antropologia para mostrar aos nossos netos como eram as avós de antigamente.
Tenho para mim que um bom pai também pode ser aquele que já apoia só por não atrapalhar.
Dei de amamentar três meses. Isso coloca-me num meio-termo, não sou boa nem má, fico ali em purgatório matriarcal.
Ninguém disse que ia ser fácil, mas também não explicaram que seria tão difícil. Uma crónica (honesta) sobre a maternidade.