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Jardinagem

Poinsétia, a estrela de Natal

Aproxima-se a época natalícia. As montras, as promoções comerciais, a decoração do espaço público e privado, não deixam dúvidas. E, para além das árvores de Natal, há uma planta ornamental que se tornou incontornável nesta época: a poinsétia.

A poinsétia, ou estrela-do-natal, já começa a colorir o nosso ambiente com as suas brácteas encarnadas, as mais comuns. Podemos vê-las nas floreiras dos centros comerciais e em vasos nas montras, nos escritórios e nas habitações. Está à venda em todos os hortos. Tornou-se na flor de Natal por excelência, marcando no calendário das plantas ornamentais simbólicas a passagem do dia de Todos-os-Santos, dominada pelo crisântemo, para as festividades natalícias.

Do México para a Europa
A poinsétia (Euphorbia pulcherrima) pertence à família das Euforbiáceas, um agrupamento de plantas tolerantes à secura e ao calor. Originária do Sul do México, esta Euphorbia já era utilizada como ornamental pela civilização asteca e a sua associação ao Natal vem de longe. Já no século XVII os franciscanos de Taxco no México a utilizavam nas procissões natalícias. O primeiro embaixador americano no México (1825) enviou a planta para os Estados Unidos, onde se desenvolveu como uma importante planta envasada decorativa associada ao Inverno e que é hoje comum em todo o mundo ocidental. Desta história ficou o nome comum inglês de poinsettia, pois o referido embaixador chamava-se Joel Poinsett. O nome comercial foi depois aportuguesado para poinsétia quando a planta se tornou popular no nosso mercado.

A botânica da beleza colorida
Mesmo o observador pouco atento nota a semelhança da forma entre as folhas verdes e as brácteas petaloides da poinsétia. As brácteas são folhas modificadas que, nesta espécie, desenvolvem cor encarnada, rosa, branca ou diversos padrões variegados. As verdadeiras flores desenvolvem-se em pequenas estruturas tubulares designadas por ciatos, um tipo de inflorescência característico do género Euphorbia.

As coloridas brácteas petaloides desenvolvem-se ao mesmo tempo que as flores verdadeiras. Mas como não são pétalas permanecem na planta muito tempo, o que torna a poinsétia uma planta decorativa de longa duração para toda a época natalícia. Nalgumas cultivares os ciatos podem mesmo cair rapidamente e não permanecer muito tempo na planta.

A memória das origens 
As poinsétias são intensamente melhoradas desde o final do século XIX e as cultivares de hoje são mais adaptáveis do que os seus antepassados silvestres. Aliás, os profissionais escolhem as cultivares em função das suas características, que podem sair do leque de exigências aqui indicadas. A espécie, porém, mantém a memória das suas condições de origem no comportamento geral das suas cultivares.

Proveniente de uma região onde as temperaturas se mantêm acima dos 17ºC, a poinsétia é, ainda hoje, uma planta sensível ao frio. No nosso Inverno tem de estar em ambientes interiores onde a temperatura nunca seja inferior a 12ºC e sente-se melhor quando a temperatura está entre os 20 e 25ºC. 

Na sua região de origem, ao contrário do que se passa no nosso clima, a época seca decorre no Outono, Inverno e Primavera. As poinsétias desenvolvem as brácteas coloridas em condições de dias curtos, ou seja, quando a duração da noite ou do período ininterrupto sem luz ultrapassa as 12 horas. Em condições naturais, este período começa no final de Setembro e as brácteas estão em todo o seu esplendor em Novembro e Dezembro. Dias curtos não significa falta de luz durante o dia: a poinsétia é exigente em intensidade luminosa.

Comprar e cuidar das poinsétias
As poinsétias compram-se com as brácteas coloridas. O produtor escolheu as cultivares adequadas ao fotoperíodo da região de produção para colocar no mercado as plantas na época natalícia. Um bom produtor deverá também ter aclimatado as plantas antes de as expedir. Esta etapa é muito importante para facilitar a transição das plantas das estufas de produção, com elevada luminosidade e nutrição abundante necessárias ao crescimento, para as condições de interior com menos luz, onde a planta tem menor necessidade de água e de nutrientes. Plantas bem aclimatadas têm folhas maiores e de tonalidade verde mais escuro do que plantas mal aclimatadas.

Independentemente do tamanho que pretende, escolha vasos com plantas compactas e bem ramificadas, sem folhas amareladas ou partidas. Verifique se as possíveis folhas amareladas foram removidas para melhorar o aspecto, pois estas plantas terão uma longevidade mais reduzida. Verifique se o sistema radicular está bem desenvolvido e as extremidades das raízes são brancas.

Mantenha as poinsétias numa zona da casa exposta ao sol ou à meia-luz, sempre com abundância de luz, com uma temperatura intermédia (15 a 25ºC) e uma humidade relativa normal. 

O substrato deve ser poroso, muito bem drenado e arejado. A rega da poinsétia depende do tipo de contentor, substrato, tamanho da planta e ambiente em que está colocada. Para melhores resultados, oriente-se pela seguinte regra: regue abundantemente o contentor e deixe secar entre regas. Ao contrário de outras plantas de interior, evitar manter o teor de humidade constante no substrato. E nunca deixe o substrato saturado.

E no ano seguinte?
Uma poinsétia decorativa bem escolhida num bom fornecedor deverá durar toda época festiva, apenas com a rega necessária e feita de acordo a regra acima indicada. Os vasos não devem ser fertilizados pelo utilizador para não estimular o crescimento da planta.

Mas o utilizador com um “dedo verde” pode manter as poinsétias depois da época festiva. As plantas voltarão a desenvolver as brácteas coloridas mas podem precisar de uma ajuda para atingirem toda a sua beleza. Em Fevereiro corte as hastes que tinham flores, deixando duas a três folhas verdes na base. Esta operação promove nova rebentação e renovação da planta. Agora as plantas necessitam de crescer e não apenas de se manterem bonitas. Coloque-as junto a uma janela bem iluminada e a temperatura de 15 a 25ºC. Adube ligeiramente de duas em duas semanas. A partir do final de Setembro, coloque os vasos completamente às escuras após as 17h e volte a removê-las para a luz na manhã seguinte. Embora muitas cultivares modernas não necessitem de tantas horas, garantirá um bom desenvolvimento das brácteas com 12 horas de escuridão. Não se esqueça de que são plantas de dias curtos (ou noites longas) e que a poluição luminosa durante o período de escuridão dificulta ou impede a floração e a diferenciação das brácteas.

Associação Portuguesa de Horticultura