Dicionário dos Alimentos

C de Camarão

Camarão que é camarão tem de ser comido com o medo de aumentar os nossos valores de colesterol! De facto, o camarão forma uma irmandade com os ovos resistindo ambos de mãos dadas a esta falaciosa ideia que tanto consegue denegrir estes dois fantásticos alimentos.

A quantidade de gordura que existe no camarão é algo próximo do irrisório - o que não o impede de possuir níveis interessantes de ómega 3. No meio de tudo isto, temos um alimento “terrível” para o colesterol que praticamente não possui nenhum dos nutrimentos mais intrincados à subida dos seus valores sanguíneos, ou seja, as gorduras saturadas e trans. É fácil olhar para uma tabela de composição de alimentos e constatar que o camarão possui de facto uma quantidade considerável de colesterol na sua composição, todavia, essa mesma tabela fornece-nos dados que sustentam que o camarão é um autêntico protector do sistema que mais ficaria afectado pelos alegados altos níveis de colesterol no nosso organismo (estamos a falar, como é lógico, do sistema cardiovascular). Neste contexto, para além de dar uma ajudinha ao cumprimento das recomendações de ingestão de ómega 3, o camarão transborda vitamina B12 e selénio, tudo coisas que o nosso coração agradece! A isto acrescentamos igualmente níveis de ferro superiores ao de um bife e valores de cálcio que quase se equiparam aos do leite.

Quando chega à mesa, o camarão inverte assim a má fama de “lixeiro do mar” e torna-se num verdadeiro tesouro nutricional se assim o soubermos aproveitar. Vai uma grande diferença entre a sua apresentação num cocktail pejado de maionese ou escondido no meio de um rissol e a sua gloriosa aparição numa açorda ou arrozada ou até salteado com outros “super-alimentos”, como o azeite, o alho e os coentros.

*Assistente Convidado da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
pedrocarvalho@fcna.up.pt