Desfile de Carlos Gil
Desfile de Carlos Gil DR

Portugal Fashion

A moda portuguesa foi pela primeira vez a Milão

Miguel Vieira e Carlos Gil apresentaram-se domingo numa passerelle paralela à semana de moda de Milão – um desfile com um toque de minimalismo e arte.

O design, a qualidade das matérias-primas e o conforto de uma peça são as principais características que um designer de moda procura ao criar uma colecção de raiz – e aquelas com que Miguel Vieira e Carlos Gil dialogam diariamente e quiseram mostrar na sala de eventos The Mall, no centro de Milão, este domingo, num calendário de eventos paralelo à Milano Moda Donna, organizado pela Camera Nazionale della Moda Italiana e com o apoio do Portugal Fashion.

É em Itália, onde as conceituadas casas de moda Armani, Prada, Gucci, Fendi ou Versace se apresentam semestralmente no calendário oficial da semana de moda de Milão, que estão localizadas algumas das principais fábricas de tecidos, galerias comerciais, showrooms. “Isto é moda, nas ruas é moda, em todo o lado é moda”, atesta Carlos Gil sobre a cidade que tem o seu próprio quarteirão dedicado à moda (Quadrilatero della moda) mas que nunca tinha estendido a sua passerelle a nomes estrangeiros.

A colecção Primavera/Verão 2016 do criador que visita “regularmente” Milão identifica-se com a própria dinâmica da cidade. The New Sartorial “mantém a pureza e a perfeição do corte de alfaiate mas reinventa-o com a criação de peças que vivem da diferença”. Elementos como o glitter e as lantejoulas estão sobrepostos sobre camisas brancas, há saias rodadas ou calças subidas, fluidas, com coletes em tons de laranja, azuis e branco. É uma colecção “casual mas com muito glamour” que dá um ar natural mas vai buscar uma imagem mais retro” e que quer, essencialmente, “provar ao mundo que a costura também é arte”, descreve Carlos Gil, cujos principais clientes são portugueses ou árabes, onde a marca tem um posicionamento diferente. “Agora estamos a tentar conquistar este mercado”, diz em relação a Itália.

 “É uma semana de moda que eu sempre quis fazer. Identifico-me muito com os italianos”, reconhece também Miguel Vieira, presença assídua na Micam, a mais importante e conhecida feira de calçado que acontece no início de Setembro na mesma cidade italiana. Por isso, faz “todo o sentido” alargar a mostra nesta cidade também ao pronto-a-vestir, diz Vieira, que apresentou nessa feira o seu calçado masculino e feminino para a próxima estação, com resultados práticos “muito positivos” que superaram o Verão anterior. E se a nível de calçado os principais compradores são dos Estados Unidos, Dubai ou Colômbia, também em pronto-a-vestir 80% é exportado. “Somos muito conhecidos em Portugal e temos vários pontos de venda mas não abrem lojas multimarca todos os dias”, diz, o que impede uma presença maior em solo nacional.

As peças do designer “continuam a ser para mulheres elegantes e homens charmosos”, frisa, “mas sobretudo para pessoas que gostem do toque das matérias-primas”, acrescenta Miguel Vieira, muito ligado a casas italianas de tecidos, como a Loro Piana, Cerruti ou Zegna. Para a próxima estação quente, o branco é a cor base de Miguel Vieira, que se inspirou nos quadros do Mondrian e criou tecidos entrançados com preto e azul-cobalto a fazer lembrar os trabalhos mais famosos do pintor a partir de fitas – “um trabalho minucioso” em que o tecido para cada peça demora cerca de dois dias a fazer. “São linhas bastante minimalistas” em tops, calças e casacos estruturados, vestidos longos com forros de cor diferente e fatos para homem.

 O Portugal Fashion segue agora para Paris, onde Luís Buchinho e Diogo Miranda apresentam as suas propostas para a Primavera/Verão 2016 nos dias 2 e 3 de Outubro.

O PÚBLICO viajou a convite do Portugal Fashion