Aquilo que torna caras as canetas que custam mais de 200 euros não tem nada a ver com a qualidade do aparo ou a do sistema de entrega da tinta. O que se paga são os materiais do corpo da caneta, a raridade e o próprio preço.

Uma boa maneira de saber se está a ser enganado é olhar para o preço da esferográfica correspondente. A Montblanc faz boas canetas mas os preços são absurdos. É ridículo pagar 500 euros por uma Montblanc Meisterstuck de tinta permanente quando a esferográfica com o mesmo aspecto custa 400 euros.

Quem quiser uma boa caneta que dura toda a vida — e permite mudar os aparos quando quiser — compra uma Pelikan M200, com aparo banhado em ouro, por pouco mais do que 100 euros. Os aparos vendem-se separadamente por cerca de 35 euros cada um. É só desenroscá-los e substitui-los. Pode assim, com a mesma caneta, escrever com aparos extra-finos, finos, médios ou grossos, conforme lhe apetecer.

Mas hoje vou dedicar-me a mostrar que se consegue comprar uma excelente caneta de tinta permanente por menos de 25 euros. Vou falar daquelas que eu conheço melhor: as alemãs.

As maiores pechinchas que há são as canetas para crianças e principiantes. Desconfio até que os fabricantes devem reduzir muito a margem de lucro na esperança de cativar novos clientes com muitas décadas de vida (e de compras de canetas) à frente delas.

Os dois melhores e mais fiáveis fabricantes são a Pelikan e a Lamy. As canetas que fazem para crianças são excelentes. Parecem, exageradamente, canetas infantis, muito coloridas e extravagantes. A esperança dos gestores da Pelikan e da Lamy é que nós, adultos, tenhamos vergonha de sermos visto com aqueles objectos de cores aberrantes.

Vergonha é ser parvo e só um parvo não aproveita para comprar e usar estas magníficas canetas. As mais baratas da Pelikan são a Griffix Learnwriter (12 euros), a Twist (14 euros) e a Pelikano Junior (20 euros). Todas elas têm a grande vantagem de vir com aparo destro ou canhoto. A última é a única que se parece com uma caneta normal, vingando-se com as cores electrificantes e horrendas.

As canetas Lamy para crianças são igualmente excelentes. São feitas de madeira e têm, tal como as da Pelikan, autocolantes onde podemos escrever o nosso primeiro nome, que é para não se confundir com as canetas dos nossos coleguinhas. Custam, espectacularmente, 18 euros e pode escolher-se entre aparos destros e canhotos.

Se quiser uma caneta visivelmente adulta terá de pagar mais um bocadinho. A Schneider é muito boa e muito feia. Custa 21 euros. A Rotring Art Pen é muito gira, custa apenas 20 euros mas é terrivelmente inconsistente. Falha, salta, seca e dá cabo dos nervos.

Já comprei umas quarenta e só não me arrependi de uma, que era uma edição especial mas largava tinta como um choco.

A Kaweko Sport (20 euros) é perfeita e nunca falha. O único senão é não ter conversor para se poder usar tinta de frasco que sai muito mais barato. Para usar um conversor (o da Lamy, o Z24, custa 6 euros) o melhor é comprar uma Lamy Nexx (24 euros, com aparo destro ou canhoto) ou a indestrutível Lamy Safari (encontram-se a 18 euros). Com um conversor fica por 25 euros. Sem conversor será forçado a comprar os cartuchos especiais da Lamy: uma dor-de-cabeça.

A Lamy tem a vantagem de se poder mudar os aparos, que custam entre 6 e 9 euros. Caso queira chegar aos píncaros, um aparo de ouro 14k custa 80 euros. Mas aí já estamos a fazer batota.

N.B.

Online há muitas críticas de canetas mas infelizmente baseiam-se sempre em canetas “cedidas” por lojas online. Sem ironia, as lojas que emprestam ou dão canetas a bloggers são as melhores, mais entusiastas e mais económicas.

No entanto quando uma caneta (ou qualquer objecto) é oferecido a disposição crítica amolece sempre. Para sermos justos não há nada como ter gasto o nosso dinheiro a comprá-las. A nossa tolerância para os defeitos das canetas deixa de existir.

Todas as canetas de que falei foram compradas e usadas por mim ao longo dos anos.