- Sala de refeições. DR
- Hall de entrada. DR
- Entrada para a zona de refeições. DR
- Devil Suite DR
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- Heaven Suite DR
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- Corinne Henriksson DR
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- Sala de refeições. DR
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Decoração
Corinne Henriksson: a "hairstylist" que deu um novo corte ao Hotel Inglaterra
Os manequins são o detalhe distintivo da nova decoração do icónico hotel do Estoril.
Um amigo em comum e uma festa de aniversário na Suécia juntaram Corinne Henriksson e o dono do Hotel Inglaterra, que convidou a hairstylist sueca em Janeiro deste ano a dar uma nova cara ao interior do estabelecimento. A intervenção começou nesse mês e durou até meados de Abril.
O Hotel Inglaterra no Estoril abriu portas em 1941 e, antes disso, o local tinha sido uma casa de família. Aquele que era o Palacete de Alexandre Nunes de Sequeira, projectado em 1919 pelo arquitecto António Rodrigues da Silva Júnior, transforma-se mais tarde no Hotel Inglaterra. Ao longo de vários anos desde a sua abertura, o hotel foi sendo alvo de intervenções arquitectónicas e melhoramentos, acrescentando pisos ao edifício original, incluindo a construção da piscina nos anos 60.
Hoje, o Hotel Inglaterra mantém-se incólume no que diz respeito à arquitectura original, apesar das constantes intervenções ao longo do tempo. Em 2006, ganhou novo dono e o seu interior, muito velho na altura, foi totalmente renovado. Dez anos depois, Corinne Henrikson foi convidada a intervir e a dar um novo aspecto através de uma mudança de decoração deste icónico hotel do Estoril.
O hall de entrada dá, desde logo, algumas dicas a quem quer que ali entre sobre a decoração dos restantes espaços do hotel. Ao fundo, de frente para a recepção, três saias tutu servem de candeeiros dispostos a diferentes alturas sobre uma mesa de vidro de onde – dos vasos dourados que estão sobre ela – saem plumas cor-de-rosa. Os sofás de veludo cinzento, os pássaros e flamingos de decoração e o busto de uma mulher são o ponto de partida para o estilo irreverente que Corinne Henriksson imprimiu neste espaço.
As saias tutu que são candeeiros e os manequins vestidos com trajes de época são a grande atracção da nova decoração do Hotel Inglaterra. A inspiração óbvia na Belle Époque transporta-nos para um estilo mais delicado, romântico e, simultaneamente, a lembrar o burlesco.
“É um edifício com traços típicos do estilo Belle Époque e eu quis manter um pouco disso, mas ao mesmo tempo criar um contraste entre uma decoração mais contemporânea e a antiga”, explica Corinne ao Life&Style.
A hairstylist não esconde a sua paixão por hotéis, visto que desde sempre foi hábito seu sair para lounges de hotel na Suécia e, quando viajava, uma das coisas que mais a fascinava era o local onde ficava hospedada. “Pensei ‘meu Deus, isto tem tanto potencial!’ e comecei logo a magicar ideias para uma intervenção, porque era um espaço lindo e estava mal aproveitado”, diz-nos a sueca acerca da reacção que teve quando viu o Hotel Inglaterra pela primeira vez.
Com uma carreira sólida na área do hairstyling, Corinne começou por ser cabeleireira, mas problemas nos ombros resultantes do esforço e do trabalho intensivo que tinha levaram-na a deixar a profissão. Corinne conta que foi quando o irmão lhe pediu para lhe cortar o cabelo que, depois de o ter feito, começou a pensar se aquilo não era algo a que ela gostaria de se dedicar. Depois, esteve em formação durante algum tempo para perceber se era o mundo dos cabelos a sua paixão.
A própria diz vir de uma família de empreendedores e que estar parada não é uma opção para a sua vida. “Sou muito criativa, acho que apanhei isso da minha família mesmo. Como não sabia bem o que queria depois da formação decidi experimentar um pouco de tudo”. E, efectivamente, durante dois anos Corinne não teve mãos a medir: foi para França estudar francês; trabalhou numa loja e num bar; foi para a Noruega com amigas trabalhar num restaurante para ganhar dinheiro; e, quando regressou a casa, tinha a porta aberta para iniciar a sua carreira.
“Recebi uma chamada de um rapaz que ia abrir um cabeleireiro do Toni&Guy, que me convidou a fazer um teste de corte. Ele gostou e depois disso foi o grande salto na minha carreira”, revala a hairstylist. Foi para uma academia em Londres onde fez mais uma formação intensiva de dois meses e acompanhou a pessoa que lhe fez o convite na abertura de um cabeleireiro em Oslo. Esta sua jornada não foi longa: os problemas de saúde começaram e Corinne decidiu dedicar-se ao hairstyling.
