Quando chegam os santos populares, o manjerico é o ambientador natural de mesas já de si bem perfumadas pela sardinha assada ou pelo caldo verde. Já utilizar o manjerico como erva aromática nunca foi propriamente um hábito, não porque viesse mal ao mundo de tal prática, mas sim pela presença do seu “big brother” manjericão. Sendo ambos da mesma família e género, o manjericão sempre viu a sua componente culinária sobrepor-se à ornamental não por um aroma mais forte mas pela maior tenrura das suas folhas.

O início da história do seu cultivo passou pela Índia, Egipto e Grécia mas o manjericão teve de chegar a Itália, mais propriamente a Génova, para se tornar mundialmente famoso ao ser o ingrediente fulcral no pesto alla Genovese. A sua forte associação a pastas e risottos não nos impediu de lhe darmos o nosso toque pessoal incorporando-o no bacalhau e batata assada ou fazendo uma deliciosa dupla com o tomate.

E como falar de ervas aromáticas é sinónimo de grande potencial antioxidante, o manjericão não escapa à regra - não chegando ainda assim aos calcanhares de outras ervas também “nossas” como o alecrim e os orégãos. No entanto, os óleos voláteis que dele emanam e que sempre nos evocam um arraial olfactivo, possuem um efeito anti-inflamatório e, como sempre nestas situações, retiram (ou pelo menos deviam retirar)  o sal da equação culinária. Para além disto, o manjericão, mesmo nas pequenas quantidades utilizadas, é uma boa fonte de cálcio, ferro, vitamina A e K depois de seco.

Os santos populares manter-se-ão (e muito bem) fiéis à sua saudável tradição onde o caldo verde e sardinha sempre serão alimento e o manjerico sempre será ornamento. Ainda assim, não será de todo descabido ver umas folhinhas do seu upgrade gastronómico perfumar a união da batata com azeite e o pimento.

*Professor Assistente Convidado da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
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