• Em 2006
    Em 2006 REUTERS/Chris Pizzello
  • Em 1986 num concerto em França
    Em 1986 num concerto em França AFP PHOTO / PASCAL GEORGE
  • Em 1994 no Mónaco
    Em 1994 no Mónaco AFP PHOTO / Patrick HERTZOG
  • Em 1998 num concerto em Paris
    Em 1998 num concerto em Paris AFP PHOTO / Bertrand GUAY
  • Em 2004 num concerto no intervalo do Super Bowl, com um lenço na cabeça
    Em 2004 num concerto no intervalo do Super Bowl, com um lenço na cabeça REUTERS/Marc Serota
  • Em 2009 durante uma gala no Teatro Apollo
    Em 2009 durante uma gala no Teatro Apollo REUTERS/Lucas Jackson
  • Em 2013 nos prémiosGrammy
    Em 2013 nos prémiosGrammy AFP PHOTO / KEVORK DJANSEZIAN
  • Em 2010 com um fato que lembra os de James Brown
    Em 2010 com um fato que lembra os de James Brown REUTERS/Jumana El-Heloueh
  • Em 2015 durante a cerimónia dos prémios de música norte-americanos
    Em 2015 durante a cerimónia dos prémios de música norte-americanos AFP PHOTO / GETTY IMAGES

Estilo

Prince quebrou todas as regras da moda, e isso só lhe ficou bem

Já houve, alguma vez, um performer masculino mais apaixonado por folhos – ou renda e veludo – do que o Prince?

Já houve, alguma vez, um performer masculino mais apaixonado por folhos – ou renda e veludo – do que o Prince?

Ele usava tudo linda, sedutora e poderosamente. Com as suas camisolas com franzidos e fatos de veludo, os seus brocados e as sedas, Prince brincava com os estereótipos de género e levava-nos a reconsiderar a relação com a nossa própria sexualidade. Ele utilizou a moda como um afrodisíaco. Primeiro os preliminares e o brilho após – e o meio divinamente suado.

Prince pegou num único tom real e tornou-o seu. Vestiu-se de purpúra e nunca a tirou. Quando envergava a cor, esta tornava-se complicada, sexy e misteriosa. Era só uma cor, claro, mas ele impregnou-a de emoção. As suas emoções.

Vestida por Prince, a cor tornou-se uma espécie de lamento sentimental. Na moda, o seu uso era íntimo e pessoal. Prince não era movido por marcas ou tendências, não era conhecido por usar as roupas de um designer em particular – embora uma vez tenha actuado num comprido e espectacular concerto depois de um desfile da Versace que deixou o público da moda sem fôlego. Para ele, as roupas não eram uma fonte de estatuto ou relevância, mas a sua expressão criativa única, a sua interpretação cool, impressionista e multifacetada da masculinidade.

Prince cruzou a fronteira entre masculinidade e feminilidade ao recusar estar amarrado a noções tradicionais sobre o que era apropriado para mulheres e o que era correcto para os homens usarem – sobre o que era aceitável de forma educada. Ele utilizava fitas na cabeça, lenços e todo o tipos de velharias, mas nunca fingiu ser tímido nem inseguro. À sua maneira, Prince nunca existiu numa zona cinzenta andrógina.

Ele declarou – tanto no palco como fora dele – que um homem merece envolver-se em cetim e veludo porque ganhou esse direito, porque lhe ficava bem e porque tinha quase a certeza de que as mulheres gostavam de o ver assim também. Não havia nada auto-consciente ou constrangedor sobre o seu estilo. Era transgressor? Sim. Mas ele fazia-o parecer simples.

As roupas eram dele. A sua escolha. O seu estilo. Unicamente dele. Ele não parecia procurar o seu lugar na moda. Não, desde o início, com a sua gabardine, badana e cuecas na capa de Dirty Mind, com a sua camisa de colarinhos, lenço e alfinete em Controversy e assim por diante, ele parecia muito certo da sua persona pública e deleitava-se com isso.

Usava saltos. Saltos altos. E sim, esses faziam recair as atenções para a sua estatura pequena, mas ele também tinha noção de que os saltos mudavam a postura de quem os utiliza. Fazem o rabo mais proeminente. E há muitos anos, nos tempos das pantalonas, calções até ao joelho e Luis XIV, os homens utilizavam saltos – especialmente os aristocráticos. E não era um homem chamado Prince Rogers Nelson merecedor de um floreio nobre?

Prince transpirava um machismo emotivo, assertivo e old school. Ele era pura testosterona vertida em macacões à boca de sino, fatos de veludo e calças sem a parte de trás. Alguns deles eram inegavelmente máscaras – uma forma de ousar. Afinal, é preciso uma alma corajosa para pôr as nádegas à mostra – independentemente de quão magnífico poderia ser.

Mas outras roupas, como os fatos elegantes de alfaiate, por exemplo – que poderiam ser vestidas com uma camisa justa ou um lenço fluido – que demonstram um estilo confiante e aperaltado, lembrando antecessores como James Brown ou Jackie Wilson, performers que sabiam que a beleza das suas roupas fazia parte da sua confiança inabalável e, por extensão, do seu magnetismo. Como diz Bruno Mars – que tem uma dívida para com Prince no que ao estilo diz respeito – Gotta kiss myself, I’m so pretty ("Tenho de me beijar, sou tão lindo", em tradução livre).

Prince era bonito – com os caracóis penteados, o seu magnífico afro. Ele não era um performer que vestia as roupas como uma armadura, nem se escondia por detrás delas. Em vez disso, não importa se estava com uma camisa em chiffon, um blusão de franjas ou uma sobrecasaca púrpura metálica, ele estava despojado. Ele expandiu a linguagem do vestuário masculino. Ele não precisava de ser estóico, viril ou boho. Um homem pode ser atrevido, bonito e divino.