Adriano Miranda

S de Sardinha

A sardinha tem a sua rentrée na mesa dos portugueses aquando dos Santos Populares, sendo que é uma presença forte da nossa gastronomia na época balnear.

É de facto uma valiosa tradição do ponto de vista nutricional dado que a sardinha é dos alimentos mais completos que temos ao nosso dispor. A riqueza da sardinha em ácidos gordos ómega 3 é sem dúvida a sua imagem de marca, no entanto, muitos outros nutrimentos essenciais estão nela bem representados.

Apenas 100 gramas de sardinha satisfazem mais do dobro das nossas necessidades diárias em vitamina D e vitamina B12 e têm mais de metade da quantidade de cálcio existente no leite, por exemplo. No que diz respeito aos minerais, esta espécie bem portuguesa é uma excelente fonte de zinco e ferro, nutrientes sempre muito associados à carne, mas que têm na sardinha uma excelente aliada.

Tal como acontece com todos os peixes gordos, a quantidade de gordura na sardinha é muito variável consoante a época do ano. Os valores mais elevados encontram-se nos meses de Setembro e Outubro ao passo que os valores mais baixos ocorrem por altura de Março e Abril. Neste contexto, a chegada do Verão apresenta-se como um cenário de boas vindas à qualidade organoléptica da sardinha, sendo que para além de mais sabor este acréscimo de gordura transporta consigo uma melhoria dos seus efeitos para a saúde.

Desde os tempos ancestrais que se sabe dos efeitos benéficos do óleo de peixe para a saúde (com a ingestão do óleo de fígado de bacalhau, por exemplo). Apesar dos ómega 3 estarem sempre muito associados à diminuição dos níveis de colesterol plasmático, o certo é que a evidência científica não é muito clara a esse respeito. Todavia, a melhoria da saúde cardiovascular é um dado comprovado pelos seus efeitos antiarrítmicos e antitrombóticos tal como pela sua capacidade de diminuição da pressão arterial e dos níveis de triglicerídeos.

Assim, para além de um papel fundamental ao nível da saúde óssea devido à riqueza em cálcio e vitamina D, e de possuir proteínas de elevado valor biológico, as sardinhas são um alimento autenticamente amigo do coração, quer devido aos efeitos dos ómega 3, quer pela riqueza em vitamina B12 essencial à redução do risco de doenças cardiovasculares.

Professor Assistente Convidado da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
pedrocarvalho@fcna.up.pt