Entrevista
Hermés lança um MANifeste, um novo tempo para o homem na Internet
A Hermés, associada ao clássico, aos tempos mais demorados de feitura dos seus objectos mesmo num mundo acelerado lança esta terça-feira, 8 de Setembro, uma nova plataforma para homem na Internet.
Véronique Nichanian é directora artística da maison parisiense para o universo masculino e recebe-nos no seu gabinete luminoso no centro de Paris para falarmos de um MANifeste para homens – ou de novos homens?
Como é que uma marca de luxo como a Hermés, que tem uma relação tão tranquila com o tempo, com a manufactura e chegada das suas peças às mãos do seu cliente, lida com a velocidade a que o mundo, e o mundo da moda em particular, se move hoje?
A maison tem uma filosofia sobre o tempo… na Hermés temos um tempo diferente. O que hoje em dia, em que toda a gente conta e contabiliza tudo, é um grande luxo. Construir objectos, roupas e peças que duram no tempo. Não estamos [a viver no registo da] consumação, não compramos um produto e no fim deitamo-lo fora. Os meus dias são de loucura, como os de todos nós, corremos em todas as direcções, estamos em todo o lado e nos aparelhos portáteis. Podemos parar o tempo, o tempo de um encontro, tomar o nosso tempo. O MANifeste é isso. E inscreve-se na época, vivemos um ritmo profissional corrido e com os objectos Hermés, a patine de uma roupa, um desenho, inscrevemo-nos num tempo mais lento.
Identificaram assim a necessidade de uma porta de entrada para os homens no universo da Hermés?
É de facto uma questão de procura e desejo de falar aos homens que talvez não tenham o tempo ou tenham a timidez de vir às lojas, ou que não conheçam todo o universo Hermés. É um site que fala aos homens do conjunto do universo masculino – não só do pronto-a-vestir, mas também dos sapatos, malas, sedas, chapéus, perfumes. Quer dirigir-se ao universo masculino de forma transversal e também alegre e lúdica.
Para comprar ou também para entreter?
Temos nas lojas, nas revistas e na vida, sempre, as listas - como fazer, o que fazer. Pensámos que seria divertido oferecer contra-listas, listas completamente humorísticas. Para falar de sapatos falar-lhes de passos de dança, para falar de pronto-a-vestir explicar-lhes como construir castelos de areia… Fazer um twist nas coisas, com humor, com derrisão mas ao mesmo tempo tornando claro que falamos dos nossos objectos, de vestuário, de um produto.
O contacto directo, a proximidade, é importante para a ligação com o seu cliente masculino, mas ao mesmo tempo estão a favorecer a possibilidade de o fazer à distância. Porquê?
Actualmente, todos os clientes Hermés são pessoas curiosas, refinadas, que compreendem a diferença da marca – nas roupas, na filosofia do vestuário – e [esta] é uma forma de falar a mais pessoas. O MANifeste é um momento prático, de utilização, e na verdade é a forma como vivemos hoje – vemos as coisas nas lojas e depois compramo-las na Internet, mas também descobrimos coisas na Internet e vamos vê-las às lojas. É a vida, é a época. O presente.
O jogo, a ideia das listas – é apenas uma abordagem de vendas ou é mais do que isso?
De todo. Desde o início a Hermés é um pouco lúdica, um pouco drôle. A fantasia sempre esteve no seu ADN. É sempre uma abordagem de que gosto muito para homem, porque é uma forma de passar do sério, de ser demasiado terra a terra, a ver as coisas com humor. Sempre foi, desde há 25 anos, a forma como me dirijo aos homens. É legítimo continuar a fazê-lo com o MANifeste, nesse espírito, que é o espírito da Hermés Homme.
O PÚBLICO viajou a convite da Hermés