- Gisele Bundchen para Colcci Ze Takahashi/FOTOSITE
- Gisele Bundchen para Colcci Nelson Almeida/AFP
- Gisele Bundchen para Colcci Paul Whitaker/REUTERS
- Colcci Ze Takahashi/FOTOSITE
- Colcci Ze Takahashi/FOTOSITE
- Gisele Bundchen com Adriana Zucco e Jeziel Moraes Ze Takahashi/FOTOSITE
- Pedro Lourenço Ze Takahashi/FOTOSITE
- Pedro Lourenço Ze Takahashi/FOTOSITE
- Pedro Lourenço Ze Takahashi/FOTOSITE
- Pedro Lourenço Ze Takahashi/FOTOSITE
- Pedro Lourenço Ze Takahashi/FOTOSITE
São Paulo Fashion Week
Gisele Bündchen não é top, nem super - é um verbo e um substantivo
Gisele Bündchen, a maior modelo e uma das mais rentáveis exportações do Brasil, voltou a casa para comemorar 20 anos de carreira.
As luzes apagam-se, mas não se apagam mesmo. Centenas de ecrãs e luzes brancas centelham com o seu brilho azul e polvilham uma plateia com pequenos flashes expectantes.
Como um concerto prestes a começar, as palmas saúdam quem vem aí mesmo antes de aparecer. E depois, os gritos. Gisele Bündchen, a maior modelo e uma das mais rentáveis exportações do Brasil, voltou a casa para comemorar 20 anos de carreira. Os outros manequins sucedem-se. Eles e elas andam, Gisele estrela – assim mesmo, substantivo e verbo num só corpo brasileiro.
A ocasião, a fechar a segunda noite da São Paulo Fashion Week, era um desfile da Colcci, a marca que regularmente a traz ao Brasil. Era de Outono/Inverno 2015, estações do hemisfério sul, e até tinha um tema, Street Style Celebration. Até tinha casacos para homem e mulher em tons outonais, os castanhos, os verdes, cinzentos e cor de vinho, e saias curtas para elas e mais descontração para eles. Havia mesmo outras dezenas de modelos, mas a sala de desfiles montada no Parque Cândido Portinari, numa São Paulo chuvosa e congestionada, tinha filas extra por Gisele. Do actor norte-americano Ashton Kutcher à também supermodelo brasileira Alessandra Ambrosio, a marca já trouxe muitos pesos pesados à passerelle da São Paulo Fashion Week. Mas as comemorações dos 20 anos do evento só podiam ter como convidada especial a modelo cuja carreira começou também há 20 anos e que foi das capas da revista juvenil Capricho ao topo da lista das modelos mais bem pagas do mundo por oito anos consecutivos segundo a revista económica Forbes.
Um curto vídeo de tributo à carreira da modelo que diz amar o seu país e o desfile começou com a ansiedade da plateia a culminar, dois looks depois numa passerelle cheia de gente, com uma espécie de ovação em pé. É que mesmo antes do agradecimento das designers da marca, com a modelo a entrelaçar Adriana Zucco e Jeziel Moraes, já toda a gente estava de pé, de telefone em riste e coração ao alto para saudar, uma vez mais, a maior embaixadora da moda brasileira. A sua corporização, Gisele Bündchen. Às vezes a comunicação de moda é assim, feita por fenómenos e não por desfiles.
E por vezes, como aconteceu nesta edição da São Paulo Fashion Week, fica tudo em família. Pedro Lourenço é outro fenómeno da moda brasileira, pelo talento precoce (mostrou uma colecção saudada na semana de moda de Paris com apenas 19 anos) e pelo facto de ser filho de dois designers históricos do país – Reinaldo Lourenço e Glória Coelho. E se Gisele terminou o dia como anfitriã de uma festa a abarrotar, Pedro abriu-o em registo de intimidade. Cerca de 250 pessoas num White Cube, galeria com o mesmo nome da londrina que representa a estrela da Young British Art e que até vai mostrar esta semana a obra do dito Damien Hirst, na Vila Mariana, para ver a sua mãe.
Ou melhor, para mostrar uma conjugação de padrões, volumes e texturas, das aplicações de brilhos às saias tulipa passando pelo neoprene, que nos leva para os anos 1980 e que, confirma o designer nos bastidores após o desfile, o é “mas construídos de uma forma moderna”. E sim, os crop-tops e os estampados animais, os sapatos com saltos de madeira sólidos e século XXI, as calças de cabedal desportivas, básicos comerciais dos dias que correm estavam em Tecnocouture. A peça essencial: a saia-túlipa. “A minha mãe vestia sempre uma simples saia-túlipa e um top. Estava pensando muito na minha mãe quando fiz esta colecção”, reconhece o jovem criador brasileiro, que acaba também de assinar uma colecção-cápsula de luxo desportivo com a Nike.
Seguiram-se-lhe o pai, com um desfile cheio de referências a Florença, à Renascença, com tecidos da histórica casa Liberty e muita solenidade na assistência, mas também a Pat’s Pat, linha que se quer jovem da veterana Patrícia Viera e autora de uma colecção grafitada e muito encenada, e as marcas Lolitta, Giuliana Romanno, além do masculino de João Pimenta.
A 38.ª edição da SPFW decorre até sexta-feira numa cidade onde até a chuva e Gisele Bündchen regressam após uma seca prolongada, porque há uma luz que nunca se apaga.
O PÚBLICO viajou a convite da Luminosidade/SPFW