Diz que é uma espécie de ioga de pernas para o ar. Ioga aéreo ou ioga suspenso. Chama-se, na verdade, AntiGravity e é a nova modalidade dos ginásios Holmes Place. Depois de terem virado meio mundo do avesso, as aulas chegam agora a Portugal sob o comando do seu fundador, o norte-americano Christopher Harrison. Desafiar a gravidade nunca foi tão fácil. Ou melhor, nunca pareceu tão fácil. Atreve-se a experimentar? “Lembre-se que todos os dias desafia a gravidade ao sair da cama.”
Quem o diz é Christopher Harrison, que esteve em Portugal no mês passado a apresentar a modalidade criada por si e que agora está disponível nos ginásios Holmes Place. É um exclusivo deste grupo e as aulas podem ser, para já, praticadas nos clubes de Miraflores, Cascais, Alvalade, Amoreiras, Parque das Nações, Braga, Coimbra, Boavista, Quinta da Fonte e Quinta da Beloura. Aproveitando a sua passagem por cá, fomos desafiados a praticar uma aula com Harrison e sem que tivéssemos tempo para pensar no que no estaríamos a meter já lá estávamos prontos a começar.
A verdade é que as muitas fotografias que já tínhamos visto despertavam a atenção. Tão bem que as pessoas ficam de pernas para o ar, penduradas apenas num pano. Tão leves que parecem! Claro que isto é tudo muito bonito quando vemos nos outros mas quando nos toca a nós parece sempre muito mais complicado. Bom, e até é. Mas não é só complicado para nós, é para todas as pessoas que víamos nas fotos.
É que a primeira coisa que percebemos ao começar a aula é que o que ali estamos a fazer é fitness. É dizer, ginástica, exercício, tonificação. AntiGravity é uma combinação disto tudo com algumas técnicas de ioga. Começamos, por exemplo, com uns exercícios de respiração. Apoiados no nosso pano – uma faixa de tecido de seda que ora aberta ora fechada é a base de toda a modalidade –, deixamo-nos ir para a frente e para trás. Inspira, expira ao mesmo tempo que balançamos. É incrível a quantidade de exercícios que um faixa de pano nos ajuda a fazer. Ora fazemos força com as pernas, ora com os braços. E aqui, ainda sem nos virarmos de cabeça para baixo, já pensamos que isto é mais difícil do que aquilo que estávamos à espera.
E verdade seja dita, a diversão começa realmente quando saltamos para o pano como se de um baloiço se tratasse. Ainda que todo o exercício físico se mantenha. Ansiámos pelo momento em que finalmente nos viraríamos de pernas para o ar. Mas eis que de repente, o medo chega. Como assim levantar as pernas e deixar cair a cabeça para o chão? Como é que isso se faz sem se bater exactamente com o nariz no chão? Ficarmos pendurados assim, só com o pano preso na cintura?
“Vá lá, força. Qualquer pessoa consegue fazer isto”, diz Christopher Harrison, depois de já se ter virado uma e duas vezes para demonstrar como o exercício é simples. “O truque é esquecer o medo”, continua. O medo, essa coisa capaz de nos imobilizar a não ser que atiremos de facto as pernas para o ar. “Uau, que lindo. Estão a ver como conseguiram?!”, entusiasma-se o norte-americano.
Sem nos apercebermos bem como tudo aconteceu, em meia dúzia de segundos trocámos as voltas à gravidade. Pernas em cima cruzadas, braços atrás das costas e corpo a balouçar. Há uma mulher-aranha em nós e não sabíamos. Ou até um vampiro. O que dizer daquele exercício em que começámos sentados, deitámo-nos de barriga para cima, levantámos as pernas e demos a volta para ficarmos completamente deitados de barriga para baixo?
Mas para quê tudo isto? Porque é esta modalidade melhor do que outras? “Para começar é muito mais divertida”, diz ao Life&Style Christopher Harrison, explicando que os movimentos acrobáticos aqui feitos “melhoram, por exemplo, a circulação”. “O estar de cabeça para baixo traz benefícios extra ao corpo.” O AntiGravity proporciona um treino que permite alongar e fortalecer os músculos sem sobrecarregar as articulações ou comprimir as vértebras, explica.
“Não é só bom para a saúde como é bom para confiança. Acabas uma aula a pensar: ‘Uau, eu fiz mesmo aquilo.’ E qualquer pessoa pode fazer estes exercícios”, continua Harrison, antigo ginasta e bailarino da Broadway. Passado que o inspirou a criar o AntiGravity: “Percebi numa altura que tudo o que fazia se tratava de lutar contra a gravidade”. “Quando brincas nos campos onde a gravidade e antigravidade convergem és capaz de descobrir o teu corpo e mente”, diz.
Antes de levar para o ginásio a técnica, Harrison começou por fundar, em 1991, uma companhia de espectáculos que se mantém até hoje. “O AntiGravity também pode ser entretenimento. Há muito tempo que faço performances aéreas para espectáculos específicos, como a gala de encerramento dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2002 ou uma entrega dos Grammys. E depois trabalho com artistas como a Pink ou Mariah Carey. Também elas fazem o AntiGravity”, conta, entusiasmado o norte-americano de 53 anos, explicando que muitos dos exercícios das aulas são aqueles usados também para entreter pessoas. “O meu trabalho é tornar o que parece impossível acessível a todos.”
“A verdade é que parece uma brincadeira e enquanto brincas nem te apercebes do exercício que estás a fazer com o teu corpo. E ao brincar estás na verdade a estimular as hormonas e a criatividade”, explica Harrison, fazendo questão de destacar a importância desta modalidade também para a mente. “Sempre que nos concentramos num ecrã (seja no telefone, computador ou televisão), a mente e o corpo estão desconectadas, não há uma ligação ali. Quando mexes o corpo estás a restabelecer essa ligação. É disso também que se tratam as aulas, ligar corpo e mente”, diz. “E quando fazemos isto, tornamo-nos mais conscientes, mais gentis e mais pacíficos.”
De notar que todas as aulas terminam com um momento de descanso, quase meditação, em que o pano não serve já para malabarismos mas sim para suportar o peso do corpo, qual cama-rede. Ali, de olhos fechados, ficamos a balouçar. “É bom ajudar as pessoas a tratar da sua saúde, da sua felicidade.”
Para começar, o especialista recomenda que se pratique AntiGravity três vezes por semana durante seis meses. É o tempo suficiente para perceber bem o corpo e adaptarmo-nos ao pano, que no início pode magoar e ser desconfortável. “Fá-lo até entenderes as técnicas, até perceberes o que estás a fazer, até teres criado uma maior mobilidade no teu corpo. Depois, encontra um equilíbrio.” E se por acaso até há outras modalidades que se gosta de praticar, Harrison diz para se continuar. “Façam o que gostam mas mantenham o corpo em movimento. Garantam apenas que pelo menos uma vez por semana fazem AntiGravity. O corpo precisa disso.”