A cetona de framboesa era praticamente desconhecida até à sua aparição gloriosa e triunfal no programa do célebre Dr. Oz há alguns meses atrás, trazendo consigo o rótulo de “next big thing” no que diz respeito à perda de peso. Daí até à entrada em força no nosso mercado foi uma questão de semanas, não estivéssemos nós na presença de algo com todos os chavões que resultam nestas circunstâncias como: resultados rápidos (em apenas cinco dias), produto “natural”, sem contraindicações nem efeitos secundários. Assim, impõe-se a clarificação sobre o que é realmente a cetona de framboesa.

Estamos então a falar de um dos compostos aromáticos da framboesa, que já é amplamente utilizado na indústria da cosmética e como aromatizante em alguns produtos alimentares. A similaridade da sua estrutura química com a da capsaicina (já aqui falada no artigo do Pimento) e a sinefrina (dois “aceleradores do metabolismo”) fez com que se colocasse a hipótese da cetona de framboesa exercer efeitos semelhantes no nosso metabolismo. E será que de facto exerce? A resposta é muito simples: Não sabemos!

De facto, nem sequer se pode dizer que este é mais um suplemento para a perda de peso que não resulta uma vez que até agora não foi efectuado um único ensaio clínico em humanos. Os resultados que se têm observado nos poucos estudos feitos até agora in vitro e em ratos (em doses mais altas do que as observadas nos suplementos que estão no mercado) são bastante promissores quer no aumento da oxidação de gordura quer na diminuição da sua absorção ao inibir a acção de uma das enzimas responsáveis pela sua digestão. Também no aumento da expressão e secreção de adiponectina (um “bom da fita” no que diz respeito à obesidade, diabetes tipo 2 e demais patologias) a cetona de framboesa parece ter efeito, mas mais uma vez apenas in vitro.

Assim, um dia mais tarde, este artigo poderá estar errado e a cetona de framboesa ser mesmo um suplemento eficaz na perda de peso. No entanto, face aos dados de que dispomos no momento, a única coisa que temos a certeza que irá emagrecer em nossa casa é mesmo a nossa carteira… e talvez o nosso hamster!

*Assistente Convidado da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
pedrocarvalho@fcna.up.pt