A força de vontade e a necessidade de fazer algo em prol de si mesma levaram Corinne Henriksson a colaborar com revistas como a Elle ou a Vogue, na produção de alguns editoriais. Mas isto não a contentou. Criou a sua marca de acessórios de cabelo, abriu salões em nome próprio e trouxe à luz do dia a sua própria revista – a Look Magazine. “Sempre trabalhei com grandes publicações, mas ter a minha revista dá-me outra liberdade. Eu escolho quem quer trabalhar comigo, quando e no que vamos trabalhar. Tenho noção que aquilo que construí até hoje deve-se ao facto de no passado eu ter experienciado tantas outras coisas”, analisa a sueca em conversa com o Life&Style.
Apesar de não ser decoradora de profissão, há muito que se preocupa com a estética dos espaços. “Abri salões em três cidades diferentes e estive encarregue de decorá-los e escolher tudo o que ia existir ali. Foi aí que começou o bichinho da decoração…”, confessa Corinne ao Life&Style.
Quando se caminha pelos corredores do hotel, há marcas da nova decoração por todo o lado. A alcatifa de todo o estabelecimento hoteleiro foi mudada, assim como os espaços comuns completamente renovados. Os quartos mantiveram o mobiliário, mas Corinne não deixou de dar o seu toque com detalhes dentro do estilo que usou no resto do hotel.
A sua experiência em grandes produções para a Elle, Vogue ou a sua própria revista conduziram-na para o mundo da moda, onde o hairstyling é um detalhe fundamental. E Corinne não se conseguiu desligar esses aspectos ligados à indústria da moda na decoração dos espaços comuns (sobretudo). O exemplo claro disso são os manequins que estão por toda a parte. Ora sentados à mesa da sala de refeições, ora no sofá da entrada ou na esquina do corredor que dá para a rua.
É impossível agradar a toda a gente, diz-nos Corinne relativamente à decoração. “Tivemos muitas reacções, na verdade. Umas boas, outras más. Mas é muito interessante ver o impacto que os manequins causam, por exemplo. Ninguém está à espera de tomar o pequeno-almoço com um manequim, ou sentar-se num sofá ao lado de um manequim”, afirma a hairstylist.
A inspiração desta sueca multifacetada vem de muitos sítios, mas sobretudo das viagens que faz e do que vê por lá. Aliás, muitos dos detalhes usados no hotel Corinne trouxe-os de outros locais, nunca excluindo peças raras que encontra no e-bay (por exemplo, as asas brancas colocadas numa das janelas da escadaria e de onde a luz passa de forma angelical).
Os chapéus e botas trazidos de uma loja vintage da Suécia; as sapatilhas decorativas penduradas por todo o lado no ginásio; os quadros da sala de reuniões com imagens de produções fotográficas da revista de Corinne; os livros de moda espalhados pela mesa do hall – isto tudo porque, afinal, todos os detalhes contam.
No Hotel Inglaterra pode ir-se ao Céu ou ao Inferno, dependendo da suite escolhida. Todos os pisos têm uma suite e a hairstylist quis dedicar especial atenção a este tipo de espaço que diz ser “especial”. A Devil ou a Heaven Suites são as duas que se destacam pelo contraste óbvio entre o preto e o branco, respectivamente utilizados de uma forma quase integral.
Contudo, neste hotel não foi apenas a decoração que mudou, toda a envolvente foi ajustada. “Tivemos que mudar os uniformes, o próprio menu, a música, tudo tem de estar em harmonia com a decoração que se escolhe, caso contrário não faria sentido, pois tudo isto é uma experiencia visual e sensorial”, nota Corinne.
A hairstylist é apologista da mudança, admite que ela mesma não consegue deixar as coisas estagnar. “É importante estar constantemente em actualização, renovar as coisas. O facto de ter acabado de decorar algo não quer dizer que não possa mover os objectos de sítio. Tudo está em desenvolvimento, nunca pára…”, confessa-nos, enquanto ajeita as vestes suecas de um dos manequins espalhados pelo hotel.
Quando se sai de todo aquele ambiente burlesco para o recinto exterior do hotel não há vestígios de manequins nem de plumas. Contudo, não é desta que o hotel está livre deste toque distintivo da haistylist. Corinne diz que planeia colocar manequins num dos varandins principais e outro a simular um mergulho na piscina. É o detalhe de que mais se orgulha da sua intervenção no hotel.
A irreverência e excentricidade não acabam ali. Junto às espreguiçadeiras está um Fiat 126, coisa que Corinne diz ter sido aleatória mas que tem tido uma boa receptividade por parte dos hóspedes.
A sueca admite que antes de ter sido convidada para este trabalho o target do hotel era, devido à carga histórica do local, mais envelhecido. Esta nova decoração tem em vista alterar essa realidade e, de certa forma, cativar clientes mais jovens.
De cara lavada e para comemorar a nova decoração e o Verão que se avizinha, o Hotel Inglaterra vai realizar festas sunset todos os meses de Junho a Agosto. A primeira é já no dia 30 de Junho com a presença da DJ Sofia Gião, às 18h.
Texto editado por Hugo Torres