Dicionário dos Alimentos
A de Alga
Apesar da nossa gastronomia - e cultura - nos proporcionar alimentos fantásticos, temos de reconhecer que algumas “importações alimentares” são sempre bem-vindas. Sobretudo se trouxerem o que nos trazem as algas aliando o seu valor sensorial à saúde.
Não existem muitos alimentos que se possam comparar às algas. Poderíamos pensar nelas como “hortícolas” vindos do mar, no entanto, a sua grande quantidade de iodo e vitamina B12 (em algumas espécies) confere-lhes uma marca distintiva de tudo aquilo a que estamos habituados a encontrar no reino vegetal.
De resto, o facto de a maioria das algas chegar até nós no seu estado desidratado faz com que concentrem quer a sua grande quantidade de vitaminas e minerais, quer a sua generosa contribuição de fibra, mesmo nas pequenas porções em que são consumidas. A pouca gordura que têm é também predominantemente polinsaturada com a vantagem de possuir uma relação ómega 6 / ómega 3 mais favorável a este último e, por consequência, à nossa saúde.
Mas, mais do que olhar separadamente para os seus nutrientes, importa analisar as algas de forma integrada, na plenitude dos seus constituintes, e enquadradas no seu modo de consumo. A este nível importa referir a tremenda capacidade de retenção de água das algas desidratadas (até dez vezes o seu peso) o que, aliada à sua grande quantidade de fibras solúveis e proteína, as torna num alimento de excelência na promoção da saciedade.
De igual modo, no decorrer de uma refeição de sushi ocorrem estas sinergias entre os vários ingredientes com a particularidade da nori, a alga mais utilizada no sushi, ser especialmente rica em vitamina C e potenciar a absorção de ferro de muitas das fontes não animais presentes nas numerosas peças.
Também a co-ingestão de algas e soja parece favorecer o metabolismo estrogénico em mulheres pós-menopáusicas e indiciar um papel positivo na prevenção do cancro da mama.
Devido ao seu elevado preço, as algas não poderão vir a ser um novo “legume” na nossa alimentação por agora. Ainda assim, quer pelo seu efeito isolado quer na sua conjugação com muitos dos seus parceiros gastronómicos, fica a certeza de que entre todas as viagens que fizermos na nossa alimentação, sairemos sempre a ganhar se o fizermos para Oriente.
Assistente Convidado da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
pedrocarvalho@fcna.up.pt