Adriano Miranda

Alimentação Saudável

O que continha a maçã que a bruxa deu a trincar à Branca de Neve?

Nutricientistas é um projecto que transforma as crianças em verdadeiros exploradores. Numa viagem pelo mundo da nutrição e da ciência, têm a oportunidade de ser cientistas, explorar o mundo das histórias tradicionais e aprender mais sobre a alimentação saudável.

O que continha a maçã que a bruxa má deu a trincar à Branca de Neve? Como se fazem os rebuçados explosivos que a Rapunzel deu a todas as crianças do reino? O que deve ou não levar a Capuchinho Vermelho na sua cesta? Estas são algumas das perguntas para as quais os mais novos vão encontrar resposta nos workshops do NutriCientistas

Vanessa Costa, responsável pela iniciativa de educação alimentar e científica que funciona a partir dos tradicionais contos infantis, deu formação sobre higiene e segurança alimentar, a adultos, durante vários anos. Depois trabalhou na área da alimentação infantil e fez um mestrado em Ciências Gastronómicas. Juntou tudo, pegou nas histórias que conta aos filhos, reescreveu-as, colocou os conceitos que queria ensinar aos mais pequenos e adaptou o discurso. As lacunas existentes na alimentação das crianças foram “a cereja no topo do bolo” para avançar com o projecto, conta ao Life&Style.

Há nove histórias. A maioria é conhecida por todos, embora haja duas menos conhecidas – A Cesta da Dona Maricota, uma história brasileira adaptada, em verso, sobre uma avó que vai à feira e compra frutas e legumes e Clara, a menina das cores, sobre um planeta colorido, “cheio de alimentos mágicos e saudáveis”. Todas as outras fazem parte do universo infantil e em cada uma delas há conceitos e elementos diferentes.

A primeira a ser “testada” foi a história do Capuchinho Vermelho e tem quatro experiências. “É uma história que fala bastante sobre alimentos e eu centrei-me nisso, na parte das texturas e dos cinco sentidos”, explica. “De olhos fechados, [as crianças] têm de descobrir, através do toque, quais os alimentos que estão dentro de uma caixa. No final da história, fazemos a manteiga que a Capuchinho leva à avó para pôr nas torradas. E há também uma experiência de ciência em que se enche um balão sem soprar. Isto porque o lobo mau ficou doente depois de comer muitos doces e rebuçados e a barriga dele ficou tão inchada como um balão”, descreve Vanessa Costa. Da reacção química de dois produtos que libertam um gás, enche-se o balão e os miúdos ficam “fascinados”. 

“Todas as experiências de ciência que provocam espumas e fumo, ou as de gastronomia molecular em que modificamos a textura dos alimentos que conhecem – como transformar iogurte em bolinhas ou fazer esparguete de sumo – faz com que fiquem maravilhados”, orgulha-se a responsável.

O projecto tem pouco mais de um ano (nasceu em Junho de 2013) mas já alcançou dois dos objectivos da mentora: ser nomeado para os Nutrition Awards e transformar-se num workshop regular. “Há várias escolas que já optam por uma ou duas vezes por mês ou então uma vez por período. Assim conhecem todas as histórias e exploram todas as experiências possíveis”, diz Vanessa Costa.

Com resultados positivos até agora, há mais contos na manga. “Estou sempre a pensar em novas histórias e há sempre novas experiências a fervilhar na minha cabeça”, revela. Mas o mais gratificante para a nutricientista, são os comentários dos exploradores de palmo e meio, dos pais e professores e educadores de infância, no fim dos workshops.

Há desde crianças que dizem que “nunca mais comem chocolates para não ficarem com a barriga como a do lobo” até pais que agradecem e dizem que os filhos comem melhor em casa. A solução é “desmistificar certos alimentos. Por exemplo a cor verde dos vegetais”, acrescenta.

Com nove histórias e nove workshops, para crianças dos 2 aos 12 anos, Vanessa Costa vai a escolas, ludotecas e ATL’s da Grande Lisboa mas também participa em animação de festas de aniversário (4,50 euros por criança, mas pode variar em função do número total de crianças). Para ser um nutricientista, basta ser curioso, não ter medo de “pôr as mãos na massa”, e partir à descoberta. Cada actividade tem a duração de uma hora e meia.

Com Eduardo Pereira Batista