Foi no dia em que cinco banhistas foram picados por peixes-aranha que decidi comprar sapatos de praia. Era um mundo que eu desconhecia completamente. A Maria João já tinha sido picada pelo dito meliante que este ano tem aparecido em fartura nas praias, quase sempre quando está maré-baixa. 

É impossível detectá-los. A picada dói imenso e a melhor cura é mergulhar o pé ou a mão na água mais quente que se conseguir aguentar durante um mínimo de 30 minutos e um tempo ideal de 90 minutos. O veneno é um tipo de proteína que começa a desfazer-se com temperaturas acima dos 40 graus centígrados. 

O melhor é investigar antes de ir à praia. A Internet está cheia de soluções, incluindo a aproximação de um cigarro bem aceso (na sempre útil e divertida pesqueiro.pt). É o calor que desactiva o veneno. Pode não ser preciso escaldar o pé inteiro. O único site em que confio cegamente é o do sistema nacional de saúde do Reino Unido: www.nhs.uk. Peixe-aranha em inglês é “weever fish”.

Com o terror de ser picado comecei por comprar umas barbatanas de mergulho da Cressi, uma excelente companhia italiana fundada em Génova, em 1946. Como eram muito compridas é preciso andar em marcha-atrás o que não só é ridículo e cansativo como perigoso. Estive muitas vezes à beira de dar um tombo, correndo o risco de me espalhar ao comprido e ser picado num número inimaginável de locais.

O que eu deveria ter comprado era umas barbatanas de natação, também da Cressi. Mas as barbatanas ficam para outra crónica que esta é sobre calçado de praia. 

Tive depois a sorte de encontrar umas sandálias de praia italianas, feitas de plástico transparente, com fivela e tudo. São o mesmo modelo que se usava nas praias nos anos 50 e 60. Cada par custou 7 euros (procure nas drogarias ou nas lojas mais antigas) e, para além de bonitas, são tão confortáveis que nos esquecemos de descalçá-las depois de nadar.

Em vez de me contentar com elas tive de ir à Internet ver quais eram as versões modernas dessas sandálias. E encontrei, na Amazon.co.uk as water swimming beach shoes da Cressi. Cada par custou-me 13,95 libras. Dois pares custaram-me, com os portes, 44 euros.

Segundo as contas da Amazon 76% destes sapatos cabem nos pés do comprador. Ou seja 1 em cada 4 pares não serve. Foi o que aconteceu comigo. O meu par não me servia. Mas o par da Maria João serviu-lhe perfeitamente. São sapatos elegantíssimos, ainda mais confortáveis e levezinhos do que as sandálias, são excelentes para nadar (foram concebidos para isso) e protegem os pés dos peixes-aranha, pedrinhas, conchas, ouriços e tudo. A Maria João, que é muito esquisita, diz que a sensação é como estar descalça. E, como antigamente se dizia em português de sapataria, fazem um pezinho muito bonito. 

Telefonei para o importador português da Cressi – Álvaro Almeida & Vila Real Lda – e disseram-me que aqui em Portugal vendem esses mesmos sapatos por 11 euros. Metade do que eu paguei e com 100 por cento de hipótese de servirem, já que os pode experimentar nas lojas onde se vendem.

Como o website da empresa (aquasport.pt) está desactualizado, o melhor é telefonar directamente para o importador e perguntar onde há uma loja perto de si onde pode comprar ou encomendar os sapatos. Caso more em Lisboa fique sabendo que a filial em Algés que se indica no site já não existe. O melhor que tem de fazer é ir ao magnífico site da empresa: cressi.com.

Nas lojas de praia há uns ditos sapatos do mar, de marcas chinesas com nomes parecidos com marcas conhecidas (nós inspeccionámos uns da marca Noke) que custam quase 20 euros. São de nylon e não deixam entrar a água, o que é horrível e dificulta a natação. São de cores berrantes. Os da Cressi, transparentes ou azuis-claros, têm centenas de furinhos para se sentir a água.


Importador da Cressi Sub:
Álvaro Almeida & Vila Real, Lda
Rua do Regadio 3
4450-099 Matosinhos
Tel: 229 544 454 ou 229 380 168 (ambos funcionam